CAPÍTULO 11

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Dara

De volta ao meu apartamento, eu folheava em uma mesa no canto do quarto o livro que encontramos na biblioteca. Kian não me deixou, apenas se jogou na minha cama e agarrou um globo de neve que estava no cômodo e que eu não havia notado até então, e começou girar nas mãos de modo distraído e muito relaxado, como se morasse ali há anos.
—Você é muito abusado, sabia? — Comentei , sem olhar para ele.

— Não reclama, Bravinha. Sei que está gostando de me ter por perto.

— Seria uma aposta perdida— Bufei, mas mordi a língua.

— As que negam se apaixonam mais rápido— Ele retrucou, dando uma risada seca e rápida.

Eu o encarei, impaciente, e agora o anjo caído havia largado o globo de neve e colocado os braços atrás da cabeça, tornando ainda mais visíveis os músculos por baixo da roupa. Quando ele havia tirado a jaqueta de couro?
— Você não consegue parar? — Consegui retrucar.

— Certo, Certo. — Ele fechou os olhos, mas o sorriso não sumiu de seus lábios.

Curvados e, aparentemente, macios. Olhando para ele agora, só conseguia pensar no quanto Kian parecia comum e natural deitado na minha cama, presente naquele ambiente, e o quanto eu gostava da presença dele. Isso, é claro, até lembrar que ele é um anjo caído e que ele caiu por algum motivo. Mesmo que eu não conseguisse imaginar ele fazendo algo de errado, Kian havia feito algo ruim o bastante para ser expulso do céu. E eu não podia esquecer daquilo.
— Espero que esteja me imaginando nu — Ele comentou de olhos ainda fechados.

— Você é muito obsceno— Tornei a folhear o livro, sentindo minhas bochechas arderem.

— Por que está em Serein?— Ele mudou de assunto.

— Para salvar pessoas, óbvio. Não conhecia Serein, e nenhuma das cidades, mas ouvi falar que sempre há pessoas para serem salvas aqui. Visto que encontramos algo maior, acredito que essas terras sejam muito mais que isso.

— É, talvez.

— E por que você mora aqui em Lirya?

— Cidade fria, tem bares, garotas que gostam de ir pro mato transar. E outros fatores assim...

— Que horror — Estremeci.

— Já andei por muitas cidades, essa aqui só vai ser mais uma.

— Entendo. E aquele seu amigo? — Perguntei sem pensar e nem erguer o olhar do livro.

—Nathan? — Kian soou surpreso — Hã, ele mora há anos antes de mim, foi aqui que nos conhecemos, mas só nos tornamos amigos meses depois, em Sorin.

Olhei para Kian, que estava concentrado em mim. Não sei se pelas perguntas ou porque eu não estava olhando para ele antes, mas o fato é que eu estava interessada nele. Interessada, não, curiosa. Porém, com aquele ritual, queria encontrar qualquer coisa que me desse respostas sobre o que poderia ter profanado essas terras.

— E em todos esses anos você nunca ouviu falar de um ritual feito nessa cidade?

— Não — Kian franziu a testa — Será que Nathan sabe?

— Talvez. — Dei de ombros — Se ele vive aqui há mais tempo que você, talvez saiba de algo mais.

Kian continuou me encarando com interesse, e eu não pude evitar me sentir transparente perante o olhar penetrante dele, tão profundo e intenso que podia jurar que minha aura vibrou e reluziu.
— Você gosta de ser um anjo do céu? — Kian perguntou de repente, para meu espanto.

Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora