O som dos seus saltos batendo contra o chão frio daquela capela, soavam como os trambores do purgatório toda vez que uma nova alma chegasse.
E talvez ela estivesse se direcionando à um. Mas diferente daquilo que acreditava, Eunkyung não teve a chan...
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⚠️ Neste capítulo é narrado um acontecimento que pode causar gatilho⚠️
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Página 17
01 de Novembro de 1916
Arriscar nem sempre é arriscado.
Talvez isso não faça sentido aos teus olhos, minha pequena, mas é tão simples quanto parece. Enquanto eu crescia, sempre tive medo de sair da minha zona de conforto, de tentar fazer algo que nunca havia feito antes, e há vezes em que isso me faz sentir vazia.
Nunca tive uma aventura maluca que pudesse contar para ti ou para o teu irmão, ao contrário do teu pai que viveu livremente o máximo que conseguiu, até ser preso pelas correntes do teu avô. Prometi a mim mesma que isso não acontecerá com nenhum dos meus filhos, tu e Jackson poderão viver conforme o vosso coração deseja, desde que isso vos faça felizes.
Por isso, minha Eunkyung, não te deixes prender nas teias que a sociedade criará por ti. Não sei como será o futuro, temo que Hayoon termine como seu pai, ainda assim, não deixes que as suas correntes cheguem até a tua pessoa.
Arrisca.
Jungkook decidiu que passaria o dia junto de sua esposa, aquela aproximação com Eunkyung o deixava mais tranquilo. Apesar da noite agradável que tiveram, Jungkook não conseguia parar de pensar nas cicatrizes espalhadas pelo corpo dela. Não esperava que ela falasse sobre isso, ou que muito menos admitisse que algumas haviam sido causadas por ela mesma.
Ele conhecia essa sensação. A vontade enorme de parar de sentir; o pensamento de que a sua existência era apenas uma falha do universo; a falta de vontade até de respirar; o medo do que poderia acontecer se a dor conseguisse vencer a razão. Ele conhecia todas essas dores, e sabia que não era fácil falar sobre isso.
Durante a conversa, ele sentiu que deveria compartilhar um pouco mais sobre si, que deveria dar esse conforto a Eunkyung, porém, o medo de ser julgado ainda falava mais alto. Eunah o criou para ser um Jeon, e um Jeon jamais admitiria que era imperfeito.
— No que tanto pensas? — Eunkyung indagou ainda com os olhos atentos na sua leitura.
— No que acabei de ouvir. — suspirou. — Sinto que deveria ser mais empático e ter contado...
— Não quero que te sintas obrigado a fazer isso, eu me abri contigo porque acontecimentos estão para surgir e preciso que estejas pronto.
— Ainda assim, tu és minha esposa, mereces saber no que estás envolvida.
Eunkyung sorriu finalmente o encarando.
— É a primeira vez que você me chama de esposa. — Jungkook revirou os olhos sorrindo. — Quero que te sintas confortável para me contar certas coisas, não quero que o faças apenas por obrigação ética.
