CAPÍTULO 18

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Kian

Saímos dos limites de Serein ao cair da noite, adentrando o território de Verdent. Percorri mais alguns quilômetros até parar na beira da estrada, na frente de uma placa led vermelha.
— Vamos passar a noite aqui? — Dara encarou o prédio de um andar, com paredes gastas e uma porta dupla na entrada.
— Sim. Está escuro demais e é perigoso. Podemos encontrar outros tipos de demônios.
— Que lugar é esse? — Ela agora analisava a placa vermelha.
Eu olhei também, observando o acender e apagar das luzes letra por letra. Motel.
— É uma hospedaria — Engoli em seco e saí do carro.

Dara veio logo atrás de mim até estar ao meu lado.
Por dentro o lugar era mais ajeitado. Havia uma área de espera, um caminho para o bar, carpete cor creme limpo e um perfume floral de limpeza no ar. Atrás da recepção havia um homem magricela de cabelos medianos, óculos quadrados e barbichas no queixo. Parecia bastante entediado, mas notou quando nos aproximamos para nos registrar.

— Boa noite — ele bocejou — Quantas horas?
— A noite inteira — Dara respondeu.

Eu engasguei. Puta merda. O recepcionista analisou ela e deu um sorriso de canto antes de voltar a atenção para o computador.

— Temos um quarto restante, com banheira, água quente e ar condicionado.
— Está ótimo — Peguei minha carteira
— Vou pegar nossas coisas — Dara começou a se afastar.
Toquei levemente o pulso dela, ganhando sua atenção.
— Cuidado.

Soltei-a e ela assentiu, saindo em passos firmes. Dara havia feito uma mochila em seu apartamento, com coisas humanas que talvez fosse preciso - curativos, roupas e até coisas que Nathan nos deu, como o carregador do celular e a adaga de bronze que ajudava com os demônios e que Dara havia ignorado horas antes. Pelo menos ela lembrou dessa vez.
— Noite inteira, hein? — a voz do recepcionista me arrancou dos meus devaneios e eu ergui olhar, dando a ele um sorriso de raposa.
— O que eu posso fazer? Ela é insaciável.
Dara voltou e o recepcionista parou de rir no mesmo instante.
— Vamos — Abri caminho para ela passar
— Certo. E obrigada — Dara sorriu para o recepcionista.
— À sua disposição — ele piscou para ela.

