Capítulo 25

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Saindo de entre as arvores, Apollyom caminhou para o centro da clareira, a frente pode ver cada detalhe do Requiem que parecia o ignorar.

_ De todos, eu jamais imaginaria que você viria. Não imagina o quão surpreso você me faz ao vir aqui.

_ Não tenho tempo para você. - Sem se virar, o Requiem elevou sua voz até a mente de Apollyom.

_ Não, claro que não tem. Só está aqui por ele. - Enfurecido, Apollyom avançou em extrema velocidade para cima do Requiem. Enquanto avançava, ainda que extremamente rápido, não o viu se mover, mas quando estava prestes a toca-lo apenas sentiu a energia o erguendo.

Em um tempo inferior ao alcançado por Apollyom, Attom se virou, para si de forma lenta, a sua frente o corpo parado prestes a golpeá-lo. Com uma de suas mãos apenas afastou o punho envolto em energia que parecia se aproximar quase em camera lenta, com a outra mão, fez o mesmo com o outro braço mais distante de seu oponente, e então levou as mãos até a região do pescoço de Apollyom, sem que o tocasse, viu quando o corpo se ergueu. 


Aos poucos Apollyom se percebeu suspenso, seus braços ou pernas não o respondiam e ele pode sentir sua energia o deixando, com os olhos pode ver correndo de si para as mãos do Requiem, uma energia luminosa, clara como plasma, a sua energia. Suas forças iam de alguma forma se reduzindo, ali ele teve medo.

_ PARE COM ISSO, NÃO. Eu o peço, pare. -  Se formando logo atrás de ambos, Caim aflorou acima do solo envolto em energia. Sua fala soou desesperada, confusa e em dor. - Não o machuque mais.

Movendo o olhar para além de Apollyom, o Requiem percebeu a dor no humano. Ele já o tinha sentido quando chegou a pouco, sentira até mesmo quando ele fora liberto por Abel.

Tocando o rosto preso entre suas mãos, Attom viu a energia que antes corria até seu cotovelo retornar para seu dono e então ele despencar no chão. Voltando alguns passos, retornou até junto do corpo adormecido do garoto.


Conforme suas forças retornavam, Apollyom foi se pondo de pé, a sua frente percebeu o corpo em espasmos de Caim o fitando, seus olhos esbugalhados. Deixou sua visão ali absorvendo cada detalhe e então a voltou para as costas, ali parado o observando, o sétimo dos capitães.

_ Eu o procurei por eras, dediquei minha vida, desde que... Eu procurei em cada recôndito. - Lagrimas caiam de sua face enfurecida, sua fala revelando toda a sua dor. - Um dos arquitetos, quem mais poderia me dizer porque eu fui criado, COMO, EU PUDE NASCES DAS TREVAS. Como o meu pai e a ela, sendo ainda mais abraçada pela total Escuridão puderam me gerar. - Voltando a face para Caim ao lado contrário, prosseguiu. - Como vocês puderam gerar tal aberração, me criar, um ser condenado. Eu nem mesmo tive chance, eu nunca poderia, não é?

_ Nós. Eu, eu não sei. - Caim foi se encolhendo enquanto a energia roxa que o envolvia como um campo magnético que ia se enfraquecendo em tons, desaparecia. Seus pés sentiram as folhas se partindo, amassando com o seu contato, o musgo fofo sob as raízes saltadas para fora, seu interior pulsando vida, e então a terra, os pequenos grãos se afastando conforme descia, a pressão sobre sua própria pele. Desestabilizado ele caiu com as pernas moles, antes que fosse de total encontro ao chão, se estabilizou com as palmas das mãos abertas, ali sentiu a terra. De joelhos sentiu toda a vida vegetal abaixo e acima de si, sentiu os animais a quilômetros, as diferentes energias e partículas o atravessando. Em excitação ergueu a face, seus olhos recebendo o brilho do Cosmos distante, sua vida inflando de seu coração, o calor correndo sobre cada célula. Ele estava de volta, ali se dava conta, não era um sonho, era real. 

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