Capítulo 39

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Uma semana depois do dia fatídico, pode-se sentir o clima mais leve na casa. Até Alexander está mais desoprimido, é como se um peso saísse de suas costas.

As minhas novas amigas me ligaram, preocupadas. Elas descobriram o que aconteceu por seus maridos e se solidarizaram comigo. Lara chegou a se emocionar, pois passou por algo semelhante, e, ao conversar comigo, não teve como ela não recordar.

Nós quatro conversamos durante horas por chamada de vídeo, e eu não me contive em contar sobre a minha gravidez. As três vibraram e já marcaram de vir me visitar.

Aos poucos, a nossa vida vai se ajustando, e entramos numa rotina agradável. Seu Zezinho ainda está de licença. Ele retornaria na próxima semana, mas Alexander, como forma de gratidão, deu mais alguns dias para ele, sem nenhum ônus.

É fim de tarde e eu faço um lanche enquanto converso com Marlene. Alexander chega e me encontra na cozinha. Ele nos cumprimenta e me chama em seu escritório. Pela expressão em seu rosto, sei que o assunto é sério.

— Já estou com medo — confesso e esfrego uma mão na outra.

Ele ri e se serve do seu whisky.

— Calma, não é para tanto — responde e leva o copo à boca. Depois, ele me olha. — Don Aureliano está preso. Em cima dele, são várias as acusações. Entre elas, extorsão, assassinato e uma longa lista de delitos. A maior parte com provas concretas — conta.

Eu abro a boca e me sento, com a mão no coração.

— Menos um bandido solto — comento, aliviada. — E minha mãe?

— Sua mãe é cúmplice dele em alguns dos seus crimes. Ela foi detida, desta vez aguardará julgamento na prisão.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Como ela pôde chegar a esse ponto? Que bom que a minha avó está morta, ou sofreria uma grande decepção.

— O que vai ser da Yasmim? Minha irmã tem apenas seis anos. Tudo bem que vive com a tia, que a trata bem, mas na última vez que falei com ela, perguntou por nossa mãe.

Alexander estreita os lábios.

— Eu posso pedir ao meu advogado para averiguar o que podemos fazer. Acredito que a sua irmã ficaria bem ao seu lado, podemos contratar um psicólogo para ela...

Eu me levanto e vou até Alexander.

— Você permitiria que ela morasse aqui? — pergunto, já emocionada.

Alexander coloca seu copo no carrinho de bebidas, vira-se para mim e segura meu rosto.

— Esta casa também é sua, a Yasmim é sua irmã, portanto, é também de minha responsabilidade cuidar dela, meu amor.

Eu o abraço.

— Obrigada por isso! Muito obrigada!

Ele me abraça e deposita um beijo leve no topo da minha cabeça.

— Sou eu quem deve agradecer. Eu tenho certeza que, com o tempo, a Yasmim entenderá quem é a mãe. Com a ajuda de um profissional, ela poderá não apenas entender, mas também aceitar.

— Você tem razão.

Volto a envolver os braços em sua cintura. Suspiro, feliz, então me lembro da traidora.

— E a Andréia, vai acontecer alguma coisa com ela?

— Ela vai testemunhar. Há um acordo de delação premiada; se ela colaborar, poderá ter seu tempo de prisão reduzido. Ou nem mesmo ir presa.

ALEXANDER - A Redenção de Um HomemOnde histórias criam vida. Descubra agora