Casamento Indesejado

capítulo 17

Diana*

Me sinto cansada, esse jantar esta sendo bem chato pra mim, achei que poderia sair sem meu marido para deixar ele irritado, mas fui eu quem acabou mais irritada, ele apareceu aqui na casa da minha irmã todo lindo e cheiroso, que me fez ficar toda hora o encarando, até saí de perto.

- o que está rolando entre você e seu marido?

- é complicado Heitor, afinal quando nos casamos nos detestamos, e nesse meio tempo ele tinha os casos dele, quando nosso casamento começou de verdade achei que as coisas seriam diferentes

- esse cara não te merece Diana.

Estou escorada no muro da pequena varanda, olhando o céu escuro cheio de pontos brilhantes, até que sinto a mão de Heitor sobre meu ombro direito.

- talvez você esteja certo

- se ele a amasse de verdade te colocaria na vida dele como a maior prioridade

- ele está pensando no bem do filho, e sei que isso é o mais importante para ele agora

- se você fosse minha mulher eu jamais a faria se sentir menosprezada

- mas ela não é, Diana é minha esposa, acho bom medir as palavras que usa para falar com ela.

Ver Alexandre na varanda faz minha raiva aumentar ainda mais, por que ele fica bancando o marido ciumento e amoroso se nem ao menos considera meus sentimentos nisso tudo.

- por enquanto

- nunca vou me separar da Diana, ela é minha mulher, entendeu?

- Diana eu vou entrar, você vem?

- vai na frente Heitor, vou logo depois.

Assim que Heitor se vai, suspiro aliviada por não ter rolado uma briga desnecessária, detesto isso.

- amor vamos voltar para casa, vamos conversar e resolver essa situação

- não a o que resolver, não quero mais dividir o mesmo teto que aquela mulher

- e o que quer que eu faça?

- agora não quero mais nada, amanhã me mudo.

Alexandre está me encarando com uma cara muito fechada, parece estar no nível máximo de raiva, mas cansei de ficar pedindo para que tire aquela mulher da nossa casa.

- você não pode estar falando serio, vai jogar nosso casamento fora só por que quero cuidar do meu filho?

- um filho que nem sabe se é seu, e outra, você poderia ter colocado ela para morar em um lugar melhor com pessoas cuidando dela, isso não te faria menos pai do bebê dela

- não joga nosso casamento fora Diana

- então faz o que estou pedindo Alexandre

- não posso

- então não me pessa mais para ficar, amanhã estou saindo de casa

- se você sair de casa eu peço o divórcio.

Minha ira é acionada, ele estava mesmo me encurralando na parede com esse tipo de chantagem? Ele sabe que se nos divorciarmos o pai dele vai processar o meu, e ele pode ser preso, mesmo sendo inocente.

- você não faria isso

- então pague para ver Diana.

Lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, quero socar a cara dele com força, como pode ser tão baixo, maldita hora que fui me apaixonar por ele.

- vou fazer questão de tornar cada dia naquela casa insuportável

- não me importo, desde que você fique ao meu lado sempre, amo você Diana

- quem ama cuida, e você só está me magoando cada vez mais Alexandre.

Sua mão pega em meu braço, mas o puxo com força me livrando de qualquer contato, sou tomada por um ódio que me faz sair pisando alto da varanda, como ele podia me ameaçar assim? Deixo Alexandre plantado, ele fez a escolha dele, e está me obrigando a permanecer junto dele.

***

Estou sentada a mesa vendo Alexandre e Victória conversarem entre si, tomo meu café tentando ignorar os dois.

- está animado para ver nosso bebe Ale?

- Victória sabe que não gosto que me chame assim

- desculpa, mas é que estou tão feliz.

A vejo esfregar a mão no braço do meu marido, beberico meu café apenas olhando toda situação, me sinto cansada disso.

- hoje vou chegar tarde, não esperem por mim para jantar

- pretende fazer o que hoje Diana?

- vou visitar uma amiga depois da faculdade

- posso saber o nome dessa amiga?

- não que seja da sua conta, mas é Renata.

Alexandre me olha com desconfiança, mas não diz mais nada, o ar está tão pesado que quero sair correndo.

Pego minha bolsa e vou para a faculdade, mas me sinto tão mau que acabo ligando para Renata e perguntando se posso ir pra casa dela mais cedo.

A mãe dela foi quem me recebeu, ela ainda não estava em casa, mas disse que eu pudesse vir que chegaria logo.

- Dona magnólia perdão por incomodar

- pare de besteiras minha querida.

A mãe de Renata é um tipo de vidente, ela lê cartas e mãos, não acredito nesse tipo de coisas, mas Renata diz que a mãe costuma acertar quase sempre.

A casa tem um cheiro forte de incenço, sem contar a decoração da sala, é de um estilo cigano, tem um tapete todo colorido enorme no chão, na parede possui um lenço enorme pendurado com desenho do olho de Horus, muitas plantas, e alguns filtros dos sonhos pendurados perto das janelas.

A mãe de Renata é uma mulher baixa, cabelos pretos, presos por uma faixa de cabelo colorida, tem um olhar gentil.

Ela nos serve uma xícara de cafe, que prontamente aceito, coloca alguns biscoitinhos amanteigados para acompanhar.

- filha sua áurea está um pouco perturbada, quer que eu leia as cartas para você?

- dona Magnólia eu não acredito nessas coisas

- então me dê suas mãos, deixe me ver sua sorte.

Ela acabou vencendo, coloco minha xícara sobre a mesa de centro e coloco minhas mãos abertas sobre as dela, suas mãos são bem quentes.

Dona Magnólia olha bem para as linhas em minhas mãos, parece um pouco séria, mas depois solta uma bela gargalhada, o que me faz ficar muito curiosa, posso não acreditar nessas coisas, mas fiquei bastante curiosa.

- o caminho não será fácil, mas se você não desanimar vai valer muito apena, você vai ser uma mãe maravilhosa.

- acha que serei feliz se continuar no meu casamento?

- acho que terá que descobrir isso, vi apenas você cuidando de um lindo bebê, e um homem alto e forte ao seu lado, mas não pude ver seu rosto, sei que ele te fará muito feliz

- meu esposo vai ter um filho, mas não comigo, e isso tudo virou nossa vida de cabeça para baixo.

Começo a chorar e dona Magnólia me abraça, acho que eu estava precisando de um colo de mãe, estava sentindo falta da minha.