Capítulo 9

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A neve do lado de fora estava intacta e não parecia haver nenhum perigo a espreita. Pelo menos era isso que Elain conseguia ver pela janela. Se ela não soubesse o que as aguardava, até mesmo poderia acreditar que aquela era uma manhã normal no dia posterior à um dia de caça bem sucedida, feita por Feyre.

Mas ela sabia bem, sabia muito bem, que a qualquer momento uma fera – grande e desaforada – feerica entraria na velha cabana delas quebrando a porta para levar Feyre delas.

Elain pensou no faria. Deixaria Feyre ir como no enredo original, ou interferiria? Mas o que ela faria? Mesmo que tentasse, duvidava que conseguiria interferir de forma significativa, mas talvez não custava tentar.

Ela não sabia o que fatia ainda, mas no momento estava tentando não surtar. Ou parecer louca.

"Ella, está tudo bem?" Feyre perguntou.

Depois de vomitar horrivelmente depois de ver a carcaça do lobo, Elain havia desmaiado, e desde que acordará a algumas horas, suas irmãs estavam preocupadas. E fato de que estava olhando para o exterior das janelas a cada cinco minutos – muito discreta aliás – não estava ajudando a acalmá-las.

"Claro" respondeu, seu olhar não desviando da janela "por que não estaria?" Perguntou como se realmente não tivesse nada demais.

"Você vomitou quese até morrer, e desde que acordou está quase surtando de ansiedade, olhando para o lado de fora a cada cinco minutos, não pós nada no estômago até agora, e tenho quase certeza que daqui a pouco abrirá um buraco no chão de tanto andar" Nestha replicou com uma carranca, preocupada ou irritada Elain não sabia. "O que poderia estar errado?" Ironizou.

Feyre ao lado dela apenas olhou para Elain ainda mais preocupada. "Ella tem certeza que está tudo bem? Por que não tenta comer alguma coisa?" Pediu.

Elain abriu a boca para responder, mas nada saiu dela. O que ela poderia dizer para sua doce irmã mais nova naquele momento? Que a qualquer momento uma besta feérica – loira de farmácia – iria invadir aquela cabana que elas detestavam, mas apreenderam a chamar de lar, e a levaria para um futuro de perdas e dor? Mas que no final proporcionaria a ela um amor feliz e inquestionável?

Elain não sabia o que dizer, ou o que fazer, mesmo que depois de tudo Feyre fosse ganhar mais do qualquer pessoa, ela tinha mesmo que passar por aquilo? Tinha mesmo que sofrer todas aquelas provações? Ela não meria. Elas não mereciam. O que tinham feito para terem que passar por tanto? O que Feyre havia feito para passar por tanto? Não era justo.

E foi ali, olhando para sua doce irmã mais nova, que Elain decidiu que não deixaria que aquele futuro acontecesse. Ou pelo menos tentaria evitar.

Mas ela não teve muito tempo para pensar em como faria para evitar aquele destino inevitável. Não quando a velha e decadente porta do casebre delas foi arrombado, e o rugido feroz de uma besta implacável ecoou por toda a cabana. Elain sentio os ossos tremerem, o ambiente esfria, e o mundo parar. Ela não tinha mais tempo.

Elain olhou para a besta parada na porta, seu corpo se movendo para ficar em frente ao de Feyre em uma pose protetora – mesmo que ela fosse a mais capaz de se defender das três –, Nestha se prostou ao seu lado, o braço direito em frente a ela. A três tremiam e temiam a besta diante delas.

O animal era tão grande quanto um cavalo, o corpo embora lembrasse o de um urso, se movia como o de um felino, a cabeça era nitidamente lupina, com chifres enormes como os de um alce. A besta era medonha. Feérica. E olhava para elas como se pudesse, se quisesse, estraçalha-las. E então a besta falou. Gritou.

"ASSASSINOS!" A voz soou feroz, o som se amplificando no cômodo fechado. "ASSASSINOS!" A besta gritou de novo.

"Saia" Elain ordenou, a voz baixa, mas fria e cortante, não um pedido, uma ordem. A besta não pareceu dar ouvidos.

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