O som dos seus saltos batendo contra o chão frio daquela capela, soavam como os trambores do purgatório toda vez que uma nova alma chegasse.
E talvez ela estivesse se direcionando à um. Mas diferente daquilo que acreditava, Eunkyung não teve a chan...
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Hayoon nunca se preparou completamente para o que estava acontecendo naquele momento. Trinta anos já haviam passado, mas seu coração ainda batia fervorosamente quando o seu olhar encontrava o de Jinhwa. O Wang quase desmaiou quando o porteiro citou aquele nome, quando ele voltou a ver aquele rosto depois de tanto tempo.
Jinhwa estava velho. Seus cabelos, antes pretos, se encontravam grisalhos; seus olhos felinos estavam decaídos; seu corpo juvenil foi substituído por uma enorme barriga e uma postura cansada.
— Onde está Sohui? — Jinhwa indagou. Ele não a conhecia completamente, afinal, Hayoon voltou a se casar quando ele já havia fugido para outra cidade.
— Saiu com a nossa filha. — respondeu ainda absorto.
Os problemas com álcool que Hayoon tivera na juventude tinham retornado, e diferente do que aconteceu no passado, nem Hyemin e nem Jinhwa estavam presentes para o acalmar. Sohui tentou ser uma boa esposa, tentou cuidar de Hayoon, tentou tornar-lhe num bom homem, mas a sua paciência tinha limites e ela não se sacrificaria por um homem que não demonstrava amar-lhe.
Eles estavam na sala de estar, junto da pequena exposição da coleção de bebidas do Wang que se encontrava quase escassa. Hayoon apontou para uma poltrona ao lado do sofá, mas Jinhwa negou, ele queria despachar aquele assunto e continuar com a sua rendição
— Parece que não decidiste me visitar por estares com saudades. — Hayoon ironizou. — Diz logo o que tens a dizer e sai da minha casa.
— Eunah foi atrás de minha mãe em Daegu, fez perguntas sobre mim e Hayi tem certeza de que estão relacionadas com o que aconteceu naquela noite. — disse o encarando seriamente. — Obviamente minha mãe não soltou nenhuma informação, mas me garantiu que Eunah estava acompanhada pelo novo detetive do distrito.
— Eunkyung falou comigo sobre esse assunto há algum tempo. — disse abrindo uma garrafa de vinho. — Eunah a questionou sobre o quanto ela se lembrava da noite em que Hyemin morreu.
— Não sei sobre ela, mas eu me lembro de tudo. — revelou. Durante muito tempo Jinhwa não conseguiu dormir apenas pensando no que crime que tinha cometido por amor. O olhar assustado de Eunkyung e a expressão chocada de Jackson o atormentavam sempre durante as noites. — Perdi a conta de quantas vezes me confessei e implorei para que as punições fossem duras, apenas para tirar o peso que ainda habita na minha alma. Lembrar do corpo sem vida de Hyemin ainda me causa náuseas, e peso se torna ainda maior quando penso no facto de ter mentido para os teus filhos todo esse tempo.
— Dos meus filhos cuido eu, não preciso que se sinta culpado por algo provocado por mim. — articulou servindo o vinho em uma taça. — Você mencionou Hayi, como está a sua filha? Eu soube que ela estava tentando se aproximar de Eunkyung, só não tenho certeza se funcionou.
