Enquanto eu tentava procurar por alguns dados no site do Banco Central, Gabriel olhava tudo com atenção, de pernas e braços cruzados.
- Quando você soube que queria mexer com essas coisas? - Suspirou, dando uma curta e leve risada.
- Não era bem o que eu queria, mas era a única saída que eu tive. Sabe como é, não é? Toda aquela pressa de alcançar a independência financeira e tal... - Disse, enquanto olhava fixamente para a tela do monitor.
Eu não conseguia dizer o porquê, mas o humor de Gabriel naquele dia estava muito diferente de todos os outros. Estava acostumada a vê-lo sorrir o tempo inteiro, me dar carinho e brincar enquanto eu fazia mais e mais dinheiro. Só que, dessa vez, a atmosfera entre nós dois estava pesada.
- Aconteceu algo? Você está diferente hoje. - Tirei a atenção do monitor e direcionei meu olhar para Gabriel. O mesmo se encontrava na mesma condição, sentado com seus braços e pernas cruzados, mas a sua feição era de apreensão.
- Eu estou com medo... - Gabriel mexia o maxilar. Pelo pouco tempo que eu o conhecia, ele fazia isso todas as vezes que estava estressado ou ansioso - Eu não quero te perder.
Com aquelas palavras, eu não consegui responder absolutamente nada relacionado àquilo. Eu também estava com medo, mas eu não queria transparecer.
Como forma de tentar acalmá-lo, peguei em sua mão e olhei no fundo de seus olhos.
- Gabriel, eu te amo. - Nesses momentos, era normal que Gabriel sorrisse, mas dessa vez foi diferente. Ele apenas retribuiu com um "eu te amo" repleto de insegurança.
Vê-lo daquela forma estava me matando, e não tinha mais o que fazer. Uma hora a polícia iria nos encontrar, e nós vivíamos nossas vidas por aguardar esse momento chegar.
Gabriel se levantou da cadeira, estendeu a mão para que eu desse a minha e me levantasse juntamente com ele. Sem pensar duas vezes, Gabriel me abraçou apertado, como se aquele fosse o último abraço.
- Parados, mãos ao alto! - De repente, ouviu-se a porta do escritório abrir violentamente, revelando a imagem de homens fortemente armados dentro daquela sala.
Os olhos de Gabriel se encheram de lágrimas quase que instantaneamente. Eu achava que nunca iria vê-lo dessa forma, pois ele nunca demonstrava o que sentia para ninguém. Ele era como uma caixinha trancada de emoções, mas que, por amor, ela se abriu rapidamente.
Gabriel e eu colocamos as mãos para o alto, mas ele repetia "não" incessantemente para si mesmo, enquanto olhava para o chão e suas lágrimas continuavam a cair.
O policial rapidamente se pôs ao meu lado.
- Você está sendo presa por invasão à domínio público e desvio de dinheiro. Tens o direito de permanecer calada. - Eu apenas assenti, de cabeça baixa e permanecendo com as mãos para o alto - Pode abaixar as mãos e, por favor, me acompanhe.
Quando eu ia começar a seguir o policial, eu olhava atentamente para Gabriel atrás de mim. Ele demorou para assimilar que eu estava sendo levada presa, mas, quando a ficha finalmente caiu, ele nos acompanhou.
Chegando do lado de fora da casa, relevou-se aquele cenário, um cenário que eu achei que nunca iria ver em toda a minha vida.
Haviam diversos helicópteros sobrevoando a casa de Gabriel, inúmeras viaturas cercando toda sua residência e repórteres cobrindo a minha prisão.
- Por favor, você não pode ir... - Gabriel chorava como uma criança e, naquele momento, era a única coisa que estava doendo em mim. Vê-lo chorar.
- Meu amor, eu vou voltar, eu prometo. - Eu disse sorrindo, pois eu sabia que eu realmente iria voltar - Espere por mim, sua princesa vai voltar.
Gabriel parou de chorar, mas seu semblante ainda estava entristecido. Ele rapidamente me deu um abraço e me beijou. Aquela seria a última vez que eu o beijaria, e aquilo doía muito mais do que o fato de estar sendo presa.
- Eu prometo que eu vou te tirar de lá, ok? - Gabriel dizia com seu tom de voz trêmulo - Eu prometo, confie em mim. - Eu não respondi, apenas assenti freneticamente com um sorriso no rosto, mas com lágrimas nos olhos.
- Precisamos ir, senhora. - O policial disse ríspido, e finalmente minhas lágrimas caíram.
O policial e eu começamos a andar para finalmente ir para o lado de fora. Enquanto andava, eu olhava para trás para ver Gabriel, e meu peito apertava a cada passo que eu dava. Doía tanto ver sua imagem se distanciando de mim que, em um momento, eu resolvi parar de olhar para trás.
Eu limpei as lágrimas e coloquei um sorriso malicioso em meu rosto, pois eu sabia que Gabriel realmente iria me tirar de lá. Meu sorriso também tinha outro significado; o ego.
Meu ego estava sendo alimentado com toda aquela quantidade de viaturas e helicópteros só para me prender. Eu não queria deixar nada me afetar, e o ego foi meu aliado nisso. Talvez agora eu entenda porquê Gabriel se comportava daquela forma.
- Laura, eu não acredito que você fez isso comigo! - Aquela voz era familiar. Era da minha mãe.
Minha mãe estava me assistindo presencialmente, vendo sua filha sendo presa por corrupção. Eu decidi não olhar em seu rosto. Não por vergonha, mas por ela ter sido uma das motivações da minha prisão.
Se não fosse por sua péssima educação, eu não estaria entrando naquela viatura.
- É verdade que você trabalha para Gabriel Guevara e ele é o cabeça de todo esse esquema? - A repórter chegou colocando o microfone próximo a minha boca enquanto eu entrava na viatura, mas eu escolhi não responder.
Eu queria dar tempo para Gabriel ter o que fazer e, caso eu entregasse ele, provavelmente ele não conseguiria montar um plano e também não conseguiria me tirar da cadeia.
Enquanto o policial dirigia, eu via a imagem de toda aquela multidão se afastando do meu campo de visão. E, de repente, na frente daquela multidão, Gabriel apareceu, observando a viatura na qual eu estava, indo embora.
Eu vou voltar, meu magrinho... Eu vou voltar.
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Tudo Pelo Poder - Fanfic Gabriel Guevara
FanfictionUma empresa de investimentos localizada no Chipre, uma ilha que era conhecida como paraíso fiscal, estava na mão de um dos maiores analistas financeiros da história da Espanha. Mesmo que tivesse todo o dinheiro que quisesse, a sede de Gabriel por po...