Capítulo 1

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Elain sentia seus pulmões sendo precionados, eles ardiam como o inferno e tudo o que ela queria - por razões desconhecidas- era chorar e berrar a plenos pulmões pelo forte incômodo.

E quando a pressão passou foi isso que fez, chorou forte, mas seu choro não podia ser seu, ele era infantil demais para ser seu.

Sentiu mãos quentes a segurando e panos a rodearam. O tempo parecia confuso para ela, era como se ela não conseguisse captar todos os acontecimentos ao seu redor e o tempo parecia passar rápido demais.

Quando menos esperou já estava no colo de alguém. Ela não sabia quem era, não conseguia abrir os olhos - como se não tivesse forças para um ato tão simples - e sua audição estava ruim.

"Veja, meu senhor" uma voz aparentemente feminina disse, muito próxima a ela, Elain supôs que eram da pessoa que a segurava "mais uma menina" a voz parecia carregar amargor e certa quantidade de rancor muito bem disfarçados. Elain sentiu ser mudada delicadamente de colo, para um de braços mais fortes.

"Uma bela menina, tenho certeza que também herdado sua beleza minha senhora" uma voz agora masculina soou perto de dela, diferente da voz feminina, nessa havia calor e carinho, uma pontada de amor.

"Se é o que acha meu senhor, então certamente está certo" a voz feminina falou "como vai chamá-la?" perguntou. A voz masculina próxima dela demorou um pouco a responder

"Elain, a chamarei de Elain" a masculina voltou a falar, ainda mais amável.

"Como desejar meu senhor" a mulher falou, certo desprezo em sua voz, o homem que a carregava não pareceu notar.

Elain sentiu um dedo tocar seu rosto, acariciando sua bochecha suave delicadamente, como se tivesse medo de ferir.

"Minha doce Elain" o homem disse baixinho como se só ela devesse ouvir, um ósculo sendo depositado em sua cabeça.

O sono a levou depois disso.

Pelo que parece serem os próximos dias, Elain continuou em uma variável entre ter pouca consciência e leve percepção das coisas ao seu redor e a inconsciência, como se seu corpo não tivesse forças para se manter acordado por muito tempo.

Além é claro dos momentos em que estava, com fome ou com cólica, onde a única coisa que ela aparentemente podia fazer e o fazia de forma totalmente instintiv, era chorar. Chorar até que fosse alimentada, chorar até que descobrissem que estava com dor, e as vezes até mesmo chorava quando estava suja.

Elain não sabia o que estava acontecendo, ela estava morta não estava? Ela deveria estar morta, e a situação que estava vivendo não tinha sentido. Não que soubesse o que estava acontecendo, mas pessoas mortas não podiam sentir, nem ouvir, nem passar fome ou dor.

Ela ainda não podia abrir os olhos, e não descobrir o que estava acontecendo a frustava, e isso a fazia chorar. Ela chorava por tudo últimamente, e ela odiava isso.


●●●

Elain não sabia quanto tempo havia se passado, mas se as contas dela não estivessem erradas - e ela esperava que não - deveria fazer fazer um mês que ela estava ali.

Nesse tempo ela havia entendido algumas coisas, como por exemplo, o fato que ela era um bebê. Ela havia renascido, como isso era possível? Ela não fazia ideia. Ela havia renascido novamente como Elain, e isso era tudo que ela sabia por enquanto.

Naquele dia era também, a primeira vez em que ela abria os olhos corretamente. Ela havia tentado antes, mas logo os fechava, pois a luz os machucava e isso a fazia chorar. De novo. Quando não havia luz cegante, havia escuridão por todo lado e ela não via nada.

A primeira coisa que viu assim que teve certeza que seus olhos não arderiam com a luz, foi um teto muito alto e bonito. Ela não consegui ver bem a janelas, mas sabia que elas eram grandes e a luz que passava por elas, iluminava todo o quarto.

