Capítulo 20

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Trigo, ovos, leite, e mais uma grande variedade de ingredientes preenchiam a mesa da cozinha.

Bolos, tortas, muffins, e principalmente panquecas eram os pratos do café da manhã que Elain estava preparando.

Ela havia acordado cedo para começar a preparar tudo, quase tão cedo quanto Feyre e Rhysand que partiram para uma sessão de treino perto do Rio.

O cheiro de comida preenchia o ar e enchia o ambiente. Passos pesados soaram e a porta da cozinha foi aberta. Cassian passou por ela, o nariz enrugado sentindo o cheiro no ar.

Quando enfim adentrou completamente a cozinha – com Azriel a reboque – seus olhos se fixaram na pilha de panquecas a mesa. Elain sorriu doce.

"Sinta-se a vontade. Da onde vinhetas essas a muito mais, então não se acanhe" Elain apontou para algumas jarras na mesa "Temos calda de chocolate, xarope e mel. E, a..." apontou para os bolos, tortas e outros alimentos a mesa "mais tudo isso. Sintam se a vontade para comerem o quanto quiserem". Então olhou para Azriel, apontando para os bules "Café e chá se preferir"

Azriel acenou em agradecimento, mas Elain jura ter visto indícios de um sorriso.

"O que acha de ruivas, Azriel?" Ela se perguntando.

Azriel parecia tão supreso quanto ela mesma por fazer tal pergunta – embora ela escondesse isso com um sorriso doce.

"Como?" Azriel estava genuinamente confuso.

"Mulheres ruivas. O que acha delas?"

"Boas?" Era mais uma pergunta do uma resposta. Elain ergueu uma sobrancelha. Inquisitiva. Azriel arrumou a postura. "Bonita. Pelo mesmo a que conheço ou já conheci eram muito belas. Por que?"

"Você combina com ruivas" Elain se voltou para a massa que estava preparando.

Azriel trocou um olhar confuso com Cassian. O general deu de ombros, a boca estufada de panquecas.

Elain guardou seu avental assim que terminou de preparar a última panqueca. Havia porções delas em cima da mesa.

"Irei atrás de Rhysand e de minha irmã, não quero que o café esfrie, mas sintam-se a vontade para comer quanto quiser" Elain sorriu para os dois machos Illyrianos. "Nestha deve acordar logo, então se preparem de algo peçam a ela"

Não levou muitos minutos para chegar ao Rio. Rhysand e Feyre estavam treinando os poderes dela, ela ainda não tinha muito controle sobre eles.

Eles pareciam estar treinando seus poderes de águas. Vendo até onde ela podeia ir. Ele se viraram pata ela assim que ela estava próxima o suficiente para seus passos serem ouvidos.

"Ella!"

"Bom dia Feyre. Rhysand" deu a ele um aceno educado que foi retribuído. "O café da manhã está pronto"

Ela se aproximou mais. Parando  a beira do rio. Uma pequena coluna de água se erguia ao come do de Feyre.

"Uau" Elain estava um pouco maravilhada com o que via.

Ela nunca havia visto magia antes. Era esplêndido.

Feyre sorriu. Com um movimento das mãos, finas porções de água rodearam Elain, como se dançarem ao seu redor.

"Rhys está tentando me ensinar a fazer dar forma a água, mas ainda não obtive sucesso"

Elain sorriu para Feyre, ainda muito entretida com a água flutuando magicamente ao seu redor. "Continue tentando. A prática leva a perfeição"

Feyre sorriu, um pouco cansada, mas feliz que sua irmã não estava assustada.

"A maioria dos humanos estariam no mínimo surpresos, se não apavorados presenciando magia pela primeira vez" Rhysand comentou. Se supreso pela reação fora do comum dela, ele disfarçou muito bem.

"A coisas mais aterrorizantes de se ver, além de uma bela demonstração mágica" disse Elain, a voz um pouco pesada. O sorriso um pouco amargo.

Feyre comprimiu os lábios.

"Como o que?" O Grão-Senhor ousou perguntar. Feyre deu a ele um olhar de alarme firme.

"Morte" Elain disse, um pouco sombria. "A morte é muito mais aterrorizante do que a magia. Eu vi minha mãe morrer, não acho que haja coisa pior do que isso"

Era verdade.

Elain não gostava de Mara Archeron. A detestava para dizer o mínimo. Mas a mulher ainda era sua mãe, e ela não teve uma morte bonita. Sua morte ainda perturbava os sonhos de Elain, com imagens tenebrosas. Pesadelos. E ainda pesava em Elain, o verdadeiro motivo. Esse era um segredo que Elain guardava a sete chaves das irmã. Não era bem sobre o que ela tinha feito, mas sobre o que não fez. Ela não se arrependia, mas também não se orgulhava.

O Grão-Senhor senhor parecia um pouco arrependido por perguntar. Sua boca já estava meio caminho aberta, quando Elain o interrompeu antes mesmo que ele começasse a falar.

"O café da manhã está pronto. É melhor irmos antes que esfrie"

Elain sorriu, e Rhysand não sabia como interpretar bem tal sorriso.

Enquanto voltavam para casa, a mente de Elain estava trabalhando, ela não conseguia lembrar o que, mas ela sabia que estava esquecendo algo.

Rhysand e Feyre andavam juntos um pouco a frente dela, conversando entre si, enquanto ela mesma estava perdida em pensamentos.

Um chacoalhar de asas soou atrás dela. Um arrepio lhe subiu a espinha. Uma enorme sombra se projetou sobre ela. Elain se virou em um ato instintivo.

Uma figura imponente com grandes asas de couro, mãos com garras e presas de prata afiadas – uma besta, uma fera, monstruosa, putrida, sombria, das Trevas – se projetava sobre ela. Suas garras estendidas para ela, em ataque.

Elain mal teve tempo de desviar, caindo e rolando no chão, com uma das garras da horrenda criatura raspando sua pele, ferindo seu braço. Sangue escorrendo por toda a extensão do membro superior esquerdo. Sangue vermelho, quente e pegajoso. Seu sangue humano.

"Elain!" O grito aterrorizado de Feyre ecoou por toda a clareira da floresta que as separava de sua casa.

A besta olhou para Feyre, como se reconhece um antigo inimigo. A besta não falou – Elain nem se recordava se ele podia – apenas gruniu e atacou. Partindo para Feyre em um rasante.

Mas ele nem mesmo chegou minimamente perto dela. Magia negra como a escuridão da noite o envolveu o arrastando para longe dela. Para longe delas.

"Não Ouse chegar perto da minha parceira" ela ouviu Rhysand dizer. A voz baixa e fria, como uma promessa de morte.

Então como quem quebra as peças de um brinquedo, o estralo dos ossos da fera soou. Seus ossos se partindo, as asas quebrando.

Feyre se prostou a frente dela, tampando sua visão da cena mortífera e que daria pesadelos a humanos comuns.

"Ella, olhe pra mim. Se concentre em mim" havia urgência cada poros de Feyre. Suas mãos segurando o rosto de Elain, a mantendo concentrada nela.

Foi só então que Elain percebeu como estava tremendo, e pela forma como Feyre a olhava, ela tinha certeza que deveria ter um olhar aterrorizado.

Elain se fixou em Feyre. Tentando ignorar os sons de dor da besta feerica, a cada osso de seu corpo se partindo. Tentou ignorar o som dos ossos se quebrando. Ela estremecia a cada som. Feyre moveu suas mãos para suas orelhas, abafando os sons ante seus ouvidos.

Elain tentava se concentrar em outra coisa que não fosse os sons de luta – se é que se podia chamar assim – de Rhysand contra a besta feerica – Attor se ela se recordava corretamente do nome. Tentava se concentrar no sangue quente ainda escorrendo de seu braço, e por todo ele. Suas roupas agora sujas pela terra umida. Na ardência de suas mãos, e joelhos arranhados, e na dor do corte em seu braço. Na sensação quente e macia fãs mãos da irmã em seus ouvidos. Do cheiro de essencia de lilás e pera de Feyre.

Elain estava aterrozada. Ela havia encontrado a morte novamente.

A Morte havia passado por seus olhos como um piscar novamente.

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