Sempre tem como piorar

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— Tem certeza que você não vai?

— Ah não, hoje eu quero só chegar em casa e dormir bastante. — Chaeyoung deu de ombros.

— Então até amanhã, depois te ligo. — Tzuyu deixou um selinho nos lábios da namorada e foi embora.

— Até.

Chaeyoung soltou um suspiro triste.

Na verdade, ela estava doida pra ir naquela festa. Ia ocupar metade do campus, todo mundo estava falando. Um verdadeiro festão de Halloween. Mas ela sabia que se fosse, não iria dar certo. Já não deveria nem estar por aquelas bandas agora. E assim que se lembrou disso, apertou o passo. Talvez devesse contar das dívidas para Tzuyu, ela tinha dinheiro né? Mas se a mãe tenebrosa dela descobrisse, seria pior do que fugir dos caras da faculdade.

Resumindo, Son Chaeyoung divide opiniões. Eu não sei se diria que ela é azarada, ou se diria que ela só é meio burra. Enquanto não descobrimos, a gente continua.

Chaeyoung é uma garota simples, foi criada pelos avós, gosta de artes e de fotografia, de festas e de velharias. O problema era que Chaeyoung não parava em emprego. Nos últimos tempos isso piorou de um jeito que de tanto ela atrasar o aluguel, estava sob aviso. Mais um atraso, e seria enxotada. Fora as dívidas e dívidas dela.

A herança que Chaeyoung tem? Dívidas de mesa de jogo! Bom, nesse quesito é sim azar.

E para pagar essas dívidas, Chaeyoung decidiu recorrer a solução que muita gente da faculdade recorria, fazer um empréstimo com os caras do curso de economia.

Só que ela não esperava que nesse meio tempo ia ser demitida.

De novo.

E é esse o motivo pelo qual Chaeyoung não vai na sonhada festa de Halloween. Uma pena, ela já tinha até fantasia.

Até que na curva já quase saindo do campus, ela avista aquele morenão alto de camisa branca. Um daqueles que você poderia encontrar alguém parecido por aí, se não fosse por aquele bigodinho horroroso que o deixava inconfundível.

— Merda! — Chaeyoung deu a volta mas já era tarde, ele já tinha visto ela.

Sua única saída foi se misturar no meio de gente e entrar na biblioteca.

— Se esse maluco me achar já era! — A garota murmurou indo até o último corredor e parando para olhar pelo final da prateleira se ele já tinha entrado na biblioteca. — Calma, calma, calma. Vai dar tudo certo.

Chaeyoung andou para o fundo do corredor e ficou escondida esperando ele desistir e ir embora ou qualquer outra coisa.

Sempre tinha um povo na biblioteca, o problema era que naquele horário era o que tinha menos movimento. Com o silêncio do ambiente, ela ouviu os passos se aproximando. E gelou tanto que não conseguiu sair do lugar.

Mas não pareciam ser os passos da pessoa de quem ela estava fugindo, não com aquele som de salto batendo contra o chão de madeira.

Ela se inclinou e olhou no espaço onde conseguia ver o outro lado da prateleira. Na mesma hora, Chaeyoung viu uma mulher parada do outro lado, um par de olhos misteriosos esperando por ela.

E de repente, Chaeyoung se viu presa naquela estranha. Mesmo sem sequer conseguir ver o restante de seu rosto.

Por um minutinho, ela se esqueceu de tudo. Do porque estava ali, de tudo que estava acontecendo em sua vida. Só o que existia era a mulher do outro lado, e seus olhos castanhos. Eles estavam extremamente clareados pela luz do sol que atravessava o vitral atrás de Chaeyoung. Ela nunca tinha visto olhos como aqueles. Era como se algo neles prendesse ela a aquele lugar.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora