— Entregadora de flores?
— Isso.
— As pessoas ainda compram flores?
— Em uma cidade como essa, com toda certeza. — Jeongyeon disse, erguendo o óculos de sol até o topo da cabeça. — E você?
Jihyo fechou os olhos e respirou fundo, imaginando o quanto ela se irritaria naquele dia. Com tantos evangélicos fervorosos em seu pé, do lado, nunca teve tanto ódio de si mesma. Porque ainda se culpava, pensando que qualquer coreografia repetida milhares de vezes pra postar na internet, figurinos desconfortáveis, ou algumas propagandas de joguinhos duvidosos, seriam anos luz melhores do que ter que fingir ser uma crente! Usando aquelas saias horrorosas.
— Só olhar pro lado de fora.
Jeongyeon olhou, retornando a cabeça com um sorrisinho travesso direcionado a ela.
— Você não tem sorte mesmo.
— Não.
Jihyo saiu de seus péssimos pensamentos ao sentir a mão dela em seu ombro.
— Ei.
— O que foi?
— Andou aprontando alguma coisa? Isso mais me parece um castigo divino. — Disse brincalhona, deixando um aperto e recolhendo a mão.
— Você que anda aprontando, sempre tão alegrinha. De verdade, como você consegue ser assim na maior parte do tempo? — Jihyo resmungou, encarando o crucifixo em seu pescoço. Se preparando psicologicamente para entrar na igreja. Desde que tinham decidido procurarem bicos pra terem uma renda extra, não era isso que tinha em mente. Dahyun prometeu arranjar alguma coisa, só não esperava que ela arranjasse algo tão no óbvio.
— Sei lá...Apenas acontece.
— As vezes eu não sei se queria ser você ou se queria ter... — As palavras saíram no automático, e ela só não teve mais um pouco de azar, porque conseguiu parar a língua na hora certa.
— Ter o quê?
Pela primeira vez, parecia que ela Jeongyeon percebeu onde iria chegar. O que aumentou o desespero interno de Jihyo. O semblante dela não estava mais brincalhão ou algo do tipo, ela realmente queria saber, estava desconfiada.
— Ter...Ter essa facilidade em ser tão...Em estar bem. Vou entrar de uma vez, antes que digam que eu me atrasei. — Jihyo saiu do carro com nenhuma sutileza, caminhando até as escadas da igreja.
Jeongyeon praticamente pulou do banco para ir atrás.
— Então vai embora sem me dar tchau? — Andou de braços cruzados até o topo das escadas, nas portas abertas de uma igreja vazia. — Muito legal da sua parte-
— Íris! É muito bom te ver por aqui! — Bom, vazia até o filho do pastor chegar. A última pessoa que Jihyo queria ver, e a primeira que veria.
— Oi...Desculpa, eu sou péssima de nomes. — Jihyo fingiu ânimo.
— Leonardo. Cheguei a pensar que você não viria. — Ele abriu um sorriso, jogando seu mais puro charme. Até que não era de se jogar fora, tinha olhos bem escuros e uma barbinha por fazer. Nunca funcionaria. — E veio com sua amiga... — Balançou a mão em busca do nome de Jeongyeon, como se realmente quisesse saber.
— Não, obrigado. — Jeongyeon disse antipática.
— Animada pra nos ajudar? É uma parte muito importante, seremos eu e você organizando as doações que vem para a casa do nosso senhor. — Tocando no nome do senhor e lançando uma piscadinha maliciosa no final? Que blasfêmia! Safado, promíscuo! Jeongyeon semicerrou os olhos com tamanha ousadia, estava começando a se preocupar com o fato de Jihyo ficar o dia inteiro do lado daquele possível cafajeste. — Vamos, Íris? — Ofereceu o braço tal como um príncipe.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Dos Palcos Pros Barracos
FanficAs 3mix estavam no topo, estourando nas paradas. Até aquela linda carreira de sucesso ir por água abaixo, quando depois de um acidente, foram acusadas de matar o empresário. O trio só teve uma saída: Com novas identidades, fugirem pra uma cidadezinh...