Parecia inofensiva mas te dominou

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Uma noite pode acabar de várias maneiras, principalmente, quando um elemento importante é adicionado.

E não que esse elemento, mais conhecido como álcool, vá influenciar em tudo. Mas que ele deixa as coisas divertidas, caóticas ou tristes, ah, ele deixa. Ele é um belo de um agente potencializador. Dando uma olhada no cenário de agora, foi isso. Nem tudo foi culpa dele. Talvez nada tenha sido culpa dele.

De qualquer forma, ele passou pela garganta de todas.

— Você quer me dar lição de moral agora? Quem você acha que é pra me dar tanto sermão, Miyeon? Já experimentou estar presente na vida da pessoa que você grita aos quatro ventos que ama tanto? — Sana tentava ao máximo não começar a gritar ao telefone. Não aguentou mais as palavras dela. Não aguentou mais aquela situação que quis tanto ignorar. Tinha chegado no limite. — Não! NÃO TENTE REVERTER AS COISAS! — Apertou a manga do próprio casaco, reprimindo uma lágrima de escorrer. — Quer saber de uma coisa? Eu me cansei disso! Eu não aguento mais! Faça o que você quiser com essa informação, porque eu jogo a toalha.

Encerrou a ligação. Sem mais segurar o choro.

Precisava voltar pra casa e chorar contra o travesseiro, isso se não acabasse caindo no sono muito antes disso.

— Então é isso que você tem no seu Spotify, é?

— Isso mesmo! Aumenta aí!

— Nossa, nunca ouvi essa música na minha vida. Já ouviu Sana?

De carona no banco de trás do Peugeot da mamãe Mina, Sana não queria parecer tão depressiva na frente das duas. Tão felizes, chegava a ser invejável a sintonia delas.

— Acho que não. — Disse simples. Perdeu boa parte da discussão de gostos musicais entre elas. Então, pra se esquecer do seu status tristeza levemente alcoolizada, passou a escutar a música.

Quando você disser que longe é um lugar que nãoooo, exiiiisteee! Se lembre também de me dizer onde é que você vai estar então! — Mina cantarolou sozinha, batendo os dedos no volante. — Quando eu te quiser....Quando eu te quiser...Quando eu te quiseeeeeeeeer esteja em caaaaaaaaaaaaaasa! Esteja na saaaaaaaaaaala de estar! Sana não durou dois minutos sem se deprimir mais um pouco. Até a letra a lembrava do quão destruído estava seu relacionamento. Aquele rock alternativo, uma atmosfera melancólica, quase uma música para se ouvir num dia de chuva, foi feita pra ela naquele exato momento. — Eu tenho um mundo inteiro pra saaaaalvar, e pensar em você, é kriptonita, você é tão bonitaaaaaa, de se admirar! Tão bonitaaaaaaaaaaaaa!

Se Sana ao menos soubesse de cor a letra, com toda certeza do mundo, estaria cantando a plenos pulmões.

Enquanto isso, outras duas já foram embora também. Restaram quantas lá dentro? Quatro.

Bem, cinco. Contando a intrusa.

— Então, nós usamos um papel especial. Ele é bem fino, todo delicadinho. — Jeongyeon parecia tão interessada em ouvir sua nova amiga contando sobre, o que era mesmo? Jihyo não gostava daquela vozinha dela, a irritava tanto que nem lembrava mais qual era o assunto. Ah, porque não foi inserida na conversa, de qualquer jeito.

Ficou sentada no balcão, com uma carranca no rosto e mais uma garrafinha de cerveja na mão. Já tinha perdido a conta de quantas foram na noite.

Droga, como Jeongyeon estava atenta. Ela gostava dessas coisas, sabe se lá o que era que elas conversavam. Talvez fotografias antigas, algo assim? Restauração? Restauração!

Oh, que bem ela faz a humanidade!

Jihyo assumiu a si mesma depois da última ocasião que tinha visto aquela moça, Wendy, que ela não era nenhum tipo de concorrência. Esqueceu aquilo, analisou a garota de todas as maneiras naquele encontro no mercado, e se convenceu que ela queria apenas a amizade de Jeongyeon. Ou melhor, Jeongina. Só que dado ao histórico da noite e o fato de estar bêbada, queria arrastar Jeongyeon para longe daquela coisinha.

Dos Palcos Pros BarracosOnde histórias criam vida. Descubra agora