Como a milênios não se via, os salões da antiga Atlântida voltavam a sentir a energia de tantas raças em seu entorno.
Assustado, um garotinho tentava entender o que acontecia a sua volta, percebia os olhos de curiosidade e medo, receios do que ele mesmo poderia realizar. Existiam alguns que transmitiam paz, mas em nenhum desses estavam os de sua mãe, ela estava ali no salão, em um canto além de Fertylla que o fitava com um sorriso, esse era acolhedor e quente como se transcorresse com si alguma energia que o inebriava.
_..roto? Garoto?
Assustado ele voltou o olhar para frente. O homem de armadura verde que se assentava no trono falava algo com ele.
_ Sou Fentyya, Senhor de Atlântida. Você está seguro agora, se sente bem?
Um aceno em sinal positivo foi tudo o que ele conseguiu fazer.
_ Talvez queira descansar. Tudo o que tem visto pode ser confuso e parecer aterrador para você.
_ Não quero descansar. – Com uma voz tremida o garoto tentou se impor, era nítido o quanto estava com medo, mas também se via motivação. – Eu quero saber tudo, eu sei quem sou, sempre vi em meus sonhos, e sei que, que se eu retornei, é porque já não temos tempo. Minha alma é mais velha que a de vocês, Atlantes.
_ Ótimo, então você fica. – Se erguendo com um curto sorriso, Fentyya acenou para alguns soldados que se postavam nos cantos das enormes portas de prata, estes logo se afastaram por elas, as lacrando na saída.
O silêncio se prolongou pelo salão após a saída dos guardas, como se todos sentissem o peso que aquela reunião significava. Até que as portas que davam para o exterior começaram a ressoar, como se alguém batesse nelas. As mesmas logo se escancararam por um ser e alguns soldados que tentavam o parar.
A frente das portas abertas, a luz refletiu contra a pele do estranho, como se feita de algum cristal, ainda que em seu interior fosse possível ver uma espécie de energia brilhante rodeada por compridos anéis dourados. Os soldados pararam de lançar seus poderes ao perceberem que eles refletiam na pele brilhante do ser e agora partiam para a força bruta tentando o segurar, ele simplesmente os arrastou pelas portas parando um pouco atrás do grupo que contornava a sala o observando.
_ Que tal mandar eles me soltarem. – Sua voz parecia cansada, mas sua expressão lembrava um sorriso.
_ Deixem-no. Podem deixa-lo.
Sem hesitar, os guardas o soltaram e se afastaram lacrando novamente as portas.
_ Fertylla, acredito que esse Hanhieh seja de sua responsabilidade.
A primeira dos capitães parecia se divertir com a cena.
_ Não se preocupe, no estado atual Hantyel pouco pode fazer. Agora, que tal irmos direto ao que viemos tratar, esperava estar junto a Princesa Namelles mas dada a sua situação, não podemos aguardar a sua melhora. – Se adiantando, todos se afastaram enquanto ela caminhava para o centro do salão, com uma volta, observou todos os rostos e voltou a falar. – A uma noite, os humanos romperam a energia Concilian que corre entre os mundos formando as diferentes dimensões. Os Conciliuns que regem essa energia já nos confirmaram que a abertura não pode ser selada, pelo contrário ela está se expandindo. O Sexto Selo foi aberto.
_ Então a guerra enfim começou...
_ Isso não é tudo. – Com um tom solene, Fertylla cortou as conversas que se espalharam após a sua fala. Preocupados todos voltaram sua atenção. – Assim que o véu foi rasgado, o mau penetrou no mundo na forma das trevas, por isso um demônio pode as conjurar na Terra.
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PRINCIPIUM
General FictionAs bombas caiam de forma sincronizada. Para aqueles distantes das grandes cidades, foi uma bela visão, uma daquelas que sempre nos arranca o fôlego ao lembrar. Para aqueles que ardiam em chamas, o Inferno se tornava real. Os gritos vinham de todos...