Ai de mim que sou romântica...

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Mais um mês foi embora.

E pra mais um mês que passava, mais elas se acostumavam. E quem se acostuma não demora muito pra gostar. Então, não tarda a ficar pertinho de amar. Porque vai, Margarida do Leste tinha seus encantos. Analisando a vida das queridas 3mix, suas vidas temporárias, apesar de estarem com confusão até o pescoço, o negócio era bem estruturado.

Nayeon acorda às sete, mas continua reclamando. Minutos depois de ficar plantada encarando o chão, ela esquece de suas reclamações. Jihyo já está acordada, fica zanzando pela casa e dando uma olhada no clima do dia. Jeongyeon acorda por último, com seu bom humor estourando. E junto com Sana e Tzuyu, ou não, porque o horário das duas varia, todas tomam um delicioso cafézinho.

Então elas vão trabalhar porque são belas integrantes do proletariado. Jeongyeon é a primeira a terminar e bate ponto na padaria todos os dias, é uma ótima amiga e sempre vai buscar Jihyo e Nayeon, ainda que todas elas possam voltar andando. Porém, a rotina ultimamente não era seguida a risca, e apenas duas voltavam pra casa. Começava a ser estranho a boa vontade de Nayeon em "ajudar a limpar o salão" depois que ele fechava.

Era uma desgraça que para o entretenimento de Jeongyeon, Jihyo e a aposta que fizeram, Nayeon e Momo sabiam como manter suas bagunças de estoque no sigilo. A cada vez que estavam juntas perto de qualquer outro ser humano, a energia sempre estaria emanando a quilômetros de distância, mas nunquinha foram pegas. E enquanto vivia um ótimo período pra sua pele, Nayeon, ficava de saco cheio observando Jihyo e Jeongyeon.

Jihyo, que quase largava as expectativas, uma covarde, que mais parecia rezar por um milagre. Ficou na zona de desconforto mesmo, não quis mudar nada, era mais cômodo conviver com Jeongyeon até sua pressão um dia baixar de vez.

Jeongyeon, que estava bem longe dos picos de coragem, e muito mais perto de ficar estagnada com a desculpa pra si mesma que estava apenas tentando entender seus próprios sentimentos.

— Acho que já deu, né? — Jihyo disse mais em uma súplica de sair logo dali, antes que esmurrasse a tela daquele computador da época dos disquetes.

— Dá pra votar mais um pouquinho. — Dahyun falou do corredor de computadores a frente.

— Mais uns vinte. — Tzuyu propôs.

— Pra cada. — Jeongyeon continuou.

— Era pra eu no mínimo ganhar um salgado depois dessa boa ação. — Sana resmungou.

— Não se cobra por boa ação, sua interesseira. — Tomou um tapinha de Dahyun.

A boa ação no caso era naquele dia ensolarado estarem enfurnadas na lan house, para votarem e votarem e votarem mais um pouquinho em busca da eliminação da dita cuja Vanessa, no dito cujo reality de subcelebridades que ela participava. Já que era tudo o que podiam fazer, fazer o quê.

Jeongyeon votava sem parar, incansável, feito a líder de algum grupo de fãs estranhos de participantes de reality que buscam salvar seu querido do paredão. Nayeon queria lembrar quem tinha dado a ideia da lan house, pra dar uma voadora na bendita. Em pleno século 21, poderiam muito bem realizar a tarefa em questão no conforto de casa, com o celular na mão. Mas não! Alguma linguaruda teve que dizer que os votos eram contabilizados mais rápido se fossem pelo computador. Jihyo não queria dar uma voadora em ninguém, queria logo fazer o serviço completo. Não sabia o que a irritava mais, se eram as malditas figuras pra provar que você não é um robô, se era a cara da piranha ruiva na tela toda hora, ou se era o calor dentro da lan house. As janelas eram apenas ventarolas em cima, vidros fechados em baixo, e apenas um ventilador velho ficava encarregado de arejar aquele forno.

Dos Palcos Pros BarracosOnde histórias criam vida. Descubra agora