CAPÍTULO 12

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Kian

Tudo bem. Fiquei super irritado ao ver minha espécie atacando uma garota humana indefesa em busca de sexo, ainda por cima pelo prazer de estrupar alguém. Porém, ver a lápide de Dara e ,descobrir assim, que ela morreu quando tinha 16 anos, me deixou mais enjoado do que qualquer coisa que já havia testemunhado na vida. 

— Eu morri? — Dara arfou, e eu a encarei, observando ela tentar recuperar o ar — Estou morta? Um anjo da morte me buscou e…fui…levada…?

— Ei…ei…— Acabei com a distância entre nós e segurei o rosto dela com ambas as mãos, olhando dentro daqueles olhos prateados — Calma, Dara. Fique calma. 

Ela respirou fundo, mantendo os olhos focados nos meus. Eu estava perto, tão perto que sentia a respiração dela nos meus lábios e o cheiro dela mais evidente, tão forte que fiquei zonzo - Pera e Baunilha. Puta merda. 

O simples aroma dela foi o suficiente para me deixar duro; e sentir nos dedos a maciez e o calor da pele de Dara fez aquela eletricidade que me envolvia quando ela estava perto ficar ainda mais forte. E lá estava eu, perdido no olhar dela, hipnotizado pela simples presença e existência de Dara. Se eu não tivesse certeza que ela não era capaz de usar seus dons comigo, poderia afirmar que estava hipnotizado. 

— Kian? — a voz de Dara me despertou — Já pode me soltar. 

— Ah! Claro — Me afastei, pigarreando para disfarçar meu desconcerto. 

E foi então que eu senti. Aquele impulso e decepção por não ter tocado os lábios dela. Por ter o encanto rompido e meu desejo frustrado. Como eu queria enterrar meus dedos naqueles cabelos ruivos e pressionar meu corpo contra o dela para que ela pudesse sentir... Que merda! Dara é um anjo do céu que nunca cairia por mim, e que eu, jamais, poderia machucar dessa forma. Seria um sacrilégio e o pior pecado que poderia cometer; por mais sujo que me julgasse ser, não faria algo assim. Não com ela. 

— Você está bem, Kian? — Dara se aproximou, erguendo a mão para tocar o meu ombro, mas eu me afastei dela um passo, pigarreando mais uma vez. 

— Pode me explicar essa lápide? — Apontei, encarando a pedra de mármore com o nome dela gravado — Você morreu muito jovem. Estava doente? Por isso é um anjo da guarda? 

— Não, não posso explicar. Eu…eu sempre achei que era um anjo nascido no céu — Dara olhou para mim — e anjos da guarda nascem de almas que foram mortas de forma injusta e violenta.

— Sério? — Ergui minhas sobrancelhas. Nunca procurei saber sobre anjos da guarda.

— Sim. Na verdade, o sentimento que toma o coração daquela alma é o que define o caminho e de que forma ela vai renascer. 

Faz sentido…

— E você não lembra de nada da sua vida humana? 

— Não. E eu nunca ouvi falar disso. Os anjos lembram. Pelo menos, aqueles que conversei. Como posso não lembrar? 

— Bem, eu não sei, mas talvez não tenha sido tão…tão…— Tentei encontrar as palavras de encorajamento, mas elas fugiram no último instante.

— Cruel? — Dara completou por mim — Violento? Injusto? E por qual outro motivo eu teria virado um anjo?

— Pela vontade do seu puro coração — Coloquei a mão sobre o peito e franzi a testa mais uma vez, analisando os traços de Dara — Você não é um espírito, não é?

Dara semicerrou os olhos e socou meu braço. 

— Sou bem sólida!

— Ai! Que soco forte para uma anjinha. — Ergui as mãos em rendição quando Dara trincou os dentes — Só estava tentando te animar. 

Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora