Capítulo 10

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Saindo de entre chamas que brotaram no chão e subiram pelo ar, um homem adornado por uma armadura do que parecia ser pura lava protegendo seu peitoral pernas e parte dos braços com uma espécie de manto, como se feito de chamas amarelas que caiam de suas costas. O brilho das chamas refletia em sua pele escura marcando os músculos que se precipitavam de seu corpo junto a pequenos veios como de lava incandescente que o percorriam. Destoando de tudo o mais, em seu braço esquerdo, símbolos dourados nasciam de seus dedos e subiam até o antebraço. De imediato, pode sentir os cinco demônios maiores que o rodeavam e a frente o quarto duque do Inferno que cessava o ataque contra Namelles.

_ Contando mentiras por aí, se fosse você quem me atacara ambos sabemos que já não estaria em seu trono, Arstaroth. Provavelmente estaria em algum abismo tentando arrancar energia o bastante para ao menos voltar a ser um dos lacaios de vocês caídos.

Voltando ao chão, o Duque observou o pequeno humano. Em seu braço era possível ver uma pequena parte da antiga armadura Aurea. Seus olhos tremeram momentaneamente e ele teve medo.

_ Não vai falar nada?

_ Vrafel, eu a mato se aproximar. – A voz gutural do demônio pareceu se acender em ira.

_ Covarde. Vamos ver então. – Enquanto falava, uma espécie de cobertor de chamas cobriu o corpo caído da Princesa. – Ahh, eu acho que você não vai conseguir.

Olhando em volta, o demônio fez um gesto e no instante seguinte os cinco demônios que observavam avançaram contra Vrafel que fez surgir em sua volta uma bolha de fogo que ricocheteou contra eles. Na sequência a energia se desfez e uma espada feita de lava e chamas surgiu em sua mão enquanto ele a girava aparando o ataque de um dos demônios que já se recompunha. Voltando a espada para o lado, aparou a lâmina de outro dos demônios e com um giro os lançou ao chão. Outros apareceram e novamente ele voltou a espada aparando esse e os próximos ataques que vieram de cinco direções. Após mais alguns segundos, o humano ganhando espaço entre os cinco demônios cravou sua espada no chão e viu irromper da arma uma onda de chamas que correram em todas as direções lançando todos os cinco demônios ao chão enquanto fagulhas consumiam suas carnes.

Deixando os de lado enquanto as chamas corroíam seus corpos e energia, Vrafel se voltou para a direção de Namelles que ainda se mantinha coberta pelo escudo de chamas. Já não havia sinal do quarto duque, Arstaroth fugira.

Tomando o corpo inerte da princesa nos braços, já descoberto do cobertor de energia, sentiu quando Kariel e Hack surgiram de dentro da mata.

_ Era uma armadilha. – Avançando, Kariel se aproximou sem se importar com ele e tocou na face de Namelles. – Trevas, eles conjuraram trevas na terra. O declínio está mais eminente do que pensava. Ande, temos de levá-la, precisamos extrair a energia antes que ela se perca. Pode nos tirar daqui, estou certo?

Sem que respondesse, Vrafel adiantou alguns passos e parando viu surgir de seus pés uma fina faixa do que se parecia lava incandescente que se adiantou por alguns metros até subir do chão e se tornar uma redoma de fogo. Avançando alguns passos adentrou no portal, seguido por Kariel e o imenso animal.

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À primeira vista, adentrar um vórtice é sempre como utilizar alguma droga que embaralha todos os sentidos e te joga para todos os lados. Isso dura um único segundo em que seu corpo se dobra e atravessa o fino véu que sobrepõe as dimensões. De repente você está do outro lado e tudo para de girar, nesse momento que a maioria vomita, como acontecia com Kille. Seu corpo ainda passava a sensação de estar se separando e foi incontrolável não colocar toda a refeição anterior para fora. Quando se controlou percebeu suas mãos contra uma pedra fria e lisa que parecia se encaixar com outras formando uma fina estrada entre uma imponente floresta. A sua frente, sua mãe o observava, sua verdadeira forma ainda se mantinha e seu brilho junto ao balançar de suas asas parecia iluminar o caminho. Além dela, o Conciliuns parecia observa-los, sua forma ora visível como um espectro dourado, ora cortado por raios que pareciam atravessar o seu corpo invisível, exceto pelo brilho ainda mais dourado em sua mão esquerda, como uma luva feita de marcas que cobriam os seus dedos e subiam até o seu antebraço.

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