Capítulo 13

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O som veio sorrateiro em seus ouvidos, por um momento ainda acreditou estar sonhando, mas a constância dos movimentos acabou o incomodando.

Abrindo os olhos viu a claridade do que se pareciam estrelas bater em seus olhos que os refletiram como veios de luz, na sequência o mundo girou, seu corpo ainda pesava e seus sentidos pareciam flutuar deslocados.

Em silêncio sentiu a cabeça latejar a cada novo arrastar de passos. Lá fora, soldados de seu próprio exercito o cercavam para prendê-lo.

_ Até que enfim me encontraram. – Sua voz soou grogue enquanto ele tentava se erguer, sem algum sucesso. – Merda, eu estou muito doido. – Enquanto tentava retomar seus sentidos, não percebeu as mãos que o ergueram enquanto um outro de seu povo adentrava a clareira em que estava. Erguendo a cabeça ele o viu bem, seu límpido rosto brilhava como um cristal transparente, o mesmo cristal que parecia formar o seu corpo, com exceção do centro do seu peito onde uma espécie de energia branca parecia arder como se queimasse, círculos dourados como de ouro ainda rodeavam a energia, como os anéis de elétrons orbitando um átomo, uma capa roxa caia pelas costas da criatura, mostrando ser a unica peça de roupa que usavam. Suas feições lembravam a dos homens, mas eles não possuíam características ou detalhes que os diferenciassem, eram idênticos por fora, feitos do mesmo cristal e preenchidos com a energia que corria na grande arvore que crescia no centro de seu mundo. Um mundo criado para proteger a chave da vida, o lar da quinta raça, os Hanieh.

O céu além da clareira era preenchido por uma nuvem colorida de poeira cósmica, por alguns momentos ela abria uma abertura dando visão para as inúmeras estrelas que brilhavam além, um reflexo dos sete mundos para quais os sete rios que brotavam da árvore corriam e deles para os mundos além onde novas raças nasceram ao longo das eras como resultado dos cruzamentos e mutações realizadas por ambas as espécies originais.

_ Você não me parece em seu melhor estado.

A voz o despertou e ele se deu conta de quem estava a sua frente.

_ Veio pessoalmente, uau, parece que eu fiz algo grande dessa vez, que foi em? – Tentando se desvencilhar dos dois soldados que o seguravam, ele despencou no chão e então sentiu sua consciência esvair.



Lá estava ele novamente, flutuando além de seu corpo na energia que a Água da Vida emana, embora a Água fortalecesse os membros de sua raça que a consumiam de forma a se conectar com os mundos e se abrir a energia de toda a criação, ela agia como uma droga para seus corpos físicos e sem controle poderia consumi-los até a loucura.

Quando abriu os olhos novamente, se sentiu deslocado nas paredes brancas que o cercavam, se erguendo percebeu que seus sentidos já retornavam e ele já conseguia se manter em pé. Além, viu um feixe de luz e se dirigindo a ele saiu em uma varanda de um imenso e pálido castelo que nascia no centro de uma cidade circular. De todos os lados, torres de cristal se erguiam parecendo refletir o espetáculo que corria naquele céu.

Aquela era uma dimensão curiosa, seu mundo crescia como uma ilha plana que flutuava dentro de uma espécie de nebulosa multicolorida que brilhava como nuvens no horizonte escondendo toda a imensidão de estrelas além. Estas eram apenas reflexos de todos os outros mundos, além daquelas nuvens, aquele mundo se acabava, se fechando como dentro de uma esfera que os mantinha protegidos e longe de todas as outras raças.

Daquele mundo brotara a vida, após o criador idealizá-la. No quinto tempo da Criação, o criador fez surgir em um espaço em que apenas ele conhecia a Arvore da Vida, gigantesca com seus galhos transparentes e límpidos como toda ela. Aquela seria a visão caso pudéssemos derreter o próprio diamante. Logo que ela fora feita, a terra brotou de seus pés formando uma gigantesca ilha que flutuava por aquele espaço.

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