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Anelise Stein
~• 🌷 •~

Durante o voo todo, tive que escutar Hanna chorando. Compreendo que pelo tamanho dela, é normal sentir medo de sobrevoar o céu. Porem seu choro estridente, era enjoativo durante aquelas tantas horas.

— Pai, eu irei ao banheiro — Me levanto, caminhando em direçao ao pequeno lavabo da companhia aérea. Tranco a porta, e me escoro na pequena pia, uma simples olhada no espelho quase me fez desabar ao choro.

Me lembrava exatamente do meu último abraço em Tom. Durante aqueles ultimos dias ele nao estava por perto, me fazendo chutar em ter visto ele apenas umas duas vezes. Eu consigo entender seu lado, tanto quanto foi dificil para Lotti. Que é minha amiga durante esses memoráveis cinco mêses.

Desapegar de alguém é muito difícil. Ainda mais daqueles no qual você quer levar para a vida toda.

Quando perdi minha mae minha vida havia acabado, antidepressivos eram os unicos que mé ajudavam. Minha família era a unica coisa que restou do meu lado, virei proxima deles ao ponto de nao me ver sem a companhia dos mesmos.

Quando me mudei para Las Vegas, as coisas apenas melhoraram. Fui esquecendo aos poucos a falta que minha mae me fazia, fiz amizades e admito que até encontrei um menino legal, ele sem duvidas havia conquistado meu coraçao, desde o primeiro dia que vi ele.

Seu ultimo abraço, o ultimo cheiro em meu cangote. Era triste pensar nisso, sendo que eu estou aqui agora. Dentro de um avião miserável, tendo de largar tudo e todas para voltar para minha cidade natal. Pela qual verei minha vó, falecer igual mamãe.

[...]

— Seu estado está cada vez pior, o câncer vem se espalhando pelo corpo todo — O doutor explicava a situação delicada para papai, que acompanhava o processo de tratamento da minha vó.

— Os resultados dos ultimos mêses só vem piorando, doutor? — Indaga preucupado. Era dificil ter que escutar isso, ainda mais quando perdi alguem especial por essa doença.

— Realmente a situação vem piorando, lamento porem o caso da senhora... me parece igual ao da Lucy — Era a primeira vez, depois de alguns anos tocaram ao nome de mamãe. Apelidos como, mae, mamae e até anjo. Eram substituídos pelo seu nome, era difícil ouvir ele ser ecoado assim.

Saio dalí dando passos rápidos. Com Hanna no colo, sento ao banco em qualquer corredor onde eu nao consiga ouvir a conversa ao lado.

— O que foi, maninha? — A pequena pergunta ao me ver lacrimejando. — Está chorando?

— Eu?! — Dei uma pequena risada nasal, limpando as lágrimas. — Eu nao estou chorando pequena, apenas entrou uma poeirinha no meu olho, olhe aqui — Coço os olhos, como se estivesse os limpando. —  a poeira saiu!...

Escuto sua risada baixinha, enquanto ela andava pelo corredor. Abaixo meu rosto, observando o chão. E mais uma vez tudo de novo, meu trauma estaria á tona, mais uma vez.

— Meninas, vamos embora! — Papai nos chama, me tirando de um pequeno transe. Seguro a mao da pequena, nos retirando daquele hospital, velho e antigo.

Assim que voltamos em casa, tomei meu banho e puis uma roupa quente. Hoje tentariamos ter uma noite descente, ontem que chegamos tivemos que levar a vovó para o hospital de emergência.

Meu rosto que se encontrava pálido e nada alegre. Meus cabelos loiros no qual eu passava horas penteando e o arrumando, estava preso e sujo em um rabo de cavalo desleixado. Olheiras grandes se encontravam ao redor dos meu olhos, e uma expressao de tristeza me fazia parte durante esses dias.

— Ane, venha aqui! — Jane, minha prima mais nova me chamava. Ela brincava com Hanna enquanto eu as observava sentada ao sofá. — Que cara é essa hein? Sei da situação da vovó mais... vamos ter fé, tudo irá dar certo — Sorriu enquanto ajeita seu cabelo curto.

Jane tem apenas 13 anos, sempre me entendeu por mais que seja bem nova. Eramos muito próximas quando eu morava aqui em Berlin. Sua mae, a minha tia. É uma mulher bem egocêntrica, em nenhum momento se ofereceu para ajudar vovó e muito menos ajudou mamãe.

— A mudança, foi muito ruim — Bufo escorando minhas costas no sofá. — E você? Como vai a escola? — Me faço de interessada, por mais que eu esteja aérea.

— Ah tem umas pessoas legais... tenho uma melhor amiga, e um menino que eu acho que gosto dele! — Pois a mao na boca e soltou um risinho tímido. Sorri ao lembrar quando era eu, minha melhor amiga e meus sorrisos bobos ao lembrar de Tom. — Anelise você é bonita... — Se sentou ao meu lado. — Como eu conquisto um menino?

— Ah obrigada — Soltei uma risada forçada, e fiz cocégas nela. — Olha... eu nunca fui namoradeira entao, tenta chamar a atençao dele. Conversa com ele, e dá uma provocadinha — Fiz charminho dando outra pequena risada. — Mais nada ousado demais, você é muito nova ainda!

Jane escutava tudo atenta. Quem diria, eu que vi ela crescer, aprender a viver e hoje em dia, que me pede conselhos sobre namoro. Pensava em Hanna, eu suportaria ver minha pequena crescer? Saber que ela nao terá para sempre quatro anos de idade. Cuidando dela sozinha, me pegava tendo esses pensamentos maternos em relaçao á ela, nao que eu achasse vergonhoso.

Aposto que sou a mae que ela nao teve. E me sinto feliz em poder fazer isso, sou grata por ela ser feliz e sorridente. Uma menina bonita, saudável e cheia de alegria.

Nao deixaria ela me ver chorando, muito menos tendo que tomar remédios para continuar vivendo. Eu serei um bom exemplo, uma inspiração futura. E uma irmã que qualquer pessoa poderá sonhar.

Igual eu faria de tudo por Anne, eu farei de tudo por Hanna. Pois sei, que se mamae tivesse aqui, Lucy faria de tudo por nós. Todos nós.

O resto do dia como sempre estaria tediante. Pensava sobre tudo que me ocorreu nos dias que estavam a se passar. O futuro e o passado tomavam conta da minha cabeça.

Perguntas sem respostas que me faziam me questionar. Será que eu voltaria? Será que sentem falta?

As tais perguntas que eu passaria os anos pensando. Refletindo e me perguntando o porque.

"Porque tudo tem de acontecer comigo?"

"Eu seria a pessoa mais azarada do mundo?"

Típicas coisas que me rodeavam por anos. Anos e anos de tristeza, dor e sofrimento. Mais sim, eu teria coragem. Eu voltaria e faria tudo denovo. As festas, os dias, as manhãs de ressaca. E principalmente a companhia daquelas pessoas.

[...]

𝗥𝗘𝗗𝗘𝗡, Tom Kaulitz ★Onde histórias criam vida. Descubra agora