O Começo de um Esquema

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Era completamente esquisito ter que trabalhar na casa do próprio chefe, sendo que o mesmo tem uma empresa. Mesmo sabendo disso, eu reconheço o quanto é perigoso o que ele pediu para que eu fizesse e, caso estivesse trabalhando na empresa, seria muito mais fácil da polícia nos encontrar se tudo desse errado.

- Bom dia, mocinha. - Gabriel apareceu na porta, enquanto eu verificava o sistema de uma das pessoas que ele queria que eu invadisse.

- Bom dia. - Respondi da forma mais sem graça possível.

- Ai nossa, que bicho te mordeu? - Sentou-se na cadeira que ficava em minha frente, enquanto tentava miseravelmente arrumar seu próprio cabelo.

- Eu não sei que bicho me mordeu, mas que um bicho vai te morder, ah se vai... - Disse, olhando atentamente para o monitor.

- Hum... Então a senhorita Laura vai me morder, é? - Eu não respondi. Apenas o olhei atentamente com um olhar de julgamento, fazendo com que ele desiste de dar em cima de mim - Enfim, como que estão indo as coisas?

- Tranquilo por enquanto. Você tem sorte que esses caras não têm um sistema muito bom e que tem mais vulnerabilidade do que segurança. Eles deveriam investir melhor nessas coisas. - Voltei a atenção para o computador.

- Ah, não me fale sobre investimentos... Ontem as ações da Tesla caíram, quase me fodi.

- E se eu disser que você já está fodido? - Continuei olhando atentamente para o computador.

- Como assim? - Ele perguntou, e eu rapidamente mostrei uma notícia que envolvia um dos nomes que ele gostaria de prejudicar - Henrique Fernandez foragido? É, talvez eu esteja quase fodido, mas não totalmente.

- Você sabe que não vai adiantar fugir, não é? A interpol é muito eficiente na hora de encontrar esses caras que se acham muito espertos.

- Eu sei que não vai rolar fugir, mas... Você tentaria fugir comigo? - Gabriel se aproximou, sentando-se ao meu lado e apoiando a cabeça no meu ombro.

- Por quê não? Pelo menos seria uma história para contar. - Demos uma leve risada.

- Não sei se já te falaram, mas você fica tão atraente mexendo nessa quantidade louca de computadores e milhares de monitores na sua frente. Tenho certeza que um dia vai precisar usar óculos. - Ele sorriu, colocando o rosto um pouco mais próximo do meu.

- Só são três monitores e, não... - afastei meu rosto do seu - não vou precisar de óculos tão cedo.

- Você é lésbica ou algo do tipo? - Ele me olhava indignado.

- Por quê a pergunta? É só porquê eu não caio nas suas lábias e seduções igual a todas as outras? - Arqueei a sobrancelha.

- Volte a trabalhar. - Levantou-se e se retirou do meu escritório.

Nunca vi um chefe tão folgado.

Conforme o solicitado, voltei a fazer as minhas tarefas e eu confesso que aquela notícia me preocupou um pouco. Esse tipo de esquema não é fácil de desdobrar e achar os responsáveis, mas há algum tipo de vulnerabilidade, senão, não teriam achado aquele tal de Henrique.

Fuçando um pouco mais as informações das pessoas envolvidas, eu percebi que elas tinham algo em comum.

Todas elas tinham uma empresa, e todas elas residiam no Chipre, uma ilha conhecida por paraíso fiscal.

Um lugar ser paraíso fiscal não é uma coisa ruim, até porquê isso não significa que ela está completamente fora das mãos do governo, mas é algo perigoso, pois fica na mira do próprio governo.

Esses tipos de pessoas costumam abrir empresas em paraísos fiscais, pois existem países que não aceitam seu funcionamento. Então, paraíso fiscal é uma ótima maneira de burlar o governo e andar na margem da lei.

- Atualizações? - Gabriel apareceu de novo, só que dessa vez mais ajeitado do que antes.

- Bom... Vai ser fácil de invadir o sistema deles, mas vai ser difícil não deixar rastros. Parecem que eles fizeram isso de propósito. - Procurava melhor a respeito das empresas.

- De 0 a 10, quanto que você acha que a gente pode se foder nessa missão?

- 11. - Respondi friamente, enquanto olhava em seus olhos.

- Ainda quer arriscar? - Sentou-se ao meu lado, enquanto olhava para tela do monitor.

- Eu gosto de ter histórias para contar. - Pisquei para ele, e ele deu um sorriso convencido.

- Pois muito que bem, amanhã vamos sair. Quero te levar em um lugar que tenho certeza que vai gostar. - Deu dois tapinhas na minhas costas e se levantou.

- Por favor, nada de ilhas. - Disse, e ele gargalhou.

- Relaxa, vai ser sua folga. - Ele se pôs entre a porta - Vou te deixar longe dessas coisas de paraíso fiscal por um dia. - Gritou, logo após fechá-las.

Maluco...

Enquanto a noite ainda não chegava, estava checando algumas informações a respeito dos donos da empresa e eu fiquei impressionada com a dificuldade que é para achar esses caras.

Eles têm uma manobra incrível para burlar até a própria polícia.

Enquanto conferia essas informações, meu celular começa a tocar freneticamente.

- Alô?

- Nem. Tente. - Uma voz desconhecida disse essas exatas palavras, pausadamente.

- Do quê você está falando, louco?

- Você sabe do que eu estou falando. Eu já avisei; não tente.

Eu rapidamente desliguei a ligação, e Gabriel aparece novamente no escritório.

- O que houve que você está com essa cara aí? - Agora, o mesmo estava sem camisa, usando apenas a sua calça jeans.

- Sei lá, um louco acabou de me ligar. Deve ser trote. - Virei o celular de cabeça para baixo, e Gabriel virou meu rosto em direção ao dele.

- A única coisa que eu te peço nesse mundo é para que não esconda nada de mim, pelo mínimo que seja. Diga tudo porque, caso aconteça algo com você, eu não quero que você se foda sozinha. Vamos nos foder juntos.

Eu olhava atentamente em seus olhos com um sorriso irônico nos lábios. Era loucura estar ouvindo aquilo.

- Tudo bem, vamos nos foder juntos então, chefinho. - Sorri maliciosa.

Gabriel aparentou ficar um pouco nervoso com aquele sorriso que eu dei e pareceu que, inevitavelmente, ele precisava descer a mão para minha cintura.

- Não sorri desse jeito, gracinha... Eu fico fraco por muito menos. - Beijou meu rosto.

Tudo Pelo Poder - Fanfic Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora