Capítulo 28

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A semana havia sido difícil, talvez a mais difícil semana de toda a vida Elain.

Uma semana após o Caldeirão. Sete dias depois do inferno.

Elain não falava. Não comia, dormia ou bebia.

Sua garganta se fechava a cada vez que abria a boca. Um aperto em sua garganta a cada vez que tentava falar, como um gatilho para uma crise de choro.

Não conseguia manter nada no estômago. Apenas o cheiro de qualquer alimento lhe revirava o estômago, pensar em comer era o suficiente para deixá-la engoada.

Tão pouco conseguia dormir. Seu sono repletos de sonhos e pesadelos. De visões. A lembrança ainda vivida do passou no Caldeirão, de tudo o que ocorreu em Hybern, ainda muito vivida em sua mente, e sempre era a primeira coisa a atrapalhar seu sono durante a noite. Era também a principal causa de temer o sono, de ter medo de dormir.

Quando conseguia adormecer novamente após acordar do pesadelo que era aquela memória dolorosa, seu sono era preenchido com visões. E Elain via muitas coisas.

Passado, presente e futuro se misturavam em seus sonhos.

Ela viu, no passado, a mãe e a irmã de Rhysand, a morte delas. Viu a senhora da Outonal e seu caso com Helion. Viu Helion em angústia por ter que se manter longe do filho, como mesmo após trezentos anos em que ele aperfeiçoara em tratá-lo como um estranho ainda doía nele. Viu Eris e parte de sua infância, sua vida e motivos que faziam dele quem era, viu o que aconteceu entre ele e Mor, e agora sabia mais do que nunca, que havia um segundo lado naquela história.

Ela viu Cassian, o príncipe dos bastardos, e parte de sua vida no acampamento Illyriano junto dos dois irmãos. Azriel e sua infância conturbada, trancado dentro de uma cela na escuridão. Viu Morrigan e seus sonhos em meios aos pesadelos. Viu Amren na prisão e que ela teve que fazer, desistir, para se libertar dela.

Viu num passado muito, muito mais distante do que ela podia contar, dois machos amantes. Viu uma fêmea que carregava um livro, e outra que tecia alho que não conseguia distinguir. Viu um macho de cabelos branco que parecia o puro mal. E como a história dos quatro se embaralhava, se conectavam, entre si. E como havia muito mais naquela história que ela ainda não havia visto.

Viu Feyre e parte de sua estadia na Corte da Primavera. Viu ela em sob a montanha, e depois dela.

Mas principalmente, viu Lucien. Sua dor através dos anos. Com o tratamento de seu pai. O tormento de seus irmãos, a crueldade deles - Eris era o melhor deles, o que não era muito, ele não o atormentava, mas também não fazia nada para impedir os outros irmãos, Elain não sabia se ele não se importava ou fingia não se importar, embora parecesse mais a segunda do a primeira opção. Vira o amor dele por Jesminda, o romance deles, o amor delas florescer, e como acabou tragicamente. A dor dele com a perda de Jesminda, a morte dela, como aconteceu. A fuga dele para a Corte Primaveril, como Eris garantiu que Tamlim o guardaria lá. E ele achou que tinha encontrado uma família lá. A amizade entre ele, Andras - o lobo que Feyre matara - e os outros dois sentinelas, Bron e Hart. A lealdade dele com a Corte Primaveril, com Tamlim. Viu Ianthe, o que ela fez com ele. Viu sob a montanha. A perrca de seu olho.

Ela viu muito e muitas coisas.

Também viu parte do futuro que os esperava.

Foi difícil absover toda a informação que estava sendo despejada nela.

Ainda mais com toda a angústia que a perseguia desde de o Caldeirão.

Ela não conseguia olhar para uma banheira sem entrar em pânico. Quem dirá entrar em uma.

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