Capítulo 20

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Em uma seção do majestoso palácio Atlante, situado no subsolo, bem abaixo de todas salas e corredores, imperceptível a todo o mundo além, sob grandiosas colunas de puro cristal, translúcido como gelo cobrindo todo o teto com um reflexo perfeito do imponente lago de águas tão límpidas que não fossem pelas pequenas ondas formadas pela brisa que soprava do teto aquecido pela energia irradiante, seriam invisíveis. Trancado dentro daquele mundo, um pedaço remanescente na Terra de um dos rios do proprio Edén.

Sob olhos humanos, aquela seria uma bela visão, mas quem a observava naquele momento podia enxergar muito além. As águas brilhavam com infinitos pontos azuis que assumiam formas como a de cometas cruzando a luminescência das águas.

Aquele era um lugar sagrado, um templo preso entre as membranas dimensionais que separavam a propria Atlantida da terra, uma dimensão entre as dimensões, distante dos homens e atlantes que o conheciam apenas pelas lendas antigas, histórias que contavam sobre a origem de seu povo, histórias que falavam que aquelas águas tinham escorrido do próprio Eden, histórias que contavam que quando Lucifer se rebelou e ouve guerra no Céu, muita energia remanescente das batalhas foi atirada pelo espelho dimensional onde o Eden existiu, os atlantes acreditavam que nesse momento, alguma energia atingira aquele mundo flutuante, fazendo com que aquelas águas espirrassem para além da ilha atravessando para o grande vazio do Universo. Ela teria vagado se unindo a mais da energia dispersada na luta até se unir a uma densa e longa nuvem de gazes que mais tarde se ascendeu como o lar da Sexta Raça. 

Ainda existiam aquelas que diziam que o lago era o real motivo dos Anjos terem tocado a raça Atlante com suas Luzes, a criando. Foram como nômades fugindo da guerra que um antigo povo aportou na ilha quando o mundo era outro e os descendentes de Caim começavam o seu domínio sobre a antiga terra caçando e exterminando os últimos descendentes de Seth. 

Parado ali, Hantyel, o quinto dos Capitães, da raça Hanhieh, vibrava em mesma frequência que o lago, sua mente parecia flutuar em seu meio conduzida pelos feixes de luzes que lembravam sinapses no cérebro. Alí, pode sentir a calma e a tranquilidade que a milênios buscara.


Após deixar Vrafel ainda mais acima nas profundezas do palácio Atlante, sentiu nos corredores a vibração que o conduziu por entre escadarias que nasciam na rocha a sua frente. Aquela não era a primeira vez que fora levado até o Lago, assim se permitiu ser conduzido até as suas margens. No passado, em um tempo em que se via jovem e embebido de paixão, uma paixão ardente que seu lado humano lhe dera. Ahhh, ele era parte humano, o último de uma linhagem que retornava a alguns de seu povo que decidiram lutar pela sexta raça quando os Caídos despencaram na recém formada Terra, uma época anterior até mesmo aos  oceanos que agora rodeavam a ilha. Escorrendo pelo sexto rio, aqueles que partiram como heróis aportaram na terra guerreando junto a outras raças contra aqueles que no passado foram um terço dos Anjos do Céu, já sem a luz, mas embebidos de Trevas, arrastaram uma guerra que perdurou até a quase extinção dos Humanos.


Se aproximando um pouco, pode perceber seu reflexo nas águas, a forma de um Hanhieh, um manto roxo envolvendo o cristal de seu peito. Desde que partira em seu luto, aquela fora a sua aparência, mas ali parado a encarando, se recordou de como era a sua real forma, sentiu saudade naquele momento, saudade de tudo, todo o passado do qual fugira, seu irmão, seu pai.

_ Todos se foram, até mesmo eu. - O som soou baixo, quase solene. 

Quando os primeiros de seu povo vieram a terra, eles foram tocados por humanos, se envolvendo na carne geraram filhos, ali nasceu uma nova raça, versada de reflexos da alma que lhes permitiam sentir como os humanos e detentores da energia da vida que escorria da grande arvore que crescia no antigo lar de seu povo. 

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