28 - F Polenta

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Na manhã do quinto dia, Lucas se ergueu da arquibancada, olhando para a quadra. Seus olhos estavam meio fechados, indicando sua sonolência.

— Mais um longo dia começa... — murmurou enquanto se levantava e rumava ao banheiro.

O único motivo de Lucas ainda não exalasse um aroma desagradável, mesmo com todos esses dias tomando banho com apenas água, eram os sabonetes que haviam no banheiro. Só havia um problema, eles eram líquidos e grudados na parede.

Sempre que se encontrava sozinho na escola de madrugada, antes dos alunos e professores chegarem, o jovem tomava suas próprias providências higiênicas, lavando a parte superior de seu corpo na pia. Essa foi a medida mais drástica que ele tomou até o momento.

— Esse frio também me ajuda a acordar — disse Lucas para si mesmo, terminando a "sessão de banho" na pia. — Pelo menos, minha camisa é de algodão e seca rápido. Menos mal.

Com a camisa de volta ao corpo e um arrepio do vento, Lucas, contemplativo, retornou à arquibancada e fitou a quadra, perdido em pensamentos.

— Esse mundo... é uma criação do sistema, mas também é real... — ponderou, desviando o olhar para a escola. — A escola é uma recriação, mas seriam os personagens originais? E a última parte que o sistema disse... Me incomodou um pouco.

Profundamente cético em relação ao sistema, Lucas sempre analisava cuidadosamente suas palavras.

— Por que eu não tenho um sistema normal? Sinto que estou enlouquecendo cada vez mais por causa dele...

Com as mãos sobre a cabeça, abaixando-a como se quisesse apagar seus pensamentos, Lucas suspirou.

— Mas sério, até mesmo a culpa da pulseira daquela pulga foi dele! Eu só estava pegando uma carteira aleatória para guardar na mochila e acabei pegando logo a carteira dela!? Aquele cachorro poderia ter colocado a coleira em cima da carteira, e não na parte de baixo!

Ao exprimir suas frustrações, Lucas acalmou seu animo e se levantou, pretendendo ir em direção de sua sala de aula, já que estava chegando o horário das aulas.

— Quer saber, que se dane tudo! Vou apenas mudar a história toda e ver o que acontece.

Com essa resolução audaciosa, o jovem fez a primeira mudança de atitude logo quando os alunos estavam chegando. Assim que ele viu o protagonista do anime andando em meio aos outros alunos de forma quieta e sem ser notado, Lucas colocou sua mão em volta dele e segurou seu ombro.

— Enzo, a quanto tempo! Demorei um pouco para notar, mas é realmente você!

— Hm? Eh!?

Vendo Lucas sendo estranhamente amigável enquanto apoiava seu braço em volta do seu pescoço, Enzo ficou atordoado e imóvel. Aproveitando a deixa, Lucas guiou-o em direção à quadra, onde era mais isolado.

— Cara, você não se lembra de mim? Sério?

— N-Não...

— Bem, eu também não me lembro muito de você, já que tu era quase invisível na escola.

— ...

Com um olhar de estranhamento, Enzo olhou para Lucas mais uma vez. Ele só sabia que a pessoa ao seu lado era aquele que ajudou Lara a encontrar sua pulseira.

Além disso, parecia que Alexandre andava conversando com ele, mas os dois não pareciam ter se tornado muito amigos.

— Alias, o que você tem feito? Um dia desses eu até vi você andando com uma garota linda. — disse Lucas, com um sorriso falso.

Animos Noutro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora