O ditado não era assim

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Ah pelo amor de deus.

— Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece! — Não era apenas Nayeon a pessoa extremamente indignada ali. E ela inclusive, procurava na mente qual foi o ser humano que em alguma outra ocasião a deixou com tanta sede de sangue e pancadaria.

Nenhum. Pelo menos nenhum chegava nos níveis extremos da vontade dela de moer a morenona na porrada, se bem que era mais provável, ser na tijolada. Nem mesmo a dita cuja ruiva das fake news.

Não, aquele cargo não poderia ser de outra pessoa se não daquela mulherzinha, diga se de passagem, um mulherão, em frente a Nayeon.

— É, realmente. Só se olhar no espelho pra encontrar a assombração. — Nayeon manteve a postura, com um sorrisinho debochado enfeitando seu lindo rostinho.

— Chaeyoung, assim, você tem certeza absoluta de que não fez confusão? De que esse estrupício poluindo o meu salão é mesmo a prima da Dahyun?

Nayeon se obrigou a continuar a tarefa importante envolvendo a coxinha para dar uma segurada nos instintos raivosos. Viu de relance Chaeyoung girar preguiçosamente na cadeira.

— Sim, eu tenho certeza. E ainda mais certeza de que o destino é um puta maninho legal. — Ela suspirou feliz, entrelaçando as mãos sobre a barriga. — Não precisam se preocupar em se apresentarem direito, a Chaezinha aqui faz isso. Soraya, essa é a Momo, a outra dona do salão. Momo, essa é a Soraya, prima da Dahyun.

Meu deus, que dor que Nayeon sentiu ao constatar que a famigerada dona do recorde no karaokê era a morenona. Aquilo só deu um chute mais alto nos índices de antipatia.

— Não é um prazer, Soraya. — Momo disse a olhando de cima a baixo, recebendo a mesma olhada.

— E o que te faz pensar que pra mim seria, sua imbecil?

Momo fechou os olhos e respirou fundo, se segurando para não catar a loirinha e afogar ela no lavatório. Não podia estar acontecendo. De todas as pessoas, precisava ser justo aquela que teria que empregar?

— Vamos agilizar essa desgraça de uma vez, não? Quer ser ajudante aqui no salão? Se sim, já te antecipo, ser ajudante não é só servir cafézinho e ouvir fofoca. É limpar, ajudar no agendamento, fazer a contagem do estoque, aprender as funções principais pra cobrir um de nós quando alguém estiver ausente. — Ela disse séria. E se tinha uma coisa que Im Nayeon odiava do fundo da alma, era gente com tom autoritário. Momo esbanjava não só o tom, como o jeito inteiro.

Tudo bem, as pessoas as vezes deixam os outros lados falarem mais alto. Pode acontecer algum dia raríssimo onde Im Nayeon ache isso muito, muito, muito irresistível. Mas alô! Esse dia não vai chegar por enquanto.

Nayeon finalmente terminou a coxinha, avaliando as possibilidades de dar meia volta e ir atrás do emprego na farmácia. Não ia receber ordens dela, não ia.

Preferia ficar pobre.

— Ah, você conseguiu a coxinha. Aposto que a Mina aceitou vender fiado, ela não aguenta de dó. — Momo debochou, fazendo Nayeon quase se engasgar de raiva. Porque realmente ia pedir fiado, se Mina não tivesse dado de graça. Mas aquela cavalona não precisava estar certa!

— Se eu fosse você não falava muito, chacrete. Porque se tem alguém aqui com cara de quem pede fiado, é você! — Nayeon respondeu na lata, e antes mesmo de ter o contragolpe, foram interrompidas pelos risos estridentes da terceira pessoa do recinto.

— CHACRETE! AHAHAHAHAHA! — Chaeyoung ria tanto que mais um pouquinho as lágrimas chegariam nos olhos. — Ela te chamou de velha, Momo, não deixava!

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