A Praia

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- Venha, quero te levar em um lugar especial. - Gabriel tinha dessas, de eternizar momentos. Eu achava isso lindo, nunca havia recebido esse tipo de tratamento anteriormente.

Ele me pegou pela mão rapidamente, indo até a mesa para pegar suas chaves do carro e adentramos o veículo.

- É muito longe? - Fiz biquinho, na tentativa de fazê-lo contar onde estávamos indo, mesmo sabendo que Gabriel é irredutível a contar segredos.

- Não adianta, mocinha, não vou contar onde é. - Sorriu de canto - Mas eu prometo que você vai gostar.

Em um certo momento do caminho, uma paisagem praiana começa a se revelar, e rapidamente fico empolgada.

- É aqui? - Digo, agindo como uma criança que acabou de receber um saco de doces.

- É aqui sim, minha pequena sereia. - Gabriel dirigia mais um pouco, até chegar em um lugar que aparentava ser uma espécie de estacionamento a céu aberto.

Gabriel saiu do carro, e logo faço o mesmo. Ele me esperou para que pudéssemos ir à praia de mãos dadas, e eu o olhava tão apaixonada. De fato, eu nunca havia sentido algo parecido do que eu sentia pelo Gabriel.

Era uma mistura de amor, raiva, tesão e uma sensação aventureira. Tudo aquilo floresceu a partir de ganância, crime e adrenalina. É como Britney Spears diria:

"Mãe, eu estou apaixonada por um criminoso."

- Sente-se. - Gabriel sentou na areia enquanto esperava que eu fizesse o mesmo.

A paisagem estava linda. Estava anoitecendo, o céu pintado em uma cor semelhante a violeta e um pouco de laranja. Parecia um cenário de filme, e talvez eu estivesse realmente vivendo um. Aqueles filmes clichês onde a moça se apaixona pelo cara criminoso que não podem ficar juntos.

Eu detestava clichê, mas viver um é completamente diferente de assistir.

- O que te faz ter tanta vontade de ter dinheiro e poder? - Olhei para Gabriel, e o mesmo observava atentamente as ondas do mar.

- O que me faz ter tanta vontade de ter dinheiro e poder... - Gabriel repetiu minhas palavras, e deu um suspiro calmo - Eu não tenho vontade de ter dinheiro e poder. Eu tenho vontade de mostrar que eu sou capaz de ter tudo que eu quiser.

- Você busca por aprovação alheia? - Voltei a minha atenção para o mar, enquanto brincava com a areia em meus pés.

- Não é aprovação alheia, e sim minha própria aprovação. Eu gosto da sensação de saber que eu posso ter, conquistar o que eu quiser. O dinheiro é a melhor forma que eu achei para me mostrar que, indiretamente, eu sou foda. - Disse convencido, e eu dei uma gargalhada.

- Você não é nem um pouco humilde. - Sorri fraco, e ele faz o mesmo.

- As pessoas costumam confundir amor próprio com falta de humildade. Se todas as pessoas do mundo se amassem do jeito certo, não haveriam guerras. Eu, por exemplo, não quero guerras, apenas dinheiro. - Gabriel disse, e eu dei uma leve risada.

- É uma lógica absurda que não faz sentido algum, até porque o que causou a maioria das guerras foi justamente a vontade de ter cada vez mais dinheiro e poder.

- Ok, agora você me refutou. - Disse frustrado, e eu ri.

Eu olhava atentamente em direção ao Gabriel, que tinha um pouco de seu cabelo voando por causa da brisa. Ficar o observando era como estar em um museu...

Eu não entendia porquê eu gostava de olhar a arte, mas eu entendia que era uma arte. Uma arte bonita, mesmo que não fizesse sentido do porquê me atraía tanto.

Gabriel percebeu que eu o olhava e começou a olhar para mim também, fazendo com que eu ficasse sem jeito de permanecer observando ele, e o mesmo deu um sorriso de canto ao notar isso.

- Venha cá, quero fazer algo. - Gabriel se levantou da areia e estendeu a mão para que eu pudesse me levantar também.

Andamos um pouco mais adiante, indo em direção ao mar. Gabriel se sentou ali, e eu fiz o mesmo.

Ele começou, aparentemente, a escolher umas conchas que haviam ali, até que, finalmente, me deu uma delas.

- Faça o seguinte. - Gabriel pegou uma concha para ele também - Feche suas mãos com a concha dentro, faça um pedido na sua mente e continue com a mão fechada. - Eu apenas assenti, fiz o que ele pediu e ele fez o mesmo que eu.

Gabriel se levantou da areia e pediu para que eu o acompanhasse. Andamos até a água, e ele jogou a concha ali, fazendo com que as ondas a levasse embora.

- Faça o mesmo com a sua concha. - Gabriel estendeu a mão, indicando para que eu prosseguisse, e assim eu fiz.

Segurei firme na concha, joguei-a na água e a onda também a levou embora.

- Por que fizemos isso? - Olho para ele encantada.

- Meu pai me ensinou, quando pequeno, que as conchas são as mensageiras do mar. Tudo que pedirmos a elas no mar, elas vão trazer para nós na terra. - Deu um leve sorriso, mas meu sorriso foi intenso.

- Nossa, isso é incrível! Nunca havia ouvido falar sobre algo parecido com isso... - Suspirei - E o que você pediu?

Gabriel segurou em minhas duas mãos, fazendo com que eu o olhasse nos olhos.

- Eu pedi para que nós dois possamos ficar juntos depois de passar por tudo, sem precisar nos separar outra vez. - Gabriel disse e, sem pensar duas vezes, o abracei forte, colocando meu rosto em seu peito.

A única reação de Gabriel foi fazer o mesmo, me abraçar, logo depois dando um beijo na minha cabeça.

- Você é minha menina... - Ele dizia quase em sussurro - Você é minha menina criminosa...

Tudo Pelo Poder - Fanfic Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora