15 - Um bom refri

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Após o encerramento repentino da corrida, a confusão se instalou entre os competidores. Lucas, que havia encontrado um breve momento de alívio com seus salgadinhos e refrigerante, os quais havia guardado na mochila, estava tentando compreender a situação.

— Espera aí, como a corrida pode simplesmente terminar assim!? — exclamou a garota da Família Cubo de Gelo.

(Não importa o que digam, está terminado!)

Após essas palavras, todos ouviram um som agudo, indicando que a comentarista havia desligado o microfone. O silêncio pairou no ar entre os competidores, sem saber o que deveriam fazer.

Seus barcos ainda seguiam em direção ao centro da flor, mas como já não havia mais nada a ganhar, não havia motivo para continuar.

O primeiro a mudar de rota foi o barco da garota da Família Autômato. Em silêncio, ela começou a voltar pelo caminho que haviam percorrido. Junto a ela, a garota dragão também ajustou sua rota para voltar.

— Nunca imaginei que a corrida terminaria assim... — murmurou o velho, olhando para o horizonte com uma expressão pensativa.

— O que faremos agora? Devemos voltar? — perguntou Lucas, sentindo um alívio imenso ao perceber que aquela corrida insana finalmente havia chegado ao fim. Enquanto falava, ele não resistiu à tentação e começou a saborear os melhores salgadinhos de queijo que já provou na vida. — Hm? Isso aqui não é um pão de queijo? Como pode ser tão incrível!?

Domingos olhou para o jovem com um sorriso divertido, enquanto Lucas devorava os salgadinhos sem perceber.

— ... Vamos, não há mais nada para ser fazer por aqui. — disse o velho, ainda sorrindo.

Enquanto reposicionavam o barco para voltar, uma embarcação de gelo se aproximou, acompanhando-os em sua trajetória. A brisa fresca proveniente do barco vizinho trouxe um alívio bem-vindo para Lucas, que enfrentava o calor do deserto.

— Esse escudo está atrapalhando um pouco... — murmurou ele, enquanto desativava o escudo. — Bem melhor...

A barreira que Domingos havia criado certamente foi muito útil, mas já não havia motivos para usá-la.

— Agora que esta competição terminou, que tal termos uma conversa? — sugeriu o ancião da Família Cubo de Gelo, pulando do seu barco para o de Domingos.

Atrás dele, estava sua filha, lançando olhares a Lucas que pareciam quase letais. O jovem optou por ignorá-la e permaneceu na borda do barco, desfrutando da sensação do vento gelado em sua pele.

Simultaneamente, a garota da Família Incêndio e seu irmão também entraram no barco, deixando o deles amarrado à traseira da embarcação de Domingos.

— O que é isso? Não vão pedir permissão antes de entrarem no meu barco? — indagou o velho com tranquilidade.

— Pedimos desculpas pela invasão — disse o jovem ruivo da Família Incêndio, esboçando um sorriso. — Tivemos algumas complicações e gostaríamos de pedir para usar seu barco para retornar.

Atrás dele, a garotinha ruiva tinha uma expressão abatida, mostrando sinais evidentes de cansaço. Ela estava tão exausta que apenas ficou em silêncio enquanto seu irmão negociava.

— Certo, vocês podem ficar até retornarmos — respondeu Domingos, antes de se virar para o ancião da Família Cubo de Gelo. — Então, o que gostaria de conversar?

— Bem, por que não nos sentamos? — disse o ancião, criando duas cadeiras de gelo para eles.

Ele permaneceu perto da borda do barco, cuidando ainda de sua embarcação, e convidou Domingos a se sentar com ele.

— AE de gelo é bem conveniente... — murmurou Lucas, observando os dois sentados em bancos de gelo.

— Hunf, Claro que é. — disse a garota de cabelos prateados, que de alguma forma apareceu próxima ao jovem.

Lucas ficou ligeiramente surpreso com o seu aparecimento repentino, mas logo lembrou-se de que mal conseguia acompanhar os movimentos de todos durante a corrida e suspirou.

— Então, precisa de algo? — perguntou o jovem, olhando para a garota à sua frente.

— Não! — ela respondeu abruptamente, virou-se e dirigiu-se à Família Incêndio.

— ... — em silêncio, Lucas observou a garota. — Por que ela veio aqui?

Mas assim que Lucas se voltou para o barco de gelo e decidiu abrir o refrigerante, percebeu que sua mão estava vazia.

— ... Sério? — pensou o jovem.

— Ah!

Ouvindo um leve grito, Lucas olhou na direção da garota da Família Cubo de Gelo e viu sua roupa encharcada de refrigerante. Além disso, ela o encarava com uma expressão furiosa.

— Pf... Ao menos, está quente. — disse ele, tentando segurar o riso. — Então, mesmo que eu guarde algo na mochila, o que estiver dentro também sofrerá com os movimentos que eu fizer... — pensou o jovem, percebendo o motivo do refrigerante ter explodido na mão da garota.

Também era possível considerar que alguém tivesse agitado o refrigerante antes de entregá-lo a ele, mas Lucas optou por acreditar que era sua movimentação no momento e depois ele testaria melhor.

Já que você está com tanto calor, vou te refrescar um pouco! — exclamou a garota, enquanto um ar congelante saía de seu corpo.

Lucas começou a tremer com o frio repentino e até mesmo sentiu arrepios estranhos percorrendo seu corpo. Uma tontura começou a atacar sua mente e ele mal conseguia se manter em pé..

— Q-Quer me matar!? — gritou o jovem, apoiando-se na borda do barco e tentando respirar, mas apenas o ar gelado entrava em seus pulmões.

Durante a corrida, a garota de cabelos prateados havia usado essa habilidade, mas naquele momento Lucas estava com seu escudo. Agora, sentindo isso sem proteção alguma, poderia facilmente matá-lo.

— Foi você quem começou. — falou ela, interrompendo sua habilidade.

Lucas tentou acalmar seu corpo, mas parecia que ele não estava respondendo mais. Sem perceber, sua visão foi ficando escura até que tudo se apagou.


[Continua...]


??? — Até mesmo depois da corrida, ele quase foi morto...

??? — Mas como o refrigerante que eu dei para ele acabou assim?

??? — Sistema, explique.

[Mochila: Pode armazenar até 10 itens no momento.]

[Apesar de serem armazenados em um espaço separado, como a habilidade está dentro do corpo do proprietário, ela acompanhará seus movimentos.]

??? — Aahh!! Me explique com exemplos!

[Se o proprietário pular, os itens dentro da mochila também pulam. Se o proprietário cair, os itens sofrem o impacto da queda.]

??? — Então é por isso que é chamado de mochila e não inventário...


Animos Noutro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora