Kian
Nathan já havia transado com algumas garotas àquela altura. Quanto a mim? Bem, após aquela cena, havia optado por apenas beber. Não conseguia tirar a garota de suéter vermelho da cabeça enquanto tentava entender o que havia acontecido.
— É sério que não vai transar com ninguém? — Nathan se recostou no bar ao lado de onde eu estava sentado.
Depois da minha saída, perdemos a mesa do canto, sobrando apenas a opção de sentar no bar.
— Você não viu o que aconteceu — Encarei Nathan nos olhos — Eu não entendi nada. Em um momento eu estava com a minha transa garantida, no outro, ela foi embora. E então uma outra garota surge das sombras e começa a seguir ela até chegarem na casa da loira.
— E a estranha não fez nada? — Nathan ergueu uma sobrancelha
— Não, nem tocou na loira — Virei mais uma dose de uísque antes de continuar — E quando a loira começou a entrar em casa, a estranha tinha sumido.
— Reconheceu a garota?
— Não vi o rosto dela — Pensei nos cabelos ruivo-cobre, o modo de andar e a pele pálida como a lua. Não lembrava de ninguém assim
— Que bizarro. — Nathan expressou — Ah! Mas deixa disso, Kian. Escolhe outra e pronto.
— Não, vou para casa — Me levantei — Chega de bizarrice por hoje.
— Fala sério — Nathan resmungou
— Aproveite você — Dei uma batidinha no ombro dele antes de atravessar a multidão e sair da festa lotada e barulhenta.Em meu andar entediado de costume, tornei a me esgueirar entre os carros do estacionamento, tirando as chaves do carro do bolso quando avistei meu carro. O estacionamento estava mais frio e vazio, e ainda mais escuro quando ouvi alguém guinchar um palavrão seguido do som de sapatos arrastando no asfalto que me fizeram parar de súbito.
— Me larga, Bob! — uma voz feminina, assustada, berrou.
— Nós vamos conversar, Chelsea! — o tal Bob respondeu entre dentes.
— Eu não quero!
— Mas você vai! — Os dois surgiram no meu caminho, a uns 10 passos de distância, mas nenhum deles me notou ali.Bob puxava a garota pelos pulsos que tentava se soltar inutilmente, o olhar assustado enquanto era levada para o canto mais escuro do estacionamento.
— Ela não quer ir com você. — Falei alto e forte, o que fez o humano parar e desviar o olhar da garota para me encarar. A irritação de Bob, emanando de seu corpo e me envolvendo como um convite. Um desafio — Ficou surdo?
— Ninguém perguntou para você, heroizinho— Bob puxou a garota com violência, agarrando ela pela nuca e, então, apontou um dedo para mim — Fica na sua!
— O que foi que você disse? — Comecei a caminhar em direção a ele.
Bob empurrou a garota para o lado, sem recuar perante o olhar assassino que eu lhe dava. Isso vai ser divertido, pensei enquanto decidia de que forma mataria o humano que esperava por mim.
— Bob, por favor, para! — a menina chorou, agarrada em um carro.
— Cala a boca, Chelsea! — Bob rosnou, erguendo os punhos — Vou acabar com esse filho da puta.Trinquei os dentes e cerrei os punhos, pronto para cometer um assassinato. De repente, uma energia nova rompeu o ambiente, me deixando tão aturdido que precisei parar no meio do caminho.
— Você não quer fazer isso, Bob — uma nova voz ecoou, atraindo o olhar de Bob e o meu para o mesmo ponto nas sombras onde uma garota surgiu. A garota de suéter vermelho.
Pisquei, descrente, absorvendo cada detalhe dela dessa vez. Os olhos azuis prata focados no humano, os lábios rosados pelo frio entreabertos, os cabelos ruivos acobreados que caíam sobre os ombros com ondulações perfeitas nas pontas. A garota tinha uma pele branca como a lua, que também parecia brilhar, combinava com seus movimentos angelicais e sua postura firme. Definitivamente, ela não combinava com aquele lugar.
— Eu não…quero — Bob a encarava, em transe, calmo, e confuso.
— Não. — a garota se aproximou, ainda olhando ele nos olhos — Você vai levar Chelsea em casa e, depois, vai deixar ela em paz. E vão ser muito felizes assim.
— É. Certo. — ele assentiu e Chelsea veio para o lado dele — Vamos, Chelsea.
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Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro um
Fantasy"É sempre assim? O pecado é sempre tão tentador?" Eufórica por finalmente ser um anjo protetor, Dara Lorenz se prepara para descer à Telluris e cuidar da proteção dos humanos. É nesse primeiro contato que ela percebe como o mundo pode ser violento...