sentimento

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Giovanna

Noá demora a voltar e de longe,vejo sua interação com um homem alto de cabelo grisalho. O homem está de costas para mim,não consigo ver seu rosto.

Caminho até eles para ver o que está acontecendo e em questão de segundos,sinto como se eu estivesse sem chão.

Nero. É ele.

- Marrenta?

Vários flashbacks vem á minha cabeça,lembranças dos momentos ao lado dele.

FLASHBACK ON

- Você começa na PMERJ amanhã?

- Sim e o quê que - eu o interrompo

- Então saiba que nós vamos trabalhar juntos... - bufo de raiva

- Não brinca? Sério? Pensa nessa dupla icônica: A marrenta e o gostosão - ele gargalha

- Tu te acha,né? Para de rir,cara! Você tá achando graça em quê? - fico nervosa e acabo atropelando algumas palavras

- Não me acho não,eu sou! E eu adorei essa forma que nos conhecemos...uma coisa mais selvagem,né?

- Você era fuzileiro mesmo? Você não é muito normal não,tá? Afrontoso,arrogante,sínico...

- E a senhora é da PMERJ mesmo? Marrenta,arrogante,respondona,pavio curto...

- Ah vá pra pu... -

- Eeeeeepa,olha a boca! - ele me interrompe - Toma,esse é meu número,gasta o que for preciso e só me avisa pra eu fazer a transferência do valor - diz me entregando um cartão com seu número

Quando sigo em direção ao meu carro,ele me chama:

- Ei,marrenta!

- Marrenta é a sua mãe! - digo irritada

- Verdade,ela era mesmo - ele ri e isso me irrita e muito - Topa dar um volta comi... -

- NÃO! - grito

Ele se aproxima de mim,deixando quase praticamente nenhuma distância entre nós

- Vontade de mergulhar nos teus olhos... - ele diz com uma voz grave que faz com que eu me arrepiei instantaneamente

- Vá te catar!

Quando vou entrar no carro,me viro novamente para ele:

- E marrento é você!

FLASHBACK OFF

Esse apelido...eu amava ouvir ele me chamar assim. Amava mais do que ouvir ele chamar pelo meu nome.

Ele mudou bastante,agora o cabelo é grisalho e esvoaçante,seu cheiro...trocou de perfume? A única coisa que permanece como antes é a tatuagem no braço,escrito adsumus,o lema dos fuzileiros navais. Contenho um sorrisinho ao perceber a fantasia de Gomez Addams,fantasia fajuta,mas é uma fantasia. Certeza que ele só pegou o primeiro terno que viu na frente,isso é bem a cara dele.

Ele praticamente me come com os olhos e isso me desorienta,tento dizer algo mas estou em completo estado de choque. Minha vontade é correr para os seus braços e pedir que ele me abrace e não me solte nunca mais.

Ao mesmo tempo que essa saudade bate no peito,na mesma intensidade vem a mágoa. Se há anos atrás ele tivesse me escutado,se ele tivesse me deixado falar...poderíamos estar juntos hoje.

Mas eu não posso negar o inegável,o sentimento avassalador que eu sinto por ele não morreu.

Alexandre

Adsumus - GnOnde histórias criam vida. Descubra agora