CAPÍTULO 22

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Kian

Fazia dois dias que Dara subiu.

No instante em que cheguei em Lirya, me encontrei com Nathan. Para variar, na casa dele. Narrei todo o nosso encontro com Verena, tirando as partes sobre mim e sobre Dara se tornar um anjo caído para ficar comigo. Vai que ela muda de ideia.

De qualquer forma, Nathan tinha coisas a dizer sobre a revelação de Verena.

— O anjo mais puro de Caelum? — Nathan coçou o queixo — Isso não me é estranho, Kian. Me soa familiar.

— Isso é bom? Ruim?

— Não sei — Nathan passou as mãos no cabelo — mas vou procurar saber.

— Certo. Verena também falou sobre a vida de Dara…— Pigarreei — Ela tinha namorado?

Nathan ergueu as sobrancelhas.
— Verena disse que Dara era desejada por muitos, mas amada apenas por um — expliquei

— Ah, certo — Nathan cruzou os braços — Talvez ela tivesse. Mas se Dara é pura, nunca deve ter acontecido nada.

— É. Talvez ela não tivesse ninguém. — murmurei

— Eu descobri mais uma coisa — Nathan vasculhou uns papéis e tirou um jornal gasto do meio deles — O filho de um fazendeiro que vivia aqui na época que Dara morreu deu queixa do desaparecimento do filho no dia da morte de Dara. O garoto sumiu no dia que ela morreu. Coincidência ou talvez seja nosso assassino?

Encarei a foto do garoto no jornal. Zadkiel Florens.

— Verena disse que o assassino não está mais em Telluris — devolvi a ele o jornal — acho que já não precisamos nos importar com isso.

Com isso, eu fiquei em meu apartamento, olhando para o céu através da minha janela esperando ver ela descer.

Agora, dois dias depois, já não tenho certeza que ela vai voltar.

Eu sabia que o tempo corria diferente em Caelum. Para mim foram dois dias, para ela poderiam ter sido horas.

Ainda assim, me sentia inquieto e ansioso.

***

Sequei uma garrafa de uísque e estava partindo para a próxima. Que se foda Dara! Ela pode ficar com aqueles anjos de asas brancas…

Ela provavelmente decidiu ficar lá. O dia estava acabando e eu estava cansado de ficar olhando para o céu, esperando. Sempre esperando.

E eu acreditei mesmo que ela ia cair, né? Isso que dá passar tanto tempo com anjos do céu. Você acredita que é igual a eles.

A porta da frente do meu apartamento se abriu, e eu nem me dei ao trabalho de virar para olhar. Sabia que era Nathan só de sentir a energia. Abri mais uma garrafa de uísque.
— Cara, ainda aí? — ele chegou mais perto — O que está fazendo?

— Ela disse que viria — tomei mais um gole.

— O quê?

— Dara…— Tentei falar o mais claro possível, mas o álcool estava fazendo efeito — Ela disse que voltaria. Mas, não voltou.

— Ah — Nathan suspirou — Eu…lamento, Kian.

Dei uma risada amarga e me levantei, olhando dentro dos olhos dele.
— Lamenta? Você queria ela para si.

— Agora você tá falando merda.

— Eu senti. Eu vi como você olhava para ela. — cambaleei para mais perto dele — Não me venha com conversa.

Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora