20 - Banho Garantido

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Fim das aulas, com a maioria dos alunos deixando a escola, Lucas dirigiu-se até a quadra externa, que não foi utilizada no dia anterior devido à chuva. Ao chegar lá, observou alguns estudantes jogando basquete, enquanto outros pareciam treinar chutes ao gol.

Apesar de a escola não ter clubes esportivos, ela ainda oferecia espaço para os alunos praticarem esportes após as aulas, desde que nenhum professor estivesse utilizando o local.

— Agora, a pessoa que eu devo procurar é... Certamente aquele cara ali.

Lucas reconhecia apenas uma pessoa entre todos os que estavam praticando. Era um jovem atlético e musculoso, resultado de sua constante prática esportiva. Sua pele estava bronzeada, e ele tinha cabelos castanhos claros e olhos azuis. Qualquer pessoa que o visse diria que ele era um homem bonito, atraindo a atenção de muitas garotas.

Ao lado da quadra, protegidas pela grade que a envolvia, havia um grupo de garotas assistindo e torcendo pelo jovem que acabara de acertar uma cesta.

— ...Não tenho ideia de como jogar basquete, mas deve estar tudo bem.

Entrando na quadra, Lucas foi abordado por um jovem de cabelos pretos, um pouco mais alto que ele.

— Hei, é perigoso entrar aqui. — alertou o jovem.

— Licença... Será que posso me juntar? — perguntou Lucas, um pouco hesitante.

— Você tem alguma experiência jogando?

— Nenhuma.

— Então é um novato... Venha.

Lucas seguiu o jovem até um canto da quadra, onde alguns alunos estavam sentados, observando os outros jogando. Ele fez uma rápida apresentação, dizendo seu nome e sala, antes de se juntar a eles, apoiando-se na grade enquanto acompanhava a partida de basquete em andamento.

— Bem, não parece tão complicado assim, certo? — pensou Lucas, tentando manter o ânimo enquanto observava o jogo.

Na partida, o jovem atlético que ele havia notado antes fez uma cesta incrível e recebeu aplausos das garotas que o assistiam. Lucas não podia deixar de sentir uma pontada de inveja, mas sabia que era impossível para ele fazer algo parecido naquele momento.

Após algum tempo, o jogo chegou ao fim, e os jogadores se dirigiram até o grupo de espectadores, incluindo Lucas. Aqueles que estavam cansados se sentaram no chão, permitindo que os espectadores entrassem em campo.

Observando essa dinâmica, Lucas percebeu que provavelmente os que estavam descansando eram veteranos que aproveitaram para treinar primeiro e, em seguida, permitiram que os menos experientes praticassem entre si. Dessa forma, as partidas se tornariam mais equilibradas, e a diferença entre as equipes diminuiria.

No entanto, quando Lucas decidiu se juntar a uma partida com os outros novatos, ele se deparou com um grande problema. Ele havia encarado o esporte de maneira superficial, apenas tentando entender suas regras enquanto assistia, na esperança de que pudesse pelo menos se juntar à prática, mas um detalhe que o jovem havia esquecido era a sua total falta de experiência e habilidade, além do seu status no sistema, que era tão baixo que ele provavelmente perderia para uma criança.

— Como eu posso... Ser tão fraco!? — pensou, olhando para o céu, enquanto lutava para recuperar o fôlego.

Lucas se viu derrotado, caído no chão da quadra após sua tentativa frustrada de participar do jogo de basquete. Ele percebeu que subestimara completamente a dificuldade do esporte e sua própria falta de habilidade.

Por mais que se esforçasse ao máximo, Lucas descobriu que bastava um pequeno contato físico para derrubá-lo facilmente. Além disso, por algum motivo inexplicável, a bola parecia sempre encontrar o caminho até sua cabeça sempre que alguém tentava passá-la para ele.

O jovem não tinha mais noção de quantos machucados acumulou em uma única partida, chegando ao ponto de preocupar até mesmo o time adversário, que começou a evitar se aproximar dele.

Lucas se sentiu desanimado e envergonhado por sua atuação desastrosa no jogo, mas ao menos ele sabia que seu objetivo original não era se tornar um jogador de basquete.

— Ei, você está bem?

— Sim, de alguma forma... — respondeu Lucas, antes de virar o rosto e ver quem estava perguntando.

Quem estava ao seu lado era o personagem atlético que ele lembrava do anime. O jovem o ajudou a se levantar e começou a conversar.

— Seu nome é... Lucas, certo? — perguntou o jovem atlético, lembrando da breve apresentação que Lucas havia feito quando se juntou à quadra.

— Sim.

— Prazer, meu nome é Renato. Eu estava te assistindo e... Você é novo no basquete, né?

Lucas assentiu, achando um pouco estranho conversar com um personagem de anime.

— Olha, não sei como dizer isso, mas... Pode ser um pouco perigoso para você começar a praticar agora.

— ...

Lucas ficou em silêncio, sabendo que não havia como contestar.

— Não estou te dizendo para desistir, está bem? — falou Renato, com um sorriso meio sem graça enquanto estava com uma das mãos atrás da cabeça. — Por que você não começa fazendo um aquecimento com a gente todos os dias? Nós sempre fazemos alguns treinos físicos antes de começar, e isso pode te ajudar.

Ouvindo a proposta, Lucas fez um suspiro interno, aliviado por ter uma forma de concluir seu objetivo.

— Ok...Ah, posso pedir um favor? Você sabe como consigo a chave do vestiário? Já que eu preciso voltar limpo para casa por motivos pessoais. — pediu o jovem, tentando deixar implícito que haveria problemas se ele voltasse suado.

— Hm... Posso consegui-la para você, já que ninguém mais tem usado o vestiário pois preferem apenas sair da escola e se limpar em casa.

— Sério? Obrigado!

— Hahaha, não foi nada. Vou busca-la, mas lembre-se de devolvê-la após terminar.

— Certo!

Com isso, em troca de um corpo cheio de machucados e dores musculares, Lucas conseguiu um dos seus objetivos, o banho.

[Continua...]

??? — De certa forma, esse era o objetivo mais fácil dos três.

S — Por que ele não apenas pediu a chave para os professores ou algo assim?

??? — Seria um tanto estranho um aluno que não participava de esportes solicitar a chave do vestiário, especialmente sabendo que ele precisaria dela diariamente.

S — Sei... Aliás, ainda bem que não foi jogar futebol.

??? — Me pergunto se ele levaria um chute no rosto e desmaiaria...

Animos Noutro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora