Cap.06 Niara

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Eu olhava atentamente para Gaia que pareceu levar uma eternidade até começar a falar:

—  Quando a minha mãe morreu, meu pai ficou desolado. Mesmo involuntário, o meu pai acabou, abandonou-me e minha irmã mais velha também.    Ele não conversava, não nos dava mais atenção. Meu pai simplesmente fechou-se para o mundo. Na época eu tinha 16 anos e minha irmã mais velha tinha 19 anos.    Eu me dediquei aos estudos já que a minha irmã estudava, mas seu verdadeiro sonho era casar e ter uma vida diferente da nossa.              Sonhadora, alegre e cheia de vida. Sonhava com o tal príncipe encantado. —ela balança a cabeça em negativo antes de acrescentar:
  —  E parecendo o destino a ouvi-la, um homem foi trabalhar como cozinheiro na nossa casa. A minha irmã se encantou com o homem que, aliás, era muito bonito, jovem e recém formado em gastronomia. Ele, digamos que, tinha caído de paraquedas na Grécia.
    Estava em busca de emprego, a nossa antiga governanta ao ir às compras recebeu ajuda do rapaz e de coração enorme ofereceu-lhe o emprego já que ela não estava mais querendo cozinhar. Também quisera, ela tinha coisas demais para resolver na casa depois que meu pai simplesmente parou de dar atenção a tudo. O rapaz era tão encantador que não demorou muito para minha irmã se encantar com ele. E como foi recíproco cerca de dois meses depois ele e minha irmã mais velha estavam assumindo um namoro. Bem, fizeram tudo para que meu pai voltasse o que era. Mas infelizmente ele não conseguiu. Mas fez o casamento da minha irmã com o rapaz e os deu uma casa. Ah, ela era tão feliz na sua nova casa e com seu marido apaixonado.— ela ergue a cabeça para tentar conter as lágrimas. Imagino estar sendo doloroso para ela contar isso. Deixei que ela tomasse fôlego apenas sendo ouvinte de seu relato e após se recompor:

— Meu pai deu ao funcionário um cargo melhor do que gastronomia, afinal éramos ricos. Não demorou muito e a melhor notícia do mundo foi nos dada. Eu seria tia e meu pai avô. Foi nessa época que ele voltou a sorrir. E quando a menina nasceu foi só felicidade. Nós a mimamos e muito. Ela era nosso tesouro, a menina dos olhos do meu pai.—   Gaia dá um suspiro    — Bem, até ela completar 6 anos era só alegria. Mas como dizem, tudo que é bom dura pouco. Certo dia o meu cunhado recebeu um telefone dizendo que um parente dele estava muito doente. Foi aí que nossa agonia começou.—   ela limpou os olhos e agora olha para dentro dos meus olhos.   — Minha irmã e o marido tiveram que lidar com um homem louco e ganancioso. Esse homem era cunhado da minha irmã. Temendo que eles descobrissem que ela era rica e tentassem contra ela, a filha, ou o marido, a minha irmã decidiu que só iríamos falar por telefone. Temendo adoecer novamente meu pai com os problemas que estava enfrentando, ela se afastou de nós. Ela me fez prometer que nunca contaria para meu pai que ela estava fugindo. Eu sei que errei! Tínhamos condições de pagar pela segurança da família. Porém não caberia  a mim decidir isso e muito menos ao meu pai.  A última vez que eu vi minha sobrinha ela estava com 8 anos.— sorriu sonhadora, parecendo lembrar da cena. 
— Tão linda, uma menina de ouro.— fechou o sorriso e disse: — Minha irmã falou com meu pai que queria viver uma vida simples onde o marido a sustentaria com o que ganhasse. Era uma despedida. Bem, o meu pai concordou desde que pudesse ver a neta e que se ela precisasse de qualquer coisa não deixasse de pedir.    Infelizmente na volta para casa o avião caiu e minha irmã morreu na hora.— ela começou a chorar e eu levantei e abracei-a.   — Fomos ao hospital para ver minha sobrinha e o pai dela, só que, assim que cheguei lá disseram que ela havia batido a cabeça e que poderia acordar sem memória.     Ela era só uma menina, uma criança não merecia passar por isso.— fala aos prantos abraçada a mim. Eu comecei a chorar também  sentindo uma dor e uma agonia. Eu estava sentindo a dor dela!

— Foram os 35 dias mais agonizantes para nós. O pai desolado foi o que menos sofreu ferimentos físicos já que o psicológico estava destruído. Quando a minha sobrinha acordou, ela não se lembrou de mim, nem do meu pai, mas se apegou a uma enfermeira que como obra do destino tinha os olhos da minha irmã. Sensibilizada pela garota, a mulher abraçou a minha sobrinha se apegou a ela como se fosse a mãe. Ao que parece a enfermeira havia perdido uma filha. Digamos que ela tomou minha sobrinha como a filha perdida e sem saber a minha sobrinha a tomou como a mãe que também perderá. —

'Céus, que história triste.' penso e ouço:

— Meu pai chamou meu cunhado e lhe pediu para voltar para nossa casa e que ele iria atrás dos melhores médicos para ajudar a neta. O homem debateu dizendo que ele era o pai que ele cuidaria de tudo que é relacionado à filha. Ele gritou que já tinha perdido a esposa e que não ia perder a filha. Que ele só tinha ela como fruto do amor pela irmã. Ele abriu o coração como dizem. Eu e meu pai fomos embora. — Gaia respirou fundo, sei que as lembranças assolam sua alma. Mas determinada a contar-me acrescentou:
— Quando voltamos ao hospital minha sobrinha, o pai dela e a enfermeira haviam fugido de madrugada. Eu e meu pai ficamos quase loucos. Ela precisava de tratamento, ele não deixou que o fizéssemos. E o pior arrancou a única lembrança da minha irmã de mim. Arrancou de nós.— fechei os meus olhos sensibilizada pala história de Gaia. Ela soltou-me, sem falar mais nada se afastou, porém eu tinha que perguntar:

— Vocês não encontraram- na?— ele nega com a cabeça...

— Meu pai colocou os melhores detetives atrás deles. Porém ele parecia saber pois não ficavam no mesmo lugar, a cada dois meses mudavam e assim foi. Até que um dia nós o encontrarmos sozinho. O detetive que teve com ele relatou que minha sobrinha havia morrido um ano após o acidente. Ele falou que ela havia morrido por complicações na cabeça. Minha vontade foi de matar o infeliz. Porém ele que vivesse com a maior dor que o ser humano pode viver. A culpa, ela assola dia e noite e ele carregava a de matar a filha. Só que… — Leva a mão ao meu rosto e sorri. Fecho meus olhos pois seu carinho aquece o meu coração.    — Ele mentiu! Escondeu minha sobrinha de nós! —    Gaia afirma e beija a minha testa, as lágrimas quentes caem em meu rosto.     — Sabe, eu vi vários encontros em sonhos, mas nunca pensei que esse encontro seria na penitenciária.

—Como?— perguntei sentindo as minhas pernas ficarem bambas. — O que esta falando? Quem é você?

— Eu sou Gaia Kalaris a sua tia! Niara, o seu avô, o meu pai está neste exato momento está movendo céus e terra para tirar o atual juiz de seu cargo para ele tomar o seu lugar.— comecei a chorar e abracei-a. — Não chore minha pequena. Você não vai ficar aqui! O seu avô julgará sua causa e você será livre novamente. Sorria a liberdade está próxima.—

Continua com Aléxandros...

Aos poucos a nossa história vai dando sentindo ❤️
Obrigada aos que estão lendo,e...
Beijos no coração 🥀🥀🥀

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