Entre cupidos e perseguições

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— Como?! Como ela descobriu? — Jihyo não conseguia acreditar que a farsa tinha caído por terra. Tudo bem, não era lá uma boa atriz, mas tentava ser convincente como Íris, a evangélica que as vezes até se esquecia que deveria parecer uma. Poxa, parecia estar dando certo! Se até o idiota do pastorzinho acreditava! Se bem que ele não deveria servir de parâmetro, uma vez que ao ver o primeiro rabo de saia, já esqueceria até do próprio nome. — A gente tá indo bem! Eu não entendo... — Se sentou junto com elas na mesa.

— Eu acho que nós demos alguns furos na história. — Nayeon até pensou em contar o real motivo de Chaeyoung ter começado a desconfiar. Que a falsa crente e a falsa hippie, supostas irmãs, não pareciam nada irmãs. Não com o teor da boiolagem impregnado nelas todas as vezes em que interagiam. — Ela é meio bocó, mas não é burra. Pelo contrário, aquela baixinha é muito da esperta.

— Ela é. Nós que somos muito lentas. Mas esquece, ela já sabe mesmo, com certeza não vai falar nada. Temos que dar fim no problema dela de uma maneira eficaz, sem mais lenga-lenga. Ela quer a Mina? Vai ter! — Jeongyeon deu uma batida na mesa de mármore da cozinha. Muito animada com sua função de cupido. — Nayeon, você vai sondar pelo lado dela. Jihyo, você vai sondar pelo lado da Mina. Eu observo de fora a situação. Fechado?

— Fechado! — Ela e Jihyo balançaram as mãos.

— Tá, e o meu problema? Eu vou ter que resolver sozinha pelo jeito né?! — Nayeon continuou andando de um lado para o outro, pensando na melhor maneira de se vingar de Momo. Nossa, a quantidade de raiva que sentia por ela neste exato minuto ultrapassava proporções comuns. Era uma raiva palpável, uma raiva quente. Muito pior do que quando foi abandonada na estrada por ela. Mil vezes pior.

— Nayeon, você já teve fases piores.

— Capilarmente falando.

Nayeon olhou pras duas, incrédula. Soltou os cabelos daquele coque preso com uma piranha, apenas para mostrar o que ambas já estavam vendo. Suas madeixas roxas, roxinhas, como uma beterraba.

— O meu cabelo está ROXO! ROXO! Parece que jogaram um vidro inteiro de violeta genciana nele! Eu estou na pior fase da minha vida, mas o meu cabelo...Esse era O MOMENTO do meu cabelo! Meu loiro era a única coisa que me lembrava que eu ainda prestava! E ela tirou isso de mim! Aquela....Aquela fertilização artificial do cruzamento entre satanás e belzebu! — Bagunçou o próprio cabelo enquanto se encarava no espelho do corredor entre a sala e a cozinha. Com tiques de arregalar os olhos sem parar, algumas olheiras, as tantas resmungadas de xingamentos que proferiu nas últimas 24 horas, e o extra grande que era a cor de seu cabelo, ela com certeza poderia ser uma punk meio emo possivelmente drogada fugida de alguma clínica psiquiátrica. — Eu vou acabar com aquela mulher. Eu vou acabar com ela.

— Satanás e belzebu são a mesma coisa. — Jeongyeon corrigiu.

— E o que carambas é violeta genciana? — Jihyo franziu a testa.

— É remédio pra cachorro. — Jeongyeon disse, segurando a risada.

— E eu lá tenho cara de cachorra?! — Nayeon finalmente sentou a mesa, dando uma pausa no surto. Jeongyeon e Jihyo se entreolharam.

— Pior que tem.

Nayeon fechou os olhos, respirou fundo, uma, duas e três vezes. Antes de encher a xícara inteira, até a boca, com café. Precisava estar a mil. Mais a mil do que já se encontrava.

— Eu odeio vocês duas. Antes de nós irmos embora, eu vou jogar vocês no pior chiqueiro que eu encontrar. — Ameaçou em tom formal, só faltando escrever uma carta em letra cursiva.

Dos Palcos Pros BarracosOnde histórias criam vida. Descubra agora