Ela não sabia que hora eram, embora ela pudesse julgar que não passava do meio-dia por contar da luz do sol que entrava em seu quarto. Ela havia sido deixada sozinha no recinto Grande demais para um bebê. Ainda mais um bebê tão jovem como ela. Ela não deveria ter alguém com ela? Nem mesmo sua aparente mãe estava por perto.

Elain não sabia quanto tempo havia se passado desde que acordou, e ela estava se preparando para dormir novamente quando o som de destrancar da fechadura da porta soou pelo quarto.

A porta do quarto foi aberta devagar. Quem quer que estivesse entrando, não queria ser percebido. Sons de passos curtos preencheram o quarto, em direção a ao berço de Elain. Mãos pequenas e infantis de uma criança pequena surgiram na barra de seu berço, olhos azuis acinzentado a olhavam curiosamente. Era uma garotinha de no máximo 2 anos , com cabelos castanhos dourados e muito bonita.

A criança de cabelos castanhos dourados e olhos azuis - características que pareceram serem muito familiares para ela, por alguma razão -, tinha nariz fino e arrebitado, assim como um queixo fino. Ela seria uma grande beleza no futuro, Elain contastou.

"Então você é a minha irmã mais nova?" Perguntou inocentemente. Sua voz infantil chegando como uma brisa aos ouvidos de bebê de Elain. Sua fala ainda era um pouco embolada devido a pouca idade. Elain são sabia como uma criança tão jovem havia conseguido chegar a seu berço, mas seja lá como essa o fez, dava a Elain uma duvida, ou ela era bastante inteligente para a idade ou era uma capelinha. Elain torcia para ser a primeira opção.

"Você é tão pequena" a criança voltou a falar, sua voz calida "Meu nome é Nestha, Nestha Archeron. E eu sou sua irmã mais velha" a criança se apresentou com orgulho, como se aquilo fosse um fato muito importante.

Elain que até agora só estava encarando a criação com curiosidade enquanto mexia suas mãozinhas, arregalou os olhos.

Nestha? Nestha Archeron? Como Feyre Archeron, a protagonista de acotar? Espere...se aquela criança, Nestha Archeron, era A Nestha Archeron, e ela era a Elain, A Elain...isso queria dizer..queria dizer..

Não!

Não podia ser. Ela não podia ser Elain. Elain Archeron. Irmã mais velha de Feyre Archeron, a protagonista. A Elain que não ajudou a irmã em tempos de necessidade, a Elain que foi jogada no Caldeirão primeiro, a Elain parceira de Lucien e que o rejeita, a Elain vidente abençoada pelo Caldeirão, a Elain de passado descrito, a personagem sem desenvolvimento algum.

Elain não podia ser, A Elain. Ela era só uma garota órfã normal com uma vida pacata e monótona, que nunca fez nada grandioso na vida e que não tinha perspectiva de um futuro promissor. Por Deus! Ela nem se quer já havia sido beijada alguma vez em sua última vida. Como ela uma pessoa tão sem graça e sem nenhuma característica relevante e sem presença alguma, havia reencarnado com Elain Archeron, A Elain Archeron!

Elain não havia percebido que em meio a sua pequena crise existencial, havia começado a chorar e espernear.

"Oh, o que foi? Por que está chorando" a voz infantil perguntou - a voz infantil de Nestha Archeron - ela parecia preocupada e receosa, seu rosto se contorcendo em uma careta adorável "Por favor não chore, você não fica bonita chorando. Sua cara se enruga e fica parecendo um joelho".

Nestha parecia um pouco desesperada enquanto tentava falhamente acalmar a irmã, não que isso fosse uma surpresa, visto que ela era apenas uma criança de 2 anos. Já era bastante impressionante que ela estivesse tentando o fazer, em vez de se juntar a Elain em seu choro, ou fazer birra.

Ali olhando para o rosto infantil de uma jovem Nestha, Elian sentiu o peso da realidade a bater. E bater com força.

Ela era Elain Archeron, a vidente, a abençoada pelo Caldeirão, mas além disso, ela era a irmã de Feyre Archeron, a quebradora da maldição, a Grã-Senhora da Corte Noturna, a protagonista. Ela era Elain Archeron, e ela havia renascido.


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