O som dos seus saltos batendo contra o chão frio daquela capela, soavam como os trambores do purgatório toda vez que uma nova alma chegasse.
E talvez ela estivesse se direcionando à um. Mas diferente daquilo que acreditava, Eunkyung não teve a chan...
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21 de Março de 1904
_ 19° aniversário de Kim Eunah
Eunah não tinha medo da morte, o que parecia ser muito simples ao seu ver. Morrer era inevitável, ninguém conseguia escapar, seres humanos foram criados apenas para deixar alguns de seus atributos na terra e depois eram atirados em buracos para serem esquecidos pelo resto da eternidade.
Haviam vezes em que ela se pegava desejando que a sua morte chegasse mais cedo, mas a sua coragem sempre foi menor que os seus desejos. Apesar de ter tido várias oportunidades para terminar com a própria vida, Eunah não tinha a força ou desespero suficiente para o fazer.
O que mais a magoava, era saber que mesmo morta, ainda seria vista como insignificante aos olhos de sua mãe. E seria ainda pior que soubessem que a causa da sua morte fora suicídio, ai sim sua mãe nem se daria ao trabalho e planear um funeral decente.
— Ande com mais elegância, acha mesmo que captará o olhar dele com essa coluna mais torta que um bolo sem forma?
Dessa vez, a voz surgiu ainda mais nervosa. Ela estava tentando, por que razão sua mãe não notava? Os livros no cimo da sua cabeça formavam uma pequena pilha; Eunah andava com os braços esticados na direção das laterais de seu corpo. Seus joelhos estavam cansados, suas pernas tremiam, tudo o que ela mais queria era se sentar.
— Recomece! — ordenou aborrecida. — Não me obrigue a usar a bengala mais uma vez.
O corpo de Eunah estremeceu, aquela bengala já havia marcado metade de suas pernas e braços. Ela precisava aprender a essência da elegância, precisava saber dominar a arte de conseguir andar com aqueles saltos que eram mais altos que um lápis e mais finos que uma agulha.
— Agora abaixe os braços e coloque as mãos na cintura. — voltou a ordenar. — Se mais um dos livros cair você ficará mais dois dias sem comer.
Kim Dahyun nunca fora uma boa mãe, e Eunah reconhecia os seus motivos. Kim Eunah era a única filha de um casal de magnatas. Após a sua nascença, Dahyun teve problemas em voltar a engravidar o que causou metade de uma vida de humilhações vindas de seu marido, Kim Youngjae.
Eunah não era um homem, não poderia conduzir os negócios da família ao sucesso, afinal, mulheres não foram feitas para comandar. Ele precisava que Dahyun o desse um menino, mas o seu útero foi tão danificado no parto da primogénita, que toda vez que sua mulher voltasse a engravidar as coisas terminavam em abortos espontâneos ou bebês muito prematuros.
