Capítulo 01

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15 anos depois...


Coloco minha máscara preta e arrumo minha gravata. Saio do escritório, passo pelo corredor que me leva até o salão principal, onde o som de uma música clássica soa, subo as escadarias, chego à sacada do segundo piso da Mansão Eros e olho para baixo.

As pessoas se espalham e conversam entre si, degustando a champanhe de valor estimado. Observo com olhar atento a movimentação. Os sorrisos e os risos, não tão discretos. Os gestos de quem está com o desejo aflorado.

Sorrio com satisfação, é mais uma festa de sucesso. Sem contar a longa lista de espera, com pessoas importantes querendo estar aqui. Percebo a aproximação de alguém, mas não me preocupo, sei que é um dos meus colaboradores.

— Senhor Ball? — Olho para o lado e reconheço Donald, meu copeiro particular.

Ele também, por ordem minha, usa uma máscara.

— Algum problema?

— Reinaldo está com uma pessoa que não tem um convite ou autorização para entrar. Estão na sala amarela, senhor — informa.

Estava demorando para a minha paz acabar.

Sem proferir palavra alguma, eu desço as escadarias e volto pelo mesmo corredor, porém, sigo até a sala amarela, um anexo próximo à garagem privativa, onde recebo as pessoas indesejadas.

Adentro a sala e vejo Reinaldo. Ele é um guarda-costas muito competente, além de ser treinado em artes marciais, é um ótimo atirador. Sem contar seu tamanho assustador.

Logo noto a presença do ex-senador Barbosa, com uma mão em um dos bolsos e pose de homem de poder. Ele não desiste. Foi banido da Mansão por não obedecer às regras.

Eu bato a porta com força, e, com exceção de Reinaldo, todos se assustam e olham em minha direção.

— Por que fui perturbado? — indago com raiva na voz.

Barbosa dá um sorriso jocoso, e sua barriga avantajada parece que vai explodir a qualquer momento.

— Alexander, seu empregado não está permitindo a minha entrada — reclama.

Eu cruzo os braços e o encaro. Então, retiro minha máscara.

— Para início de conversa, para você, eu sou o senhor Ball. E já que não se lembra, eu vou refrescar a sua memória... — Com dois passos, paro à sua frente. Ele olha para cima, espantado. — Você não é bem-vindo na Mansão Eros!

Barbosa disfarça uma tosse.

— É... senhor Ball, o que ocorreu foi um mal-entendido, eu não burlei nenhuma regra. E mesmo se fosse o caso, o senhor prefere dar ouvidos a uma zé-ninguém a acreditar em mim, um homem de poder?

Fecho a mão direita, sentindo o ódio me dominar. Coloco minha máscara em cima da mesa. Eu tento a cada santo dia esquecer o que aconteceu. Já se passaram alguns meses, e não foi a primeira nem a última vez que tentaram trapacear e infringir o regulamento da Mansão. Porém, com esse filho de uma puta foi diferente, pois ele tentou usar o seu pseudo poder político. Sem mencionar que o desgraçado mexeu com a mulher que vem me causando grande inquietação. De maneiras adversas, ela consegue me tirar do sério, mesmo que eu não a veja.

Sem que ele esteja preparado, eu levanto o punho e desfiro um soco no meio da sua cara nojenta, então o seguro pelo colarinho. Apesar de parecer um porco gordo, eu o arrasto até a parede e o suspendo com facilidade.

ALEXANDER - A Redenção de Um HomemOnde histórias criam vida. Descubra agora