Certo. Agora eu quero jogar ele de uma janela…
Segurei Dara pela mão enquanto plantava na mente do humano aquela imagem. Ele caindo, caindo, caindo, o chão mais perto…
— AAAAHR!! — ele berrou.
Olhamos para ele e eu imitei a expressão confusa no rosto de Dara. O humano parecia mais confuso que nós, então continuamos o caminho ao nosso quarto, mas não antes de eu lançar ao humano um olhar feroz de advertência.
— Aquilo foi estranho — Dara murmurou.
— Humanos — dei de ombros
— Não diga isso — mas ela estava rindo.
Chegamos ao quarto que nos foi indicado e, ao passarmos pela porta, Dara congelou. Merda.
— Que tipo de hospedaria é essa?
O quarto era vermelho com muitos espelhos; iluminado por uma luz fraca com um pole dance em um dos cantos. A cama era redonda coberta por lençóis de seda vermelha, com camisinhas na mesa de cabeceira, e uma música sexy tocando ao fundo. Cheirava a morango.
— Hospedarias de beira de estrada são assim mesmo — me atirei na cama.
— Você não está tentando me enganar, não é?
Me apoiei em meus cotovelos.
— Jamais, Bravinha.
Dara torceu o nariz e se sentou em uma poltrona ao canto.
— E só tem uma cama. Céus.
— Nós vamos esperar amanhecer — Ergui uma sobrancelha — a não ser que tenha outros planos para a cama.
— Não. — Ela respondeu, cortante, se ocupando em analisar a decoração do quarto.
A cada momento que passava com ela, cada minuto em sua presença, acordava algo diferente dentro de mim que eu nunca havia experimentado.Começou como uma inocente curiosidade, mas já não conseguia negar que havia passado disso a muito tempo. A curiosidade se tornou desejo. Um desejo ardente que queimava minha alma e corrompia meus sentidos.
Dara voltou os olhos para mim e se sobressaltou ao ver que eu ainda olhava para ela.
— Vou tomar um banho — Saltei da cama, esfregando as mãos suadas na calça.
Parei na soleira da porta e olhei para ela.
— Quer vir junto?
— Claro! — Dara se levantou.
Meu coração disparou no peito e eu arregalei os olhos. O quê…?
No último instante, Dara sorriu e se afastou até a janela.
— Engraçadinha — Minha voz saiu trêmula e eu entrei no banheiro.
Me encostei contra a porta tentando regular meus batimentos. Que porra é essa?
Tirei minhas roupas e fui para baixo do chuveiro. A água quente deslizou com cada linha dos músculos em meus ombros, braços, abdômen, caindo entre minhas pernas. Eu apoiei os braços na parede e abaixei a cabeça, molhando meus cabelos na esperança de que fosse o bastante para clarear minha mente. Fechei meus olhos. E talvez tenha sido esse o erro pois minha mente vagou até a garota de cabelos ruivos e olhos azuis-prata no outro cômodo, e eu consegui imaginar com perfeição o brilho perolado de sua pele, ficando rosada e vermelha sob minhas mãos.
Meu pau ficou duro.
Gemi baixinho e o acariciei com as mãos, lentamente, pensando nos lábios rosas de Dara, na suas mãos que já tocou a minha, no corpo leve, frágil e ao mesmo tempo tão firme, cheio de curvas e tão pequeno.  Fechei os olhos, bombeando com força ao imaginar as mãos dela em mim; imaginar sua pele branca ficar corada, a umidade que ela teria entre as pernas quando eu a chupasse em cada delicioso ponto de seu corpo, sons que sairiam daquela boquinha quando eu entrasse nela pela primeira vez e rompesse seu hímen, primeiro devagar, lento, e depois com com força, brutal e mais rápido…mais rápido…mais… grunhi ao sentir aquele êxtase crescendo…
Merda! Ela é um anjo de Caelum. Isso é…isso é….
Soltei minha ereção e troquei a temperatura da água pela gelada, e aquilo ajudou a acabar com o fogo em minhas veias e o membro rígido entre minhas pernas, mas não o suficiente para tirar  Dara que dominava cada vez meus pensamentos.
Coloquei minha calça após enxugar meu corpo e saí do banheiro com a camisa jogada nos ombros. Em Verdent não era frio como em Serein, o que significava que eu podia ficar sem camisa sem congelar minhas bolas.
No quarto, Dara lia sua revista deitada de bruços na cama. Os cabelos ondulados como cascatas, sua bunda estava em evidência, bem valorizada pelo jeans que ela usava. Mil coisas passaram pela minha cabeça, todas elas obscenas.
Joguei a toalha e minha camisa na poltrona, e me deitei ao lado dela na cama. Dara me olhou e se afastou aos gritos, caindo da cama.
— Dara! — me apressei em ajudar.
— Não, não! — Ela se levantou depressa, balançando os braços para me manter longe.
— O que foi?
Dara começou a andar de um lado para o outro, sem olhar para mim.
— Você não entende! Não entende, Kian! Pelos Céus! Vou ter que começar tudo de novo?
— Do que você está…?
— Fica aqui! — ela apontou para mim e entrou no banheiro.
Me deitei na cama e, minutos depois, ela retornou. Estava com os cabelos úmidos e com uma blusa mais fina que me permitia ver o contorno de seus seios. Puta merda.
— Não me olha assim — ela deixou a toalha junto da minha.
— Assim como?  — minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.
— Como se estivesse pensando coisas impróprias.
— Não posso dizer que não estou. — Sorri de canto.
Dara abaixou a cabeça e se sentou na ponta da cama, evitando constantemente olhar para mim - ou para meu peito exposto.
— Quer que eu vista uma camisa? — quebrei o silêncio.
Dara virou o pescoço tão rápido que eu fiquei com medo dela o quebrar. Ela hesitou por alguns instantes, olhando para minha “nudez” e meus olhos.
Ela gosta…
— Seria melhor — Dara soltou um suspiro e virou o rosto mais uma vez.
— Você nunca sofreu tentação antes, não é? — Peguei minha camisa e a vesti.
— Não. Nunca.
— Entendo. — me deitei, dessa vez com o corpo virado para ela.
— É sempre assim? — Os olhos dela vieram para os meus — O pecado é sempre tão tentador?
— Sim. Sempre. — Engoli em seco — Aquilo que queremos é justamente o que não podemos ter.

Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora