o que tá acontecendo comigo?

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Alexandre

Assim que deixo minha filha em seu apartamento,sigo para o meu. Tomo um banho para tentar relaxar,mas é impossível. Só consigo pensar naquela loira marrenta que sabe se lá Deus como,conseguiu me enfeitiçar.

Quando a vi ontem naquele estacionamento,sei lá...alguma coisa em mim mudou. Ela é marrenta? Muito. Se acha? Muito também. É linda? Esse adjetivo é até pouco para expressar a beleza dela.

Beleza essa,não só exterior,mas interior também. Por trás daquela marra toda,consigo ver o quanto ela é especial.

Resolvo voltar a um antigo hábito de escrever meus sentimentos em um diário. Antes eu tinha certa dificuldade em me expressar,mas agora...exprimo os sentimentos que estou sentindo com total facilidade.

Assim que termino de escrever,guardo o diário em uma gaveta na cômoda da sala. O que eu escrevi? Um dia ela irá saber.

Quer dizer...nunca irá saber! Até porque eu não estou apaixonado por ela,é só encantamento. Acontece nas melhores famílias. Logo passa.

Me deito no sofá e passo minha mão sob meus lábios e lembro do gosto e do quão gostoso foi o beijo da Giovanna. Giovanna. Já disse que amei esse nome?

" Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida! "

Me lembro desse poema de Olavo Bilac

- O que tá acontecendo comigo? - me pergunto

Giovanna

Acordo para mais um dia de trabalho. Extremamente cansada. Passei a madrugada toda pensando no beijo,na pegada e no cheiro daquele......cachorro!

Cachorro. Isso que ele é.

Tento negar para mim mesma,e falho miseravelmente. Mas toda aquela arrogância,cinismo,ignorância, " cachorrice " ... existe essa palavra?

Tudo isso me excita. E muito.

Mas eu odeio ele,odeio. Nunca que eu vou me apaixonar por um sujeito que nem aquele. Apaixonar? Eu já considero essa hipótese?

Antes de ir para o batalhão,deixo meu carro na oficina e mando uma foto do orçamento para que o dito cujo pague pelo estrago que causou

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Foto 📷
Vai fazer a transferência?

Ele responde em poucos minutos somente com a foto do comprovante. Não que eu esperasse mais do que isso,mas...seu silêncio me assusta.

Mal chego no batalhão e já somos avisados de que uma escola foi invadida por bandidos em fuga. Reúno parte do efetivo e saímos em direção ao local.

Acabo indo na mesma viatura que o Tenente Alexandre Nero. Tudo nele é tão perfeito que até seu nome é extremamente atraente.

- 6° batalhão chegando ao local,o objetivo é negociar! Não é pra ninguém sair ferido - ele diz no rádio comunicador,em comunicação com o efetivo que estava em outras viaturas

- O nome do cara é Ivan Leonardo Barros,um popular o reconheceu - digo para Nero

- Manda chamar a família do cara,a gente pode usar isso pra negociar. - ele diz e eu o obedeço,providenciando a ida dos familiares ao local

Ao chegarmos,o clima está bem tenso e recebemos a informação de que há uma criança ferida.

Também recebemos a informação de que a família dele não se encontra na cidade,o que dificulta a negociação.

- EU QUERO UM CARRO PRA SAIR DAQUI! - o bandido ordena

- A gente vai providenciar,mas pra isso a gente precisa de uma garantia... - Mautner negocia

Nero se aproxima do bandido,de codinome " pivete "

Me pergunto se ele está maluco ou algo do tipo

- Pivete,olha pra mim! - Nero pede - Você tem filho cara?

- NÃO INTERESSA! - Pivete se altera

- Calma,eu tô tendo paciência com você - ele tira sua bandoleira e sua pistola,ficando completamente desarmado

- EU QUERO O CARRO! VOCÊS VÃO ME MATAR,EU SEI!

- Negocia aqui comigo ó! - Nero segue firme - Eu troco de lugar com as crianças,eu posso garantir a tua vida! Você não vai ser morto!

- Tu não me garante nada! - Pivete não acata a oferta de Nero

Sei que é muito arriscado e estou agindo no impulso. Mas não me arrependo nem um pouco da decisão que acabo de tomar.

- Eu entro com ele! Você vai ter dois policiais pra garantir a tua vida,a tua saída em segurança daqui! - me aproximo,me desarmando

- Tá maluca? Você não! - Nero diz em sussurro,apenas para que eu escute

- Sozinho você não entra! - digo em sussurro

Saímos de nosso devaneio quando vemos as crianças,com idade de mais ou menos 3 anos,sendo liberadas. Ele permanece somente com uma criança.

Nossos efetivo encaminha as crianças a seus pais,e as que necessitam,para a ambulância.

- AGORA VEM VOCÊS DOIS! DESARMADOS! - Ele ordena

Assim que somos feitos de refém,ele libera a última criança

Ele saca uma segunda arma e aponta uma para minha cabeça e outra para a cabeça de Nero

- EU QUERO UM CARRO E EU QUERO QUE VOCÊS VÃO EMBORA!

Ele tira a mira das armas de nossa cabeça para ameaçar o nosso efetivo que estava logo afrente e é nessa hora que aproveitamos para rende-lo

- Perdeu,pivete! - digo assim que eu e Nero o derrubamos no chão e eu saco sua arma

Nero o algema e o encaminha até uma das viaturas

Assim que retornamos ao batalhão,vou para a minha sala e não demora muito para que alguém bata na porta

- Licença,Major... - Nero diz assim que entra em minha sala

- Diga Tenente... - respondo

- Sabe que eu não exigo essa formalidade,né?

- O que lhe traz aqui? - tento ser o mais breve possível

- O que foi aquilo mais cedo na operação? Porque se ofereceu pra ser refém junto comigo? - ele me pega de surpresa com tal pergunta

Ele se aproxima de mim e quase enlouqueço ao sentir seu cheiro

- Eu... - comeco a responder,mas somos surpreendidos com o Sargento Nogueira

- Atrapalho? - o sargento pergunta

- SIM! - Nero altera o tom de voz

Adsumus - GnOnde histórias criam vida. Descubra agora