26 - Preocupações desnecessárias

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Levantando-se de cima de sua bolsa e sentando-se, Lucas percebeu a presença de uma jovem garota nos degraus mais baixos da arquibancada. Ela o encarava com seus olhos castanhos, exibindo uma expressão levemente duvidosa.

— O que foi? Deseja algo comigo? — indagou Lucas, com um olhar de dúvida.

— Só estava curiosa do motivo de você estar ai, deitado. — respondeu Lara, subindo os degraus.

— Você não tem nada melhor para fazer?

— Na verdade, não.

Lucas notou que a garota, ao chegar do seu lado, carregava uma bolsa quase transbordando de materiais. Isso o fez lembrar de seu passado, quando costumava levar todos os livros consigo, evitando o trabalho de separá-los para cada dia.

— Ei, essa bolsa já não está quase maior que você? — comentou Lucas, achando graça na situação.

— Não, ela não está! — respondeu Lara, um pouco irritada.

— Que tal comprar um armário? Ou uma mochila com rodinhas, combinaria perfeitamente com você.

— Por que uma mochila com rodinhas combinaria comigo!? Espera, nem se atreva a responder! — replicou Lara, ainda mais irritada, antes de acalmar-se e continuar. — ...E um armário é muito caro.

— Verdade, mas você poderia apenas comprar com alguém.

— ... Não, prefiro levar os livros comigo.

Dito isso, Lara sentou-se na arquibancada e retirou a mochila das costas, massageando os ombros.

— Sabe, não temos mais nada para falar, então por que está sentando do meu lado? — indagou Lucas, ainda sem compreender por que a garota havia aparecido.

— Não é como se você fosse o dono desse lugar, certo? Então eu posso sentar aqui! — respondeu Lara, de forma presunçosa.

— Pois é, então tchau. — disse Lucas, levantando-se.

— Ah, espera! — chamou a garota, segurando o pulso do jovem. — Como você pode ir embora dessa forma?

— E eu vou embora de que forma? Voando?

— Você entendeu o que eu quis dizer!

Observando que Lara não pretendia soltar seu pulso, Lucas suspirou e sentou-se novamente. Ele havia pensado um pouco sobre como deveria interagir com os personagens, mas esta garota parecia ser a mais problemática.

O jovem não recordava muito do anime, mas tinha uma vaga lembrança de que ela tinha muitas amigas, incluindo a heroína, que era uma de suas melhores amigas. Essa era a razão pela qual ele não conseguia entender o porquê dela querer continuar conversando com ele depois de o mistério ter sido resolvido.

— E então, por que você veio até aqui? Não vai embora com suas amigas? — perguntou Lucas, esticando-se no banco de pedra da arquibancada.

— Eu consegui fazer elas irem embora sem mim. — explicou a garota, olhando para a quadra. — De qualquer forma, eu vivo em uma quitinete aqui perto, então não importa para mim se eu sair tarde.

— Hee... Hm? Apenas o que é isso? — questionou Lucas, com uma bolsa de cor salmão em seu colo.

— O que... Ei! Por que você está fuçando na minha bolsa!? — exclamou Lara, puxando a bolsa rapidamente para longe.

No entanto, ao fazer isso, Lucas retirou involuntariamente algo que estava dentro da bolsa dela. Olhando para o objeto em sua mão, o jovem viu um rádio um pouco antigo que funcionava a pilha.

Vendo que Lucas havia pego algo, Lara rapidamente tomou o rádio de suas mãos e o guardou de volta em sua bolsa. Ela foi tão rápida que o jovem ficou surpreso com sua agilidade.

— ...Apenas o que você carrega dentro dessa bolsa? — perguntou Lucas, com um olhar de estranheza. — Não vai me dizer que está carregando coisas inúteis ao ponto de enche-la desse jeito, certo?

— Isso é problema meu! — respondeu a garota, segurando firmemente a bolsa, como se estivesse protegendo algo valioso.

Lucas olhou para Lara, sem saber como reagir. A quantidade de coisas que Lara carregava em sua bolsa era enorme e, se a maioria fosse coisas inúteis como aquele rádio, não havia razão para carregá-la.

Ambos permaneceram em um estranho silêncio por um tempo até que um deles decidiu sair.

— ...É, acabou o papo, então eu tô indo. — disse o jovem, se levantando novamente.

— Eu também tenho que ir, já que a escola está fechando. — falou a garota, de pé com a bolsa nas costas.

Sem esperar por Lara, Lucas caminhou para dentro da escola e entrou em uma das salas abertas. Ele planejava se esconder até que a garota fosse embora e então voltaria para a quadra.

Enquanto passava o tempo sentado em cima de uma carteira, o jovem decidiu conversar com o sistema.

— Sistema, tenho percebido uma coisa... Essa escola não é meio familiar para mim? — perguntou Lucas, lembrando de tudo que havia vivido até aquele momento na escola. — Ela certamente me lembra um pouco da escola que eu ia no ensino médio.

[A escola é uma recriação, mesclando alguns elementos da escola original do proprietário e da escola do anime.]

— Se esse é o caso... Então esse não é o mundo do anime original? — questionou o jovem, sempre considerando que estava no anime.

[O mundo do anime é uma criação fictícia, então o sistema buscou um mundo o mais parecido possível, com algumas adaptações.]

— Então por que eu não posso sair!?

[Como o anime se passa, principalmente, na escola atual em que o proprietário está, o sistema considerou desnecessário carregar informações adicionais do mundo.]

— ...Hã?

Ouvindo a resposta do sistema, Lucas ficou ainda mais confuso.

— Espera, explique melhor isso ai!

[O sistema já forneceu informações excessivas, portanto não responderá mais perguntas do proprietário por tempo indeterminado.]

— Droga...

Desanimado, o jovem olhou para a tela de resposta do sistema e decidiu deixar esse assunto de lado. Ele já sabia que não poderia esperar nada do sistema, então sua frustração se dissipou rapidamente após alguns segundos.

— Apenas quanto tempo vou ter que passar nesse mundo até poder retornar... — murmurou Lucas, ainda incerto de como atender às suas necessidades básicas.

No entanto, suas preocupações eram infundadas, pois no dia seguinte...


[Continua...]


S — Então a história está finalmente prestes a começar!?

??? — ... Na verdade, ela já começou.

S — Mas o que eu quero ver é o Lucas subindo de nível!

??? — Mesmo que você deseje ver isso, ele aprendeu algo muito importante neste mundo.

S — E o que seria?

??? — Nunca confie no sistema.

S — ... Isso já não era óbvio?

Animos Noutro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora