Três vezes, uma música no Fantástico

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Primeiro, Jeongyeon ficou séria. Muito séria. Fazendo Jihyo iniciar o período de pré infarto. Vendo sua vida passando num mini filme em seus olhos.

Ah, aí, ela abriu um sorrisão.

E Jihyo teve que se apoiar com a mão na grama para não cair pra trás. Porque era um bom sinal, não era? Se ela estava sorrindo depois de ter se lembrado de tudo, quem sabe, seus sentimentos fossem recíprocos.

— E...O que você lembrou, Jeong? — Com muito esforço, Jihyo conseguiu formular uma frase sem parecer que estava em tremendo choque.

— Eu me lembrei que novela tinha essa música!

Nayeon bateu com tudo a mão no mármore quando ouviu aquilo. Jeongyeon e Jihyo se viraram, e não pegaram as três na cozinha, abaixadas atrás da pia a tempo.

— Ai que vontade de me m-

— Depois dessa, eu vou dormir.

— Broxante.

Enquanto as três fugiam da cozinha discretamente, Jihyo queria de novo abrir um buraco na terra pra enfiar a cabeça dentro. De mil a zero tão rápido.

— Ah...É? É, eu me lembro de ouvir em uma novela mesmo... — Jihyo disse em total desânimo, virando a cabeça em direção ao horizonte.

Devia estar até aliviada por ter sido alarme falso, não? Logo ela, que morria de medo daquele detalhe acabar estragando sua amizade com Jeongyeon. Mas não ficou aliviada. Pior. O aperto em seu peito dobrou de tamanho.

— Você tá com muito sono? — Jeongyeon perguntou com o rádio em mãos, voltando a se sentar ao lado dela. — Vamos ouvir só mais uma?

— Claro. Vamos. — Jihyo deu um sorriso fraco ao sentir a cabeça de Jeongyeon encostando em seu ombro.

Ela queria se lembrar melhor da fatídica noite. Queria ao menos ter um vislumbre dos momentos. Não ter apenas suposições e flashes embaçados de como devia ter sido bom. Mas mais do que isso, Jihyo queria que Jeongyeon se lembrasse.

Porque assim teria como saber se o que sentia tinha fundamento.

No final da noite, talvez fosse melhor que os momentos confusos permanecessem assim.

[...]

Um novo dia de uma nova vida chegava naquele sítio. E tudo bem, poderia ser pior. Não que fosse ruim, e não que fosse totalmente bom como o ser humano sempre quer. Mas a adaptação leva tempo, e no caso de uma mudança tão drástica, talvez muito tempo.

O quão difícil seria...

Nayeon corria o risco de nunca mais acordar com as buzinas do trânsito, ou nos melhores dias, o quebrar das ondas no mar. Jeongyeon não sairia para correr de manhã, sendo parada a cada esquina pra tirar uma foto com algum fã. Jihyo não entraria em seu Instagram pra dar a primeira fuxicada do dia, e teria que responder os vários famosos que a admiravam comentando em seus posts.

Porque agora, Nayeon teria que se contentar com o canto do galo, um que ela não tinha descoberto onde estava. Jeongyeon no máximo tiraria uma selfie com as vacas do pasto. E Jihyo, entraria em seu novo Instagram apenas para ver os zero comentários em suas zero publicações, num perfil também zerado de seguidores.

Seriam dias de altos, baixos, e médios meia boca. Mesmo que o esforço de duas almas boas e até determinadas como Chou Tzuyu e Minatozaki Sana, fosse notável.

— Vai ser assim aqui, cada dia uma cozinha. — Tzuyu colocou a panela grande de macarrão sobre a mesa.

— Com quê?

Dos Palcos Pros BarracosOnde histórias criam vida. Descubra agora