Capítulo 22

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_ ... como vai ser?

_ O que? - O Anjo foi desperto pela voz do Atlante recostado ao fundo, o Sol do fim da tarde iluminava sua pele parda acrescentando um leve brilho as runas de poder que corriam em seus braços, além deles os símbolos se escondiam dentro da armadura de liga Atlantida que revestia o corpo. - O que disse?

_ Como vai ser? Digo, quando nós Humanos, morremos. - Seu rosto revelava o medo, as contrações e palpitações de seu corpo se elevando conforme a noite aproximava.

Além, o rugido do vento se erguia para além do alto muro, ali sob os olhos do Atlante observou o tapete verde de arvores que tomava o horizonte até se encontrar com o céu pintado em tons alaranjados. Parte do sol agora tocava o horizonte enquanto lançava sua última luz do dia. Era essa mesma luz que rescindia sobre as penas avermelhadas, como se metálicas, que formavam o grande par de asas as suas costas. Rescindindo parte da luz que as alcançava elas criavam uma espécie de aura em seu entorno, barravam partículas diferentes daquelas que os alimentava. Uma fina barba se encontrava com o seu cabelo que fora jogado para trás em um rabo de cavalo, sua pele parda, como a do Atlante, não trazia símbolos e os únicos adereços que portava eram os braceletes que brilhavam em mesmo tom que as asas e uma simples armadura de couro que lhe cobria.

_ Hoje não é o dia de sua morte, estarei ao seu lado quando a luta começar.

_ Não é isso, ou talvez sim, é só que, é o fim, mesmo se vencermos aqui, é o fim, o verdadeiro fim. A própria Escuridão está entrando no Universo agora, sabemos o que isso significa, se ele ainda não conseguiu falta muito, muito pouco. E sim, eu também posso morrer, eu não estou pronto eu nem sei... Tento ter esperança, mas é difícil quando até os seus irmãos estão partindo.

_ Eu não sei! - O Anjo o cortou enquanto se aproximava, ali o viu por um instante como quando criança. - Não nos foi revelado esse mistério.  - Seus olhos varreram o horizonte por um momento. - Existe um ponto no Céu onde não podemos alcançar, além do Terceiro Céu, ainda depois da dimensão de luz, é para lá que vão ser levados.

_ Então sem Anjos?

_ Bem... Não, existe uma Casta. - Os Anjos foram formados ainda no limiar inicial do Primeiro Tempo, forjados em grandes estrelas peroladas, seres capazes de domar a própria ordem do Caos, viam cada novo instante como em um processamento que compreendia cada instante anterior mais aquele novo, tudo o que já viram e sentiram, desde sua criação até o momento presente, cada conexão se unindo a outra em uma resposta instantânea. Naquele momento aquele Anjo perpassava em sua mente tudo o que sabia sobre o Renascimento da Alma já no Segundo Céu, não possuíam a curiosidade dos humanos nem lhes era natural as emoções, os sentimentos ou a lógica como a enxergamos. - Já parou pra pensar em toda a extensão da Criação?  - Sua voz se transformando em um sussurro. - Cada detalhe, tantas possibilidades, olhe para cima, todo o Universo, vasto e grandioso, desafiando até mesmo a nossa compreensão de tamanho. Cada pedacinho, planejado e encaixado em seu devido lugar pelo Criador. Eu diria que vão Encontrá-lo do outro lado, encontra-lo em sua casa, como um Pai ansioso por seus filhos. Sei que compreende isso.

Erguendo os olhos para um ponto do céu distante, o Atlante pode ver a luz se transformando e a própria vastidão se tornando escura enquanto pequenos pontos de luz pareciam se revelar, estrelas distantes antes ocultas pela claridade da mais próxima.

_ Quando foram transformados ganharam o acesso a nossos dons, mas muito de sua espécie se ocultou como resultado, é uma pena. - Se pondo ao lado do Atlante, viu o sol na faixa da muralha que avançava a frente, se escondia no horizonte, como a noite, a guerra breve os alcançaria. - Os Humanos... são tão, fascinantes, toda a forma como veem, como são, as invenções, os passos, eles, eles realmente estão vivos, Se pudesse os ver como eu os vejo.

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