14- Regras são regras

1 0 0
                                    

Diante da atual situação da corrida e com as raízes descendo, Lucas sentiu-se perdido quanto ao que poderia fazer.

— Ainda sou útil aqui? — questionou-se, percebendo sua aparente falta de utilidade. — ... Eu não deveria ter participado disso.

O jovem observou o estado do barco de Domingos e optou por permanecer em silêncio ao lado do velho, considerando esse o local mais seguro da embarcação.

(Chomp, chomp... Parece que todos estão com problemas sérios! Chomp... Eu adoro esses salgadinhos.)

— Ei, não dá para você ser mais profissional!? — exclamou Lucas, incerto se sua voz alcançaria a pessoa.

(Chomp! O que foi? Quer um pouco também?)

— Eu quero! E também um refri! — respondeu o Jovem, simplesmente não se importando mais com nada.

A corrida estava tão caótica para ele que agora só queria assistir enquanto beliscava algo.

(Toma. Chomp...)

Assim, de alguma forma inexplicável, Lucas se viu com um salgadinho de queijo e um refrigerante em suas mãos.

— ... Valeu! — expressou sua gratidão, ainda um tanto surpreso.

— Espera, isso não é injusto!? — exclamou a garota da família Cubo de Gelo, que nutria ressentimentos por Lucas devido aos acontecimentos anteriores. — Isso é claramente uma violação das regras!

(Você acha que tem tempo para reclamar? Seu barco está em último lugar, e as raízes estão prestes a atingi-lo!)

— Tch.

Os demais competidores observavam com interesse a troca de palavras entre a comentarista, Lucas e a garota, mas logo voltaram sua atenção para a corrida assim que se lembraram das raízes.

— Haha, esta corrida está muito mais emocionante do que eu imaginava — comentou Domingos, rindo. — Vamos lá, precisamos sair daqui!

E assim, a tensão da corrida ressurgiu, desencadeando respostas distintas entre os competidores, cada um optando por um dos caminhos possíveis.

Todos precisavam sair rapidamente da ravina, mas as paredes estavam congeladas e extremamente lisas. Observando ao redor, Domingos percebeu que a única saída era escalar. Ele dirigiu-se à frente de seu barco e começou a recolher a âncora até ter comprimento suficiente para balançar.

— Lucas, se apoie no mastro e não solte! — alertou o velho, examinando a parede de gelo. — Lá vamos nós!

Dito isso, ele lançou a âncora em direção à parte superior da ravina, fazendo o barco inclinar-se a ponto de Lucas deitar-se sobre o mastro, enquanto as correntes atingiam seu limite. Embora o barco tenha roçado na parede, já que ela possuía uma camada de gelo por cima, a fricção reduziu apenas ligeiramente a força da âncora.

Com a âncora firmemente fixada fora da ravina, o barco balançou como um pêndulo, com a proa apontando para cima. Enquanto subiam, o barco girava a ponto de parecer que ia virar de cabeça para baixo.

— AAHHH! Eu vou cair! — exclamou Lucas, agarrando-se ao mastro como se sua vida dependesse disso.

— Acalme-se, vou estabilizar o barco. — disse Domingos, movendo-se de cabeça para baixo no barco, como se fosse algo normal.

— Vai logo!

Vendo o barco prestes a capotar no ar, Domingos desapareceu de onde estava e reapareceu na parte inferior do barco. Com um pisão forte, fez o barco girar no ar e finalmente aterrissar de maneira correta, enquanto também segurava Lucas.

Animos Noutro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora