Dara
Kian e eu encontramos Nathan e Verena na manhã seguinte tomando café em uma cozinha rústica que possuía um fogão a lenha e um de indução; uma bancada de madeira e mesa redonda. Os dois estavam sentados à mesa de frente um para o outro, trocando olhares enquanto bebiam seu café, mas logo olharam para mim e Kian quando entramos de mãos dadas no cômodo.
O ar estava carregado de uma energia de sabor cítrico. Senti meu rosto esquentar, mas logo notei que não era apenas Kian e eu exalando luxúria.— Bom dia, pecadores — Verena ergueu a xícara e apontou para as cadeiras — sentem.
Nathan não disse nada. Apenas continuou bebendo seu café. Kian grunhiu e se sentou à mesa, me puxando para seu colo quando tentei sentar no outro lado da mesa em um lugar próprio. Verena revirou os olhos.
— Você não consegue tirar suas mãos dela?— Quanto vai custar? — Kian respondeu e a bruxa ergueu uma sobrancelha.
— Tirar as mãos dela? Bem…
— Você entendeu, Verena.
Engoli em seco quando ela sorriu e uma sombra passou por seus olhos amarelos.
— Vamos decidir isso depois.— Não — Kian pousou uma mão sobre a mesa, diante dela — Preciso saber se vendi minha alma ao diabo.
— Não seja dramático, Kian. — Verena me olhou daquele jeito que me fazia corar — Talvez eu peça algo bem simples.
Kian rosnou e a bruxa riu mais um pouco. Nathan pigarreou, o que chamou nossa atenção. A energia trocada entre ele e Verena estava densa, fortalecendo o ácido em minha língua deixado pela tensão sexual entre os dois.
— Vejo que Nathan pagou alguma parte — Kian conseguiu abrir um sorriso e o amigo bufou em resposta.— Do jeito que o fiz implorar — Verena balançou a mão — Diria que apenas fez mais dívidas.
— Verena…— Nathan a olhou, irritado, mas a bruxa apenas riu.
Abaixei a cabeça sentindo meu rosto ferver. Era tão estranho pensar em Nathan transando com Verena quando ela ficava dando em cima de mim, transando com lobos e pedindo que Kian e eu fossemos para sua cama juntos. A bruxa era linda, talvez a mulher mais linda que eu já tenha visto, e o pior é que ela tinha consciência disso.
— Veremos o pagamento depois — Verena ergueu uma mão, fazendo um fio de ouro brotar da palma e envolver seus dedos — e eu prometo que não vou pedir nada que os prejudique ou que seja impossível de ser pago.
Kian grunhiu, mas concordou a contra gosto.
— Muito bem — Nathan pigarreou — Posso deduzir que a noite de vocês foi o bastante para recarregarem as energias. Agora, precisamos encontrar o Guia.Certo. Respirei fundo antes de explicar a eles o que eu sabia sobre Guias.
São seres que assumem formas de animais; seres puros que entram nas vidas humanas e fazem papéis de amigos, guiando, protegendo ou seja o que for. Não chegam a ser anjos da guarda pois há limites para o que podem fazer, mas são muito importantes na formação de caráter ou condução de uma vida humana. Alguns Guias optam por fazer esse papel na própria pele humana, mas ainda preferem a forma animalesca. Por terem a alma de animais, de certo modo, conseguem contatar os Serafins.É um pouco difícil os achar pois suas auras não emitem nada; não há como identificá-los a não ser que eles se apresentem. Muitas bruxas tentam escravizar Guias para os terem como servos e protetores, e ajudarem em seus feitiços. Uma bruxa com um Guia é muito poderosa; alguns Guias até se apresentam como servos de bruxas, mas isso é mais raro ainda já que são espíritos livres. E para achá-los, é necessário estar entre eles, fazer uma oração e mostrar a pureza de seu pedido. Se um Guia julgar que o pedido é puro e desejar ajudar, ele vai se apresentar.
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Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro um
Fantasy"É sempre assim? O pecado é sempre tão tentador?" Eufórica por finalmente ser um anjo protetor, Dara Lorenz se prepara para descer à Telluris e cuidar da proteção dos humanos. É nesse primeiro contato que ela percebe como o mundo pode ser violento...