Capítulo 118

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POV CLARA

Uma semana depois da morte de Henry, eu finalmente encontro forças para voltar à universidade. Cada passo que dou em direção ao campus parece mais pesado do que nunca. O mundo ao meu redor parece embaçado, como se estivesse visto através de um véu de tristeza e choque.

Lembro-me de todas as vezes que Henry me acompanhava até aqui, a forma como ele me animava quando eu estava estressada com os estudos.

À medida que me aproximo do campus, as lembranças inundam minha mente. Vejo Henry sorrindo, com aqueles olhos brilhantes e um senso de humor único que sempre conseguia me fazer rir, não importava o quão difícil estivesse sendo o dia.

Lembro-me das vezes em que ficávamos até tarde na biblioteca, estudando para os mesmos exames. Ele era mais do que um amigo; era meu confidente, meu apoio inabalável.

À medida que me aproximo do prédio principal da universidade, noto um grupo de pessoas se reunindo em torno de algo. Minha curiosidade aumenta, e eu me aproximo para ver o que está acontecendo.

O que vejo deixa meu coração pesado e os olhos cheios de lágrimas. No centro do grupo, há um memorial improvisado para Henry.

Há fotos dele, sorrindo e espalhadas sobre uma mesa coberta com flores e velas. Uma faixa com a mensagem "Em memória de Henry Royal, 2002-2023" está pendurada por cima. As pessoas estão olhando as fotos com expressões tristes. Meu coração se aperta ainda mais ao perceber que Henry não está mais aqui.

Enquanto observo o memorial, uma lágrima escapa dos meus olhos e desliza silenciosamente pelo meu rosto. Sinto um vazio profundo onde antes havia a presença alegre de Henry. Tanta coisa mudou em apenas uma semana, e a dor da perda é insuportável.

Nesse momento, enquanto minhas emoções ameaçam me dominar, vejo alguém mais à frente, de costas para mim, também olhando o memorial. Um arrepio percorre minha espinha quando percebo que é o Dylan. Ele está lá, parado como uma estátua. Não posso deixar de imaginar a dor que ele deve estar sentindo. Perder um irmão é uma dor que só ele pode compreender completamente.

Respiro fundo e, com um nó na garganta, começo a me aproximar dele. Não tenho certeza do que vou dizer, mas sei que estar ao lado dele neste momento é importante. Afinal, Henry era uma parte importante da minha vida também.

Quando chego perto o suficiente, coloco uma mão hesitante em seu ombro. Ele se vira, e nossos olhos se encontram, compartilhando uma tristeza mútua que não precisa de palavras.

— Oi, Dylan... — minha voz sai como um sussurro.

Ele olha para mim, friamente. Seus olhos estão opacos e vazios, refletindo uma dor profunda que parece impossível de ser consolada. Seu rosto está pálido, marcado por noites sem sono e sofrimento indescritível.

Ele segura algo em sua mão, algo que brilha suavemente à luz das velas do memorial. É um anel de ouro, um objeto tão pequeno, mas que carrega um peso imenso de significado. Um anel que Henry costumava usar, dado a ele por seu avô antes de morrer. Dylan não diz uma palavra, mas seu olhar fixo no anel de ouro é eloquente. É como se aquele pequeno objeto fosse a última ligação tangível com seu irmão. Eu posso sentir a dor e a solidão que o envolvem enquanto ele segura o anel com tanta firmeza que seus dedos ficam brancos.

— Dylan...

Ele não responde, mas há um tremor sutil em seus lábios, um sinal de que as emoções estão à flor da pele, prontas para explodir a qualquer momento. A distância que ele mantém entre nós parece intransponível, como se estivesse em um mundo separado pela dor. Olhando para o anel nas mãos dele, eu me pergunto o que ele está pensando, o que está passando pela sua mente. Ele foi o mais afetado por essa tragédia, perdendo não apenas um irmão, mas também um companheiro de vida.

O Professor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora