27 - Pessoas problemáticas

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    Deitada em sua cama, uma garota, vestindo uma roupa casual, olhava a tela do celular após um banho. Seus longos cabelos pretos se espalhavam ao redor dela enquanto mantinha uma conversa descontraída com sua amiga.
   
    — Tem certeza que vale a pena comprar pelo dobro do preço? — perguntou soltando um ícone de microfone no celular.
   
    Após aguardar alguns segundos até que seu áudio fosse ouvido, a garota recebeu uma resposta quase imediata na forma de texto.
   
    “Sem sombra de dúvidas”
   
    — Mas é realmente possível deixar um pão de queijo tão delicioso dessa forma? — questionou-se, incerta sobre o que sua amiga havia dito. — Amanhã eu quero experimentar um para saber como é.
   
    Ao enviar o áudio, a garota deixou o celular de lado por um tempo, permitindo-se perder-se em pensamentos enquanto contemplava o teto do quarto. O silêncio ao seu redor trouxe um grande alívio à sua mente, um refúgio momentâneo da sua vida cotidiana.
   
    — Melhor ir jantar… — pensou, levantando-se da cama com uma expressão serena.
   
    Ao sair do quarto, ela percorreu um longo corredor antes de começar a ouvir vozes. Devido à sua habilidade única, ela ocupava um quarto separado na casa de seus pais e só se aproximava deles para pegar seu jantar, mantendo uma distância necessária para preservar suas privacidades.
   
    — Como ela pode fazer isso… — escutou os pensamentos de sua mãe enquanto assistia a uma novela na sala.
   
    Seu pai não estava presente e nem seu irmão, então a garota apenas pegou o jantar e retornou para seu quarto, seguindo a rotina habitual que criara para si mesma.
   
    — Para existir alguém que eu não consiga ouvir os pensamentos… — murmurou consigo mesma, exibindo um leve sorriso.
   
    Depois de tantos anos vivendo uma vida permeada por pensamentos alheios, ela finalmente encontrou alguém com quem poderia agir como uma garota normal, sem a necessidade de fingir ignorância sobre os desejos ocultos das pessoas ao seu redor.
   
    — …Ainda assim, Verônica começou a ter alguns pensamentos estranhos…
   
    Mesmo sendo sua melhor amiga, a garota nunca compartilhou sobre sua habilidade, ciente por experiência própria das consequências que poderiam surgir se revelasse esse segredo.
   
    — Mentiras… Todos estão mentindo… Apenas o que está acontecendo com ela?
   
    Se Lucas tivesse conhecimento disso, reconheceria imediatamente que o arco da Verônica estava começando, mas ele também não possuía muitas memórias dessa parte específica do anime. Suas ações, de fato, estavam retardando os eventos, pois os personagens estavam atualmente focados nele.
   
    — Além disso, apenas ouvi em partes, mas para aquele Lucas chamar a Lara de pulga… Que cara grosseiro. — relembrou, recordando os pensamentos da amiga sobre a pulseira.
   
    Enquanto saboreava o jantar em seu quarto, ela olhou para o celular e viu que recebeu uma mensagem de Lara.
   
    “sem dinheiro”
   
    Ao revisitar o histórico de conversas, a garota percebeu que havia perguntado a Lara se ela queria comprar o pão de queijo que Verônica havia experimentado.
   
    — Sem dinheiro… Ela é a pessoa que mais me preocupa…
   
    Uma leve memória aflorou na mente da garota enquanto murmurava essas palavras. Ao entrar na quitinete de sua amiga pela primeira vez, ouvira alguns pensamentos estranhos enquanto Lara destrancava cada armário e examinava seu conteúdo.
   
    — Para até mesmo trancar os armários... Por que sinto que todo mundo com quem eu ando tem problemas?
   
    Com esse pensamento, ela concluiu o jantar e levou o prato para a cozinha, momentaneamente ignorando que ela própria enfrentava uma série de problemas.

   
    [Continua…]

   
    S — Realmente, só em anime para ter tantas pessoas problemáticas juntas.
   
    ??? — Isso me lembra, mas Lucas é o mais problemático, já que ele nem pertence a esse mundo.
   
    S — Verdade… Acho que esse é o motivo dele ter se dado bem com os outros.
   
    ??? —  Bem, ao menos temos agora uma visão da heroína do anime, que parece estar ciente dos problemas dos outros.
   
    S — Se ela sabe deles, então por que não ajuda a resolvê-los?
   
    ??? — Por causa de seus próprios problemas que ela mesma não consegue resolver.
   
    S — Então o protagonista, que vem de fora, é aquele que consegue ajudá-los?
   
    ??? — Não, o protagonista apenas serve para ajudar a heroína, o resto é papel dela.
   
    S — Então não é ela o verdadeiro protagonista!?
   

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