Dos Palcos Pros Barracos

Pelo menos você ainda lê a minha mente

Aquele sentimento traiçoeiro geralmente chega no domingo a noite, e faz você ficar triste com a chegada da segunda. Porque é aí que acaba o final de semana e não há nada que você possa fazer pra evitar. Isso acontece até com quem está de férias numa fazenda em uma cidadezinha pequena e tranquila. Também acontece com quem não está de férias, está vivendo longe dos holofotes por supostamente terem matado um empresário. E agora tendo que fingir que são simples cidadãs vivendo suas vidinhas pacatas com suas profissões comuns.

Então após a ressaca do domingo, chegou a segunda. Fazendo um breve resumo deste dia, quem não dormiu passou o dia perambulando e fazendo coisas de domingo. Jihyo e Jeongyeon estavam estranhas uma com a outra após a discussão com toques de cachaça. Tzuyu estava bem humorada, Sana tristonha e tentando melhorar. Nayeon sabia que Momo tinha acordado antes dela e dado no pé antes que despertasse.

Chegando na segunda-feira, mais o menos as dez e meia da manhã, Sana acordou no puro silêncio da casa. Todas já em seus respectivos trabalhos, o que não era comum dado o expediente de algumas. Preferiu não teorizar. Lavou o rosto, não gostando nada do que via no espelho. Era incrível como ela se sentia feia sempre que seu relacionamento entrava na corda bamba. E nem deveria estar pensando tanto naquilo. Porém, quem mais tinha sucesso em distraí-la de tudo, se encontrava meio distante. Meio ocupada.

Desceu as escadas, desconfiando que Tzuyu estaria no sofá assistindo Ana Maria Braga com o cachorro deitado do lado. Era um hábito. Mas não a encontrou marcando território lá. Foi até a cozinha e viu a mesa intocada.

— Ei garoto. Será que estamos sozinhos hoje? — Acariciou os pelos do cachorro, que cheirava suas pernas.

Subiu as escadas de novo, indo até o quarto dela. E quando viu as portas do guarda-roupa abertas, arregalou os olhos. Nenhuma peça guardada lá. Nenhum vestígio da presença dela. Sana teve que sentar na cama, de tão atordoada.

— Não. Ela não iria embora sem se despedir. A Tzuyu não faria isso. — Disse sozinha, acompanhando o andar do cachorro pelo quarto. Provavelmente tão preocupado quanto ela. Seu coração falhou no lugar.

Ela correu a casa inteira procurando por um bilhete. Nenhuma mensagem em seu celular. A caminhonete também não estava lá. O que significava que Tzuyu nem tinha deixado com ela um meio de ir embora. Porque quando chegaram, vieram juntas.

Aí veio um pensamento.

Como poderia ter certeza de que não era do tipo de Tzuyu ir embora do nada? Será que a conhecia tão bem assim em apenas um mês de convivência? Será que ela era mesmo o que aparentava ser?

Se Sana já não estava em seu melhor momento emocional, depois daquela vozinha em sua cabeça, ela ficou despedaçada.

*

Nayeon

Ah não. Pelo amor de deus né? Eu até pensei que ia dar certo, porque eu até que consigo cortar cabelo. Posso fazer umas unhas meia bocas na paz, talvez tirar sobrancelhas e até em maquiagem eu posso me arriscar. Mas não tem santo no mundo que me faça ficar aturando gentezinha reclamando do meu serviço, me acelerando ou ficando em cima de mim! Não! Não sei se vou aguentar mais meia hora nessa cafonice de salão!

Não importa o quanto eu tenha me acostumado!

Acho que na verdade nunca peguei um dia tão cheio, tão estourado como esse. O dia que chega cliente até do bueiro e você fica se perguntando de que inferno sai tanta mulher chata por metro quadrado!

— Ele me mandou dez buquês de rosas vermelhas! Nossa, quase encheu a casa! Vê se não é um pãozão de um homem?! — Tipo essa tremenda, esse porre dessa mulher que eu tenho certeza absoluta que é uma cornona. Que homem em sã consciência vai entupir ela de chocolates, mandar tantos buquês e fazer tantas surpresas, se não estiver com culpa no cartório? Isso daí é consciência pesada.