ALEXANDER - A Redenção de Um Homem

Capítulo 37

Antes de tudo isso, eu ainda pensava em deixar o filho da puta do O'Brien vivo. Mas agora ele mexeu com a Diana, e ninguém mexe com a Diana sem sofrer as consequências.

Diana e eu nos encaramos. Eu quero destruir esses dois ordinários que a estão ameaçando, mas preciso ser frio. Hoje, esse desgraçado vai ver a verdadeira face de Alexander Ball. Cansei de ser bonzinho. Eu tento, de alguma maneira, passar confiança à Diana. Ela me observa, seus olhos determinados brilham, eu sei que ela me entende.

— Confesso que não foi assim que eu planejei o nosso encontro. — A voz retumba atrás de mim. Meus pelos se eriçam. Essa voz! Eu conheço essa voz, mas de onde?

Eu me viro devagar, a poeira está mais espaçada. Dentro do banheiro, o homem continua de costas, sua postura é de uma pessoa orgulhosa, e tenho a sensação de que o conheço. Mas esse homem não é o O'Brien Miller, não pode ser. Eu só o vi uma única vez, há mais de quinze anos, em numa confraternização, e ele era um homem baixo e careca.

— Quem é você? Está sem coragem de me encarar, por eu ter conseguido te encontrar, seu desgraçado? — rujo, e apesar da minha raiva, eu não esqueço Diana. Eu preciso pensar, para nos tirar daqui com vida.

Meus dois melhores guarda-costas estão comigo, e sei que posso contar com eles, mas não podemos colocar Diana em maior perigo do que se encontra agora.

O desgraçado respira fundo e finalmente se vira para mim. Nós nos encaramos. Eu não posso acreditar no que meus olhos estão vendo. Isso só pode ser uma piada de grande mau gosto. Mas sei que não é, pois seu sorriso sarcástico é sua marca registrada.

— Isaac... — murmuro seu nome, assombrado por meu primo, que pensei estar morto há anos, estar aqui, na minha frente. — Você...? Mas que porra é essa?

Ele ri e se aproxima. Em seu rosto há uma cicatriz de queimadura, que, junto ao seu olhar de ódio, torna-o um homem amedrontador.

— Priminho, há quanto tempo... — diz, debochado. Ele olha para trás de mim, e sei que observa Diana. Então, sacode a cabeça, e presto atenção em cada detalhe. Algo o irrita. — Você, como sempre, faz a coisa ao seu jeito — fala e volta a me encarar com olhar de ira.

— Por que isso, Isaac? Sabe como todos nós sofremos pensando que você estava morto?

Ele cai na gargalhada. De repente, para e me olha com ódio, ficando na minha frente.

— Vocês me deixaram para morrer! E você, como o filho do grande senhor, foi resgatado. Aqueles seguranças sequer olharam para trás. Pensa que sou algum idiota? Acha mesmo que eu iria procurar por vocês e ser um fantoche, como o idiota do meu pai? Não! Isso... nunca!

— Nós pedimos para você sair, Isaac. Um dos nossos guarda-costas avisou que devíamos ir embora dali, mas você correu para longe. Você não ouvia ninguém! — esbravejo.

Ele fica com o dedo em riste.

— Eu pedi que viesse comigo, mas você foi um covarde, sempre fazendo o que o seu pai carrasco mandava — grita como se tivesse razão. Isaac olha para baixo, depois volta a me encarar. — Eu sempre fui deixado em segundo plano naquela família, todos o tratavam como a um rei, e era de conhecimento geral que o filho exemplar do grande senhor Malvino Fontana Ball herdaria todo o seu legado, deixando para mim apenas as mesmas migalhas do meu pai, aquele bunda-mole.

— Como eu nunca notei a sua inveja?

Eu desperto ainda mais a sua raiva.

— Vocês roubaram a nossa família e até hoje mandam e desmandam em tudo. E depois de me deixarem para morrer, você, Alexander Ball, recebeu o grande prêmio de viver a liberdade como bem entendesse. E sabe por que eu te odeio tanto? — pergunta e aperta as mãos em punho. Eu não recuo. — Um dia, eu pedi para sair, pois não suportava mais ser a sua sombra, e o meu tio disse para mim que, para sair da máfia, só era possível morto. — Sua voz soa afiada e ressentida. Ele me olha, enojado. — Mas para o grande Alexander Ball, a regra pôde ser outra.