CAPÍTULO 15

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Kian

— Tem mais coisas — Quebrei o silêncio depois de longos minutos. Dara, que havia permanecido imóvel desde minha (nada) extraordinária confissão, finalmente saiu de seu estupor e veio para o meu lado, encarando o arquivo e as informações que eu lia — Não encontraram nenhum suspeito, nem a arma do crime, apenas uma longa pena no local. 

— Será que o anjo da morte deixou cair? 

— Não sei — Desci o olhar e senti os pelos do meu braço se arrepiarem ao ler a última informação — Teve uma testemunha. 

— Quem? 

— Nathan Willer — Olhei para ela, e ela me olhou de volta, espantada. 

— Nathan? O seu amigo Nathan? 

Assenti e encarei a folha novamente, sentindo a irritação me percorrer as veias a cada informação do testemunho do crime. Nathan havia mentido. Não. Ele havia omitido informações. Ele encontrou o corpo de Dara e pediu socorro. Ele estava lá. 

— Por que ele não disse nada? — Dara indagou

— Se ele achou seu corpo, devem ter pensado que ele matou você. — Mesmo que sentisse estar traindo minha amizade com Nathan, precisava compartilhar aquilo para entender as coisas — Nathan foi…acusado injustamente antes de eu cair. 

— Humm. — Dara franziu a testa — Então se Nathan era um caído e esteve presente no dia da minha morte, talvez ele saiba dizer mais sobre o que sentiu ou viu. Não acha? 

— Precisamos falar com ele agora — Fiquei de pé e ajudei Dara a se levantar. — Acho que ele vai surtar quando te ver. 

***

Não era segredo onde Nathan estava e, para encontrá-lo, não foi difícil. Bebendo sozinho em um pub pequeno e com luzes de led falhando ao som de uma música deprimente, ele se encontrava virando doses de um líquido âmbar. Eu fui na frente, ocultando Dara levemente. Era bom irmos com calma.  

— Nathan? — Toquei o ombro dele. 

— E aí, Kian? — Ele se virou e, assim que ergueu o olhar, o rosto empalideceu e o corpo se ergueu bruscamente, de modo que o banco do bar caiu quando ele se afastou. — Puta merda!

Não era com essa calma, mas serve…

— Calma — Ergui uma mão.

Nathan apontou para Dara que agora estava ao meu lado encarando-o com seu olhar hipnotizante. 

— Você está morta! Você…você…

— Podemos ir para outro lugar? — Dara se aproximou para sussurrar no meu ouvido, coisa que me arrepiou, levemente. 

— Venham — Agarrei Nathan pelo ombro e o empurrei para o lado de fora. 

Em um canto escuro, Dara e eu encurralamos Nathan, que se manteve encarando Dara como se fosse uma miragem. Não gostei nada daquilo e, talvez, tenha chegado mais perto dela, só por precaução.

— Vejo que me conhece — Dara ergueu as sobrancelhas. 

— Você mentiu para mim — Acusei em seguida

Nathan olhou para mim com seus olhos verde-oliva arregalados.

— O quê? 

— Não me disse que conhecia Dara quando perguntei sobre ela. 

— Eu…eu fiquei preocupado quando você perguntou. Você nunca falou no nome dela, achei que desconfiava de mim. Que tinham te contado algo e…sei lá…

Um Doce Sacrilégio | Corações Infernais | Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora