Capítulo 03

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Dias Atuais...

É uma manhã de sábado, e após duas horas na academia que eu possuo em minha casa, tomo um longo banho, para então fazer minha refeição matinal. Encontro Marlene na cozinha. Assim que nota a minha presença, ela me serve um café do jeito que eu gosto, muito forte e sem açúcar.

Degusto a bebida quente e corto um pedaço de croissant deliciosamente fresco.

— Você almoça em casa hoje? — Marlene pergunta enquanto guarda alguns utensílios no lugar.

— Não. E você pode tirar os próximos dias de folga. Vou cuidar de alguns dos meus negócios em São Paulo, só retorno no meio da semana — informo.

Ela se vira e olha para mim, nada satisfeita. Marlene é uma senhora de 60 anos. Quando eu nasci, ela ajudou minha mãe e se tornou minha babá. É a única pessoa que me conhece a fundo, sabe minhas origens e é leal a mim.

Lembro-me do quanto eu resisti à ideia de ela me acompanhar quando eu precisei me afastar da minha família e dos negócios. Eu parti sem olhar para trás, e, um ano depois, Marlene apareceu no meu apartamento de Nova York para cuidar de mim. É claro que meu pai sabia o meu endereço, bem que ele disse que não me perderia de vista. Assim, desde então, Marlene vem me acompanhando. Ela é a única ligação que eu tenho com a minha família, pois tenho certeza de que atualiza minha mãe sobre os meus passos.

— Aposto que vai se alimentar mal — comenta.

Dou uma risada.

— Não sou nenhuma criança, Marlene.

— Pois, para mim, você ainda é aquele menino que roubava queijo na cozinha e saía correndo — lembra, divertida.

— Pena que eu não posso mais roubar comida na cozinha, afinal, eu estaria roubando de mim mesmo — declaro. Termino de beber meu café, pego outro pedaço de croissant e me levanto. — Preciso verificar alguns e-mails antes de sair.

Marlene suspira.

— Odeio quando você sai assim.

Antes de sair, eu olho para ela.

— O Rodrigo vai comigo, com outros três guarda-costas, e o Reinaldo ficará responsável pela segurança daqui de casa e da Mansão.

Sua expressão é de preocupação.

— Eu não consigo ter sossego desde que começaram essas ameaças contra você — confessa.

Eu me aproximo e aperto seu ombro. Ela é muito mais baixa que eu, mas é uma mulher corajosa e extraordinária.

— Eu estou seguro, e tem outras pessoas trabalhando para descobrir quem é o desgraçado que está atrás de mim — asseguro.

Marlene balança a cabeça e me olha com afeto.

— Vai encontrá-lo. Eu te conheço bem e sei que não vai sossegar enquanto não colocar as mãos nesse miserável. Você não deixará isso barato.

Eu olho para ela e respiro fundo.

— Esqueça este assunto, Marlene. Não se martirize tanto — peço e a deixo sozinha.

Marlene é esperta, sabe do que sou capaz.

Já no escritório, leio o e-mail da automobilística alemã, da qual possuo parte das ações, e os gráficos elevados dos lucros são animadores. Talvez seja o momento certo para adquirir mais ações, mas deixarei isso para outra hora, pois preciso me preparar para a viagem.

Desligo o notebook, recolho alguns documentos e os levo para o cofre, onde vejo o envelope com algumas informações sobre a Diana. Eu não resisto em pegá-lo. Volto para a minha mesa e retiro do envelope pardo uma foto sua comprando pão.

ALEXANDER - A Redenção de Um HomemOnde histórias criam vida. Descubra agora