Nenhuma sereia se perde no mar

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[...]

— Eu não fui com a cara e pronto. Não fui mesmo!

— A gente mal conhece a garota, não dá pra julgar ela com menos de uma semana, ok?

— Discordo, acho que se o meu santo não bateu e não apanhou em pelo menos 24 horas, não tem jeito!

— Mas afinal, como que foi esse rolo? — Chaeyoung finalmente perguntou depois de meia hora de viagem, tempo recorde dela pra saber das fofocas, já que todo o papo do trajeto até então se deu sobre a presença ilustre no grupo.

Miyeon. A namorada médica ex ausente e agora presente de Sana, que não chegou a dividir opiniões propriamente falando, mas que gerou muito entretenimento para o grupo que acabou na kombi, enquanto as duas mencionadas seguiram viagem na caminhonete dela. O burburinho foi tanto que coincidências ou não, por problemas técnicos na kombi, a viagem teve que ser adiada para o dia seguinte. De qualquer forma, todas acabaram no sítio até tarde da noite entre conversinhas, comidinhas e descontrações com a nova querida do pedaço.

— Ela chegou do nada, foi o tempo da Dahyun descobrir que a kombi tava sem água no motor e a nossa praia ir pro pau. Aí a gente combinou melhor pra hoje de manhã e- — Momo começou a atualizar Chaeyoung de tudo, o que demoraria um pouco mais do que o caminho até o litoral, com toda certeza.

— Não esquece da parte em que ela não teve a melhor reação quando a gente tentou organizar os lugares na kombi. Principalmente depois que você apareceu do nada, dando a entender que teria mais uma pessoa e a miss saúde não ia se sentir bem apertadinha no meio de tanta gente e mais um cachorro. — Nayeon interrompeu, demonstrando toda a sua antipatia de primeira impressão da namorada de Sana.

— Ah, nem percebi. Aliás eu achei ela gente boa até. Vocês que são perturbadas sabia? — Chaeyoung deu de ombros, quase encostando a cabeça no primeiro ombro que tinha ao seu lado. Até se lembrar quem era a dona dele e recuar. Não tinha trocado muitas palavras com Mina desde que havia voltado pra cidade na noite anterior, nada além de saudações e olhares doloridos cheios de coisas não ditas.

— Não é questão de ser perturbada ou não, certas coisas a gente sente só de bater o olho! — Nayeon exclamou com muita certeza, a principal delas é que não engolia a namorada de Sana.

— Concordo. — Momo disse do banco da frente, ela no carona e uma Dahyun muito quietinha no volante.

— A hipocrisia comendo solta aqui, olha só que cara de pau dessas duas! — Jihyo acusou faltando apenas apontar o dedo na cara das ditas cujas. Infelizmente não conseguiria, já que Nayeon estava nos fundos da kombi ao lado das bugigangas de praia junto com seu novo filho.

— Chega que nem queima né? Foi barraco no meio da rua, quebra pau na entrega das caixas, pancadaria no salão e isso que nem dá pra saber ao certo quantas vezes vocês se estapearam ou sei lá mais o que! — Um histórico muito vasto era preenchido mais um pouquinho a cada dia pelas barraqueiras de plantão, pena que o teor da lista agora já não era o mesmo.

— Coloca aí quase-barraco na padaria por culpa de uma coxinha. Tipo assim, eu sei que eu cozinho muito bem e coisa e tal e tal e coisa, mas tinha muito salgado lá pra vocês brigarem por uma coxinha! — Mina deu risada junto com Chaeyoung, inevitável não se divertir perto dela, mesmo com um grande mal entendido as separando.

— Que culpa eu tenho se a chacrete desconhece a ordem de chegada? — Os olhos das duas atravessaram a kombi retornando ao duelo do fatídico dia. — O que foi? A coxinha era minha, e tanto você sabe como me comprou outra tempos depois!

— Comprei porque eu tenho um coração muito grande, pena que as pessoas usam e abusam dele!

— Aí, lembrei de mais uma! A vergonhona lá na assembleia, essa foi impagável! Quem viu, viu, quem não viu...Não sei mais se vai ver. — Jeongyeon não se recordava de outra vez em que Nayeon foi uma desgraçada de maneira tão genial, e olha que oportunidades ela teve.

Dos Palcos Pros BarracosOnde histórias criam vida. Descubra agora