Capítulo 24

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Em uma dimensão, tão distante quanto se possa imaginar, mas tão próxima que não podíamos a tocar, onde todo um mundo era regido por sons e uma incrível sincronia, onde mesmo os minúsculos átomos se tornavam gigantes, uma raça, criada no terceiro dia, regia sua incrível sinfonia, seres que se pudéssemos ver os retrataríamos como pontos de pura energia. Uma raça tão numerosa que tal número nem poderia ser dito, ocupando todo o cosmos com sua mente coletiva como a mais perfeita ramificação. Entoruns, como seria pronunciado o nome dessa raça pelas nossas linguagens, seres criados para reger a constante música do Cosmos, a vibração que transformara o que antes era energia em matéria. A vibração que agora e desde o terceiro tempo manteve cada pequena peça de cada universo e toda a sua matéria em equilíbrio. 

Carregavam dentro de si, na mente coletiva que compartilhavam, o conhecimento de cada nota do universo e em contrapartida, viviam além do tempo, em um limiar entre o ontem e o hoje. Suas ações, permitem o comportamento de toda a matéria entre o espaço e o tempo. Como um livro que vinha sendo escrito, eles acompanhavam a tudo, reproduzindo o que seria feito na sequência, a eles era permitido visualizar o momento seguinte, mas de uma forma que esse momento é tão curto, que não poderíamos descrevê-lo.

Dentre eles, a um, aquele que foi identificado como o mais fraco, foi dada uma missão, seu povo, tamanho poder possuía, que por gerações de novos descendentes foram arraigando a fonte de sua magia de forma a reduzi-la até o ponto em que aquele novo descendente nasceu. Seus poderes, já tão reduzidos que ele não pode nem mesmo se conectar a mente coletiva de sua raça, mas ainda assim, forte o bastante para manter a ordem das pequenas coisas do Cosmos.

Sem que pudesse absorver o conhecimento de seu povo, tudo lhe teve que ser ensinado, pela primeira vez, a terceira raça ganhara uma criança. Ele cresceu, assim o controle de seus dons, mas ainda mais, de alguma forma que ele não conseguisse explicar ou mesmo fazer com que seu povo entenda, seu fascínio pelos mundos menores. Aquilo não era proprio de sua raça, nenhum outro jamais sentira aquilo, que como eles sabiam fora criado apenas para os filhos do sexto tempo. Mas nenhum deles também já esteve fora da mente coletiva. Ali isolado, enquanto coletava o que lhe era ensinado por seu povo, ele passara a também observar as notas que aqueles escolhidos entre seu povo soltavam nos mundos abaixo, um em particular. Ao olhar em determinado ponto para a sexta raça, ele parara, ali algo o prendeu, a vida daqueles que portavam o mais precioso dos dons dados em toda a Criação. Observando, ali ele também passara a coletar informações e em sua mente sozinho, em sua energia, ele passara a tocar a reproduzir as mesmas notas que seu povo tocava na mente dessa raça. Sem que percebesse, ele começara a reproduzir sentimentos e uma vez feitos, mantê-los consigo. Enquanto mais era descoberto, começara a se afastar de sua raça, algo incompreendido para eles, mas que se encaixava nos ensinamentos dados pelo Criador a eles ao fim do terceiro dia.

Com o interesse, veio a ele uma nova forma, vibrando, deu a seu corpo uma fisionomia lembrando a dos Homens, mas sem pele, e com exceção do cristal, de múltiplas facetas coloridas que existia onde ficaria o peito da sexta raça, somente uma espécie de gás semi transparente que parecia rescindir em determinados pontos, cobrindo onde existiria um corpo, era notado. A casca que guardava o cristal e dava a seu novo corpo a fisionomia dos membros da sexta raça, contendo o gás, era como uma série de anéis que partiam do centro de suas costas, atrás do cristal, em tons prateados e seguiam de forma reta até onde existiriam as curvas de seu corpo, as contornando perfeitamente no formato do corpo e voltando já na sua frente na direção do peito, mas sem que se fechasse, deixando a sensação de que o cristal ficava preso dentro dele. 

Ele gostara daquilo, fora feito para lembrar a um Humano, mas era um símbolo de seu povo, uma lembrança para que não os esquecesse jamais, Ali já não era o seu lugar, não mais.


No passado, fora após este momento que um membro da terceira raça deixara o seu mundo e chegou à terra. Agora que milênios se passaram desde que ali aportara, vivera e experimentara coisas que ele nem pode descrever a seu povo quando retornou, ele voltava a se preparar. A muito que partira da terra de volta a seu mundo, mas naquele momento, todo aquele tempo se espichava, nunca mais compreendera o tempo como a seu povo desde que pisara na terra.

Sentado, ainda recordando a energia utilizada pelo seu povo para produzir nos mundos a abertura do sexto selo, recordou um momento anterior a sua primeira partida, um dos seus lhe ensinara uma palavra profunda e antiga, ele a adotara para si como seu nome, algo que antes nunca fora pensado em seu mundo. Dosthamnus. Ali, ele sentia agora sua vibração, ela cresceu, tanto e tanto que as próprias barreiras de seu mundo o conduziram para os mundos abaixo.

De imediato, ele saiu do outro lado. Com o cristal brilhando e refletindo contra o metal dos anéis que o envolviam, ele planou pelo espaço, a sua volta, estrelas incontáveis, nebulosas, buracos negros, objetos tão distantes que chegavam a desaparecer preenchiam toda a sua volta, ali ele voltava a sentir como tudo era grande. Naquele momento, fechou os olhos e apenas sentiu, toda a vibração que reverberava contra ele, acontecimentos que uma vez interpretados por sua energia se formavam em sua mente.

Por muito ele ficou ali, observando a dança do universo, mas então algo o despertou, não uma vibração, mas a ausência dela, como se a energia que aquele ser produzisse fosse levada para alguma dimensão ainda mais profunda do que a de onde ele viera.

Pela ausência dela, ele observou os rastros que a envolviam, sem nunca poder observá-lo diretamente, acompanhou toda uma vida até o momento em que a energia já chegara até aquele momento. 

Apenas algumas horas se passaram nesse processo, e quando voltou a abrir os olhos, foi para ver seu corpo vibrar gerando uma onda de energia pouco mais luminosa que a sua própria. Uma vez coberto, sentiu os gases a sua volta sendo rasgados enquanto seu corpo era lançado para frente. Com tudo a sua vista assumindo uma espécie de rastro de luz, quase um borrão, seu corpo permaneceu ganhando velocidade até que tudo a sua volta pareceu parar. Os átomos simplesmente se abriam a sua frente, como se dando passagem a ele, ali sua existência atingira uma forma de pura luz.

A sua frente, já não existiam borrões, o universo agora parecia estático enquanto ele avançava sobre ele sem resistência dos átomos que pareciam ignorá-lo. Concentrando ainda mais energia, pode visualizar sua visão sendo preenchida pelo salpicado brilho dos fótons que avançavam como ele em uma espécie de túnel magico.

Um pensamento preenchia suas ideias naquele momento. Por eras buscara aquela ausência de vibração que um dia chamara a sua atenção. Por muito cogitou que ele realmente se fora, mas agora que o sexto selo fora aberto rompendo as barreiras entre os mundos, lá estava ele.

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