A Reunião

507 30 5
                                    

Ao fim do meu expediente, Gabriel apareceu no meu escritório para conversar comigo.

- Trabalhou muito hoje? - Deu um leve sorriso enquanto se aproximava da minha mesa.

- Um pouco. Organizei as coisas que precisavam e testei a plataforma para ver se tinha alguma vulnerabilidade... Aparentemente tudo certo por enquanto. - Sorri de volta.

- Ótimo... - Gabriel me observava atentamente com as suas mãos apoiadas na minha mesa enquanto eu arrumava minha bolsa para finalmente ir embora daquele lugar satânico - Bem, eu vim aqui só para avisar que terá uma reunião na minha casa, e a sua presença é especial. Não vou admitir um "não" como resposta.

- Claro. Apenas me passe o endereço. - Olhei-o atentamente.

- Já providenciei isso. É só conferir na sua caixa de e-mail. - Ele disse, e eu assenti - E mais uma coisa... - Gabriel disse antes de se retirar da sala - Amanhã você não vai trabalhar. Quero que amanhã seja um dia exclusivamente para mim.

- Mas e as... - Ele me interrompe.

- Secretárias? Não se preocupe, já contatei elas e já deixei avisado que eu permiti a sua falta. Agora vá para casa, está tarde. - Ele se retirou do meu escritório, mas eu continuei olhando atentamente para a porta.

Não sei... Mas é no mínimo estranho o meu chefe marcar uma reunião em sua própria casa, sendo que tem uma sala de reunião maior que o próprio prédio aqui na empresa.

Eu preferi fingir demência.

[...]

- Para onde vai, filha? - Minha mãe me observava, enquanto eu estava me arrumando loucamente para ir à reunião na casa do Gabriel.

Motivo da pressa? Ah... O motivo dessa pressa se chama "passar horas assistindo uma série muito interessante e acabar perdendo o horário no dia seguinte."

- Vou a uma reunião com o meu chefe. Não sei que horas volto, então não me espere. - Coloquei a alça da bolsa no ombro e saí correndo para entrar no carro que eu havia solicitado para que me levasse até lá.

Chegando no local - muitíssimo atrasada, diga-se de passagem - vejo que era realmente uma mansão, exatamente do jeito que eu havia imaginado.

- É aqui, senhora? - O motorista perguntou.

- Sim, sim. É aqui mesmo. - Sorri simpática, e logo efetuei o pagamento ao motorista.

Eu andava por aquele lugar enorme enquanto admirava a paisagem. Chegando em uma porta enorme, me deparo com um lugar maior ainda. Não tinha tantas mobílias, isso é claramente um mal de gente rica.

- Posso saber o porquê chegou atrasada, mocinha? - Uma voz atrás de mim sussurrou no meu ouvido.

- Ah, fala sério. Vai ser sempre isso? - Virei-me indignada, olhando no fundo dos olhos de Gabriel. Falei dessa forma, pois estava cansada dele aparecendo de surpresa o tempo inteiro, claramente tentando me seduzir.

- Mal chegou na praia e já quer deitar na areia desse jeito? Me respeite que eu ainda sou seu chefe. - Esbravejou - Anda, sente-se e me espere lá na sala de estar.

Depois do berro que Gabriel deu no meu ouvido, eu achei que seria melhor apenas sentar e esperar por ele, conforme ele pediu.

- Toma. - Ele chegou, me entregando uma taça de vinho.

- Não bebo bebida alcoólica. - Disse, em uma voz monótona.

- Hoje você vai. Estou mandando.

Eu não sei porquê, mas achei que deveria obedecer àquela ordem, então dei um gole da bebida.

- Por que me chamou aqui e, pior ainda, por quê só eu vim? - Olhava ao redor de sua casa.

- Porque os assuntos que eu preciso tratar são exclusiva e totalmente com você. Ninguém pode fazer o que eu preciso que você faça, por isso tem apenas você aqui.

- Hum, diga o que você quer. Já vou logo avisando que eu não aceito redução salarial.

- Não, não é isso. Eu preciso que você...

- Que eu...? - Forcei ele a dizer.

- Preciso que você invada o sistema de algumas pessoas. - Ele olhou diretamente nos meus olhos, e eu gelei.

- Q-que? - Meu rosto transparecia claro desespero, mesmo que eu não pudesse vê-lo em um espelho.

- Eu te pago o valor que você quiser. Não tenho ninguém de confiança para fazer isso, e eu estou me arriscando a confiar em você, afinal, você e eu acabamos de nos conhecer.

Eu lembrei de todas as vezes que eu disse que participaria de um esquema de corrupção, e acho que acabei atraindo isso para mim.

Maldita lei da atração.

- Eu não sei se conseguiria fazer isso... - Eu disse, hesitante.

- Eu sei que conseguiria. Veja... - Ele se aproximou mais do meu corpo, ajeitando-se no sofá e segurando no meu rosto, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha - Eu faço tudo que você quiser, tudo. Nesse momento, eu dependo de você e o meu futuro está na sua mão.

- Espera, deixa eu ver se eu entendi... - Tirei sua mão do meu rosto - Você se meteu em coisa errada e eu vou ter que salvar sua pele de ir para a cadeia? E, consequentemente, se tudo der errado, eu estaria indo para cadeia junto com você?

- Você acha que seria uma péssima experiência se fossemos presos juntos? - Sorriu de leve, colocando a mão na minha perna. Eu apenas foquei meu olhar para sua mão sem dizer uma única palavra. Ele entendeu o recado e retirou a mão.

- Se eu for presa, você vai falar com deus, com quem seja para me tirar de lá.

- Então isso é um sim?! - Levantou-se empolgado.

- É. - Respondi, entendida.

- Muito obrigado, eu sabia que poderia contar com você. - Deu um beijo no meu rosto e me sacudiu de felicidade.

- Tá, tá, já pode parar. - Gabriel enfim me soltou - Eu quero saber onde vão ficar os meus equipamentos.

- Eu já havia providenciado isso, e você terá um escritório exclusivamente para você, só que, dessa vez, dentro da minha casa. - Ele me puxou, levando-me em direção às escadas - Eu imaginei que seria perigoso te manter com tantas informações confidenciais dentro da empresa, então você vai trabalhar aqui agora. Só para mim. - Dizia em um tom levemente maléfico.

- Só para você... - Disse, enquanto admirava o local. Um escritório bem maior que o anterior.

Tudo Pelo Poder - Fanfic Